Uma vida que fez diferença para a humanidade
O agrônomo e pesquisador Norman Borlaug, conhecido como o “Pai da Revolução Verde”, faleceu sábado, no Texas, aos 95 anos de idade. Em 1970, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu papel no combate à fome, ajudando a salvar centenas de milhões de vidas no mundo. Em 2007 foi agraciado com a Medalha de Ouro do Congresso, a mais alta comenda concedida a um civil nos Estados Unidos. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
Conheci Norman Bourlaug quando cursava o Doutorado na Universidade da Flórida, Estados Unidos, na década de 80. Ele foi o palestrante na abertura dos seminários do curso de pós-graduação do Departamento de Agronomia, na primavera de 1985. Ouvi-lo relatar a história de como a inovação na agricultura permitiu desenvolver cultivares de grãos de alta produtividade e de como isso beneficiou a vida da população do planeta foi uma das grandes inspirações e motivações para meus estudos e minha dedicação à pesquisa agropecuária na Amazônia e no Acre, nas últimas três décadas.
As pesquisas de Norman Bourlaug começaram no México, no final de 2ª Guerra Mundial. Ele usou técnicas inovadoras no melhoramento genético de plantas, para produzir cultivares de trigo resistentes a doenças, que permitiram aumentar a produtividade em comparação com cultivares tradicionais. Mais tarde, em conjunto com outros pesquisadores, Norma Bourlaug liderou um grupo cujo objetivo era melhorar a produção de grãos (trigo e arroz) na Ásia, Oriente Médio, África e América Latina.
Muitos especialistas afirmam que a Revolução Verde evitou uma catástrofe ainda maior de fome mundial e salvou a vida de mais de um bilhão de pessoas no mundo, na segunda metade do século 20. Graças à Revolução Verde, a produção mundial de alimentos mais que dobrou entre 1960 e 1990. No Paquistão e Índia, a produção de grãos aumentou em mais de 400% nesse período.
Como cientista e humanista, Norman Bourlaug compreendeu que o desenvolvimento de cultivares mais produtivas de grãos não era suficiente para combater a fome e a pobreza no mundo. Ele defendeu junto aos governos o estabelecimento de políticas econômicas que favorecessem o acesso dos produtores às tecnologias, insumos, assistência técnica e infraestrutura necessários para assegurar a produção de alimentos e aos mercados, contribuindo para a sobrevivência, particularmente, dos pequenos produtores da Ásia, África e América Latina.
Há alguns anos, em visita ao Brasil, Norman Bourlaug se surpreendeu com a revolução da agricultura nacional e afirmou que o Brasil será a potência agrícola do século 21. Nas últimas quatro décadas, graças às tecnologias tropicais desenvolvidas pela Embrapa, universidades e organizações estaduais de pesquisa, a agropecuária brasileira vem realizando a façanha de conciliar crescimento na produção de alimentos com os avanços na produção de álcool de cana-de-açúcar. Além disso, graças aos ganhos de produtividade obtidos, foi possível evitar a incorporação aos sistemas de produção agropecuários de cerca de 27 milhões de hectares de novas áreas de ecossistemas nativos, principalmente nos biomas Cerrado e Amazônia. Isso tornou o Brasil líder em tecnologia para a agricultura tropical e uma potência mundial na produção de alimentos.
Apesar do aumento da produção de alimentos no mundo, proporcionado pela Revolução Verde, Norman Bourlaug tinha uma visão crítica a respeito da expansão agrícola descontrolada, de seus impactos ambientais e do fato de que os problemas de má distribuição de alimentos e da fome no mundo não foram solucionados.
Poucas pessoas no mundo fizeram tanto pela humanidade e são tão pouco conhecidas como Norman Bourlaug. Em seu discurso, na cerimônia de recebimento do Prêmio Nobel da Paz, em 1970, ele reconheceu que “a alimentação adequada era apenas a primeira necessidade básica para a vida das pessoas. Para uma vida decente e humana, nós devemos proporcionar às pessoas oportunidades para uma boa educação, emprego com remuneração adequada, moradia confortável, vestimentas adequadas e acesso à assistência médica de qualidade”.
Norman Bourlaug teve uma vida que fez diferença para o bem da humanidade. Ou como diria o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama: Ele foi o cara. (Judson Ferreira Valentim)
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