Preços do óleo de palma devem subir no curto prazo por incertezas sobre políticas na Indonésia

Por Bernadette Christina

NUSA DUA, Indonésia (Reuters) - Os preços do óleo de palma devem aumentar nos próximos meses devido a incertezas decorrentes das políticas de desapropriação de terras e de um plano de mistura de biodiesel da Indonésia, maior produtora mundial, disseram importantes analistas do setor nesta sexta-feira.

O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, lançou uma ofensiva contra o setor de óleo de palma e colocou cerca de 5 milhões de hectares de plantações sob escrutínio, dos quais cerca de 3,7 milhões de hectares foram confiscados pelas autoridades.

A expectativa é de a medida prejudique a produtividade, embora os analistas divirjam quanto à gravidade do impacto sobre a produção.

O contrato de referência do óleo de palma da Malásia pode chegar a 5.000 ringgit (US$1.183,71) por tonelada nos próximos seis meses, disse Thomas Mielke, diretor executivo da Oil World, empresa de previsão sediada em Hamburgo, em uma conferência do setor em Bali, na Indonésia.

Dorab Mistry, diretor da empresa indiana de bens de consumo Godrej International, disse na mesma conferência que os futuros da Malásia poderiam chegar a 5.500 ringgit por tonelada entre janeiro e março, se a Indonésia continuar a confiscar plantações e a falar sobre a implementação do B50.

O índice de referência fechou em 4.125 ringgit nesta sexta-feira.

A política de desapropriação de terras da Indonésia afetará o investimento em fertilização e cultivo da terra, disseram os analistas.

"É por isso que a produção começará a cair a partir do segundo ou terceiro mês. E isso é algo que devemos ter em mente", disse Mistry, que ainda prevê uma produção ligeiramente melhor da Indonésia na temporada 2025/26.

Ele espera que a produção comece a ser afetada a partir de meados de 2026.

A pressão dessa medida da Indonésia se somou ao declínio motivado pelo envelhecimento das árvores e lento replantio, disse ele, que espera que a produção de óleo de palma da Indonésia diminua em 2026 para 49 milhões de toneladas, em comparação com 49,4 milhões de toneladas este ano.

Ele também previu que o declínio continuará em 2027.

A Associação de Óleo de Palma da Indonésia (GAPKI), no entanto, estimou um aumento de 3% a 4% na produção em 2026 devido ao clima favorável e a algumas árvores recém-colhidas, disse o dirigente Fadhil Hasan, apontando também preocupações com as desapropriações.

"É preciso haver uma fiscalização equilibrada... para que o impacto sobre a produção seja moderado e temporário", disse Fadhil.

EXPANSÃO DO BIODIESEL

O plano da Indonésia de aumentar a mistura obrigatória de biodiesel para 50% no segundo semestre do próximo ano também é um fator importante que afetaria os preços devido à menor porção disponível para exportação.

O plano pode exigir um adicional de 2,2 milhões de toneladas de óleo de palma para produzir biodiesel, disse Mielke.

A GAPKI está considerando alguns cenários de implementação do mandato do biodiesel e seu impacto no consumo de óleo de palma e na arrecadação de impostos para financiar o programa.

"Independentemente da política que o governo escolher, acho que a taxa de exportação será ajustada, será aumentada", disse Fadhil, devido ao aumento da diferença de preço entre a matéria-prima do óleo de palma e o diesel.

A Indonésia cobra impostos sobre as exportações de óleo de palma para subsidiar seu programa de biodiesel.

Uma mistura com maior teor de biocombustível pode exigir um aumento de até 7,5% no tributo, disse o analista da Glenauk Economics, Julian McGill.

(Reportagem de Bernadette Christina Munthe)