No debate, Dilma dá sinais de que pode rifar Erenice

Publicado em 13/09/2010 15:58 e atualizado em 13/09/2010 18:17

No debate, Dilma dá sinais de que pode rifar Erenice. Ou: a penca de absurdos

No debate de ontem promovido pela Folha/Rede TV, a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, procurou se descolar de Erenice Guerra, ministra da Casa Civil, e deu a entender que, se preciso, o governo pode rifá-la. Sob certas condições, é claro. Já falo a respeito. A ministra pode ser o fusível que vai ter de queimar para preservar a candidata. Reportagem da VEJA desta semana mostra que Israel Guerra, filho de Erenice — pessoa da mais estrita confiança de Dilma — atua como lobista e cobra comissão para intermediar negócios de empresas privadas com o governo. A jornalista Renata Lo Prete, da Folha, perguntou a Dilma:
“A senhora colocaria a mão no fogo por Erenice Guerra, que foi seu braço-direito na Casa Civil e assumiu o ministério quando a senhora saiu do governo?”

Leiam o que Dilma respondeu; prestem atenção aos detalhes:


“Eu tenho, até hoje, Renata, a maior e a melhor impressão da ministra Erenice. O que se tem publicado nos jornais [olhando para a colinha] é uma acusação contra o filho da ministra. Esta acusação quanto ao filho da ministra, o governo deve apurar de forma rigorosa e deve avaliar se houve ou não tráfico de influência. Se houve, tem de tomar as providências mais drásticas possíveis. No caso da ministra Erenice, foi feita uma acusação, ela foi desmentida, e, hoje, o que se tem ainda é exatamente nada. Agora, eu quero deixar claro aqui:eu não concordo, não vou aceitar, que se julgue a minha pessoa baseado com o que aconteceu com o filho de uma ex-assessora minha. Até porque, Renata, eu perguntaria pra você: você acha correto responsabilizar o diretor-presidente da tua empresa pelo que foi feito pelo filho de um funcionário dele? Eu, pessoalmente, não acho. Acho que isso cheira a manobra eleitoreira,sistematicamente feita contra mim e a minha campanha.”

Vamos pensar
De saída, é preciso ficar claro: não! Dilma não põe a mão no fogo por Erenice. É o cuidado típico de quem não sabe o que vem por aí. Assim, se preciso, a sua sucessora na Casa Civil terá de ir para o sacrifício. A candidata deu a sua resposta olhando, como sempre, para uma colinha — a turma que cuida da sua campanha sabia que tal questão iria aparecer. A “melhor impressão” de Dilma sobre Erenice vai “até hoje”. O amanhã às pesquisas pertence.

Dilma deixou claro que Erenice pode dançar, sim, mas isso não significa que sua resposta não esteja eivada de absurdos. O maior deles é tentar fazer uma distinção entre o “filho” e a “mãe”, como se Israel pudesse fazer “tráfico de influência”, para usar a sua expressão, sozinho. Mais um pouco, Dilma lembra seu antigo mestre na política, Leonel Brizola, que ela abandonou para se juntar ao PT, e proclama: “Filho não é parente! Dilma para presidente”. Ora…

Quem é o rapaz? Sozinho, ele não é ninguém. A “influência” que ele trafica não é sua, mas da progenitora, que é ministra de estado e braço-direito de Dilma, com vasta folha de serviços prestados à ministra — alguns deles não muito republicanos, como já se lembrou aqui. Assim, é patacoada essa história de que existem “a ministra” e o “filho da ministra” como realidades distintas. Não nesse escândalo.

A frase “se houve [irregularidades], tem de tomar as providências mais drásticas possíveis” não quer dizer rigorosamente nada. Afinal, só faltava a candidata afirmar o contrário. Os petistas ainda não chegaram a tanto. Um dia ainda o farão, mas não já.

Desmentido uma ova!
Segundo Dilma, “a acusação foi desmentida no caso de Erenice”. Falso! A nota do empresário Fábio Baracat não desmente coisa nenhuma, como deixei claro ontem. Ao contrário. Ele reafirma que Israel Guerra atuava como intermediador de verba pública, cobrando comissão: 
Durante o período em que atuei na defesa dos interesses comerciais da MTA, conheci Israel Guerra, como profissional que atuava na organização da documentação da empresa para participar de licitações, cuja remuneração previa percentual sobre eventual êxito” . Baracat confirma ainda o encontro com a ministra: “Destaco também que não tenho qualquer relacionamento pessoal ou comercial com a Ministra Erenice Guerra, embora tivesse tido de fato a conhecido, jamais tratei de qualquer negócio privado ou assuntos políticos com ela.Cadê o desmentido?

Ele foi levado à presença de Erenice por quem? Pelo filho, Israel, que atuava como intermediário nos negócios, o que também foi confirmado à Folha por Artur Rodrigues da Silva, diretor de Operações dos Correios. De resto, cumpre destacar que o depoimento de Baracat à VEJA foi gravado. Como informa a revista, “a reportagem não foi construída com base em declarações, mas em intensa apuração jornalística e sobre documentação, parte da qual ainda não foi publicada.”

No depoimento gravado — antes, portanto, que o governo tivesse atuado com seus métodos de convencimento —, o empresário informa que se encontrou com a ministra em seu (dela) apartamento. Ao menos uma vez, quando o pagamento estava atrasado, ela lembrou que eles — ela própria e o filho — tinham de “saldar compromissos políticos”.

Para não esquecer
A conclusão da resposta de Dilma é risível. É evidente que Erenice não tem existência autônoma. Ela é quem é porque Dilma a colocou lá e porque a mulher tem algumas medalhas no peito em razão de “serviços” prestados à chefa.  A simples admissão de que o filho de uma ministra de estado atua para liberar verba pública sobre a qual a mãe tem influência é um disparate, o que dá conta do estágio a que chegamos. 
Só falta agora Erenice afirmar que não sabia como o filhote ganhava a vida.

Israel é mais do que um rapaz que está fazendo coisas impróprias a um filho de uma ministra de estado. Ele é um sintoma de uma doença e evidência de um método. Ou alguém é inocente o bastante para considerar que mãe e filho atuam ao arrepio do partido? Basta ler o currículo de Erenice para constatar que ela é um quadro do PT. Mais faz o que mandam do que manda no que faz.

Por Reinaldo Azevedo

Pede pra sair, Erenice! Ministra usou “laranja” ao criar firma de arapongagem com filho

Por Luiz Alberto e Weber Rosa Costa, no Estadão:
A ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, patrocinou a abertura de uma empresa de arapongagem em nome de seu filho, Israel Guerra, acusado de cobrar propina de empresários interessados em fazer negócios com o governo. Para abrir a firma, em 1997, a família Guerra recorreu a uma “laranja” para omitir o nome de Erenice no papelório da empresa.

Situada na cidade-satélite de Santa Maria, em modesto endereço residencial, a Conservadora Asa Imperial tem como atividade econômica, segundo documento da Junta Comercial do Distrito Federal, “atividades de investigação particular”, “monitoramento de sistemas de segurança” e “vigilância e segurança privada”.

Localizada ontem em sua casa a 40 quilômetros de Brasília, na suposta sede da empresa, Geralda Amorim de Oliveira, uma professora desempregada casada com auxiliar de bombeiro hidráulico que aparece como sócia-gerente da Asa Imperial, confidenciou ao Estado que seu nome foi “usado” para abrir a empresa.

À época, Erenice alegou que estava se separando e não gostaria de registrar a empresa em seu nome. A professora nega qualquer ligação com a Asa Imperial. Conta que seus documentos e dados cadastrais foram repassados na ocasião à sua irmã mais velha, Geralda Claudino, amiga de décadas de Erenice. “Só emprestei os documentos”, diz a professora. Ouvida pelo Estado, Geralda Claudino diz que não abriu a empresa em seu nome e de Erenice porque ambas estavam se separando.

A Asa Imperial serviu para “dar uma ocupação a Israel”. A empresa foi aberta em 1997, quando Israel tinha 19 anos, mas continua “ativa”, de acordo com a Junta Comercial. Mas Geralda Claudino diz que a empresa está fechada.

Formalidade. Procurado, Israel Guerra não foi localizado. A ministra confirmou ontem a abertura da empresa Asa Imperial em nome de seu filho, Israel. Disse, por meio de sua assessoria, que a empresa está localizada na cidade-satélite de Santa Maria porque, em 1997, não possuía escritório para ser sua sede em zona mais central de Brasília. Erenice afirmou que a Asa Imperial nunca operou nem teve atividade econômica e, segundo ela, consta como ativa na Junta Comercial por mera formalidade e inércia dos sócios.

Braço-direito da candidata petista Dilma Rousseff, Erenice é apontada como autora da ordem para montar dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso e ministros da gestão tucana. Foi feito para intimidar a oposição que, em 2008, integrava a CPI dos Cartões Corporativos.

Por Reinaldo Azevedo

Irmã de Erenice autorizou a contratação do escritório de irmão de Erenice para o Ministério das Minas e Energia. Sem licitação, é claro!

Vocês viram a indignação de alguns petistas com a reportagem de capa da revista VEJA. A família de Erenice Guerra, como a gente vê, parece destinada a criar uma verdadeira dinastia no serviço público, não é mesmo? O título acima lhes pareceu confuso? Mas é o que vocês leram. A reportagem do Estadão conta a história em detalhes.

Por Leandro Colon, no Estadão:
Uma irmã da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, autorizou o governo a contratar sem licitação o escritório do próprio irmão delas. No centro do contrato está a área de Minas e Energia, um setor que tem a influência de comando de Erenice e da ex-ministra Dilma Rousseff.

Erenice foi consultora jurídica da pasta no período em que a hoje candidata do PT dirigiu o Ministério de Minas e Energia no governo Lula. Erenice saiu de lá com Dilma em 2005, mas sua irmã, Maria Euriza Alves Carvalho, entrou como consultora jurídica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao mesmo ministério. No dia 1.º de setembro de 2009, Maria Euriza autorizou a EPE a contratar, sem licitação, o escritório Trajano e Silva Advogados, com sede em Brasília, por um valor de R$ 80 mil. Entre os advogados do escritório está Antônio Alves Carvalho, irmão de Maria Euriza e da ministra Erenice Guerra.

Segundo reportagem da revista Veja desta semana, esse mesmo escritório é usado pelo filho de Erenice, Israel Guerra, para despachar, fazer lobby e cobrar propina de empresários que tentam negociar contratos com o governo. Para oficializar seu serviço, Israel usa uma empresa de consultoria em nome de um irmão e que tem sede na sua própria casa no Distrito Federal.

A contratação sem licitação do escritório do irmão de Erenice pelo governo foi publicada em setembro de 2009 no Diário Oficial da União. Está lá escrito: “Aprovada por Maria Euriza Carvalho - Consultora Jurídica.” Até abril deste ano, pelo menos, a irmã da ministra aparecia como consultora da EPE, segundo o Diário Oficial da União.

O escritório foi contratado para representar a EPE numa ação judicial movida por uma empresa que brigava para participar de um leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) naquela época. Segundo o edital de contratação do escritório do irmão de Erenice, o contrato era de seis meses e por um valor global de R$ 80 mil.

“Às pressas”
Ontem, o Estado conversou com o advogado Márcio Silva, um dos donos do Trajano e Silva Advogados e amigo dos irmãos Erenice, Maria Euriza e Antônio Carvalho. Márcio Silva, que também representa a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) na Justiça Eleitoral, confirmou a contratação sem licitação pelo governo. Alegou que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) teve que recorrer a um escritório às pressas em Brasília para resolver uma pendência judicial em 24 horas.

“Foi feito um convite direto porque era o único contato que tinham em Brasília e a EPE tem sede no Rio de Janeiro”, explicou. “Você até pode achar que há algo antiético, mas não houve nenhuma ilegalidade”, ressaltou. Segundo Márcio Silva, o valor de R$ 80 mil era uma previsão se o processo chegasse ao Supremo Tribunal Federal. Mas, de acordo com ele, o serviço ficou em R$ 25 mil.

A área de energia elétrica faz parte do rol de temas em que o irmão de Erenice atua dentro do escritório. Ao lado do advogado Alan Trajano, Antônio Carvalho cuida de processos ligados à infraestrutura. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Como naquele poema cafona de Raimundo Correia, vai-se a primeira pomba… Quem tem de ir é a “gerenta” do pombal

Da Agência Estado. Volto em seguida:
Suspeito de integrar um esquema de tráfico de influência para beneficiar empresas em contratos com o governo federal, o assessor da secretaria-executiva da Casa Civil Vinícius de Oliveira Castro pediu demissão nesta segunda-feira, 13, após divulgação da denúncia pela revista Veja deste fim de semana. O servidor, que atua como assessor jurídico da Casa Civil, declara que “repudia todas as acusações”.

Vinícius Castro é filho de Sônia Castro, sócia de filhos da atual ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, na empresa Capital Assessoria e Consultoria. De acordo com a reportagem de Veja, a firma teria atuado na intermediação de negócios de empresas aéreas com os Correios. A Capital tem sede em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília, e, além de Sônia, conta como sócios Israel e Saulo Guerra, filhos de Erenice.

Segundo a reportagem de Veja, Israel seria o operador do esquema junto ao governo federal. Pela apuração da revista, o lobby teria rendido ao filho de Erenice uma comissão de cerca de R$ 5 milhões em contratos firmados entre a MTA Linhas Aéreas e os Correios. Na ocasião, a Casa Civil era chefiada pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e Erenice ocupava o posto de secretária executiva, atuando como principal auxiliar de Dilma.

A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, pediu nesta manhã à Comissão de Ética Pública da Presidência da República a imediata abertura de investigação sobre a sua conduta em relação às notícias publicadas pela revista Veja. Em nota enviada à imprensa, a assessoria da ministra informa que Erenice fez o pedido por meio de ofício encaminhado ao presidente da Comissão, José Paulo Sepúlveda Pertence. No documento, ela diz que, se necessário, abre mão dos seus sigilos bancário, telefônico e fiscal, e também dos dados de seu filho Israel Guerra.

Segundo a reportagem, Israel operou, pelo menos, a concessão de um contrato de R$ 84 milhões para um empresário do setor aéreo com negócios com os Correios. Chamada de “taxa de sucesso”, a propina foi estimada em R$ 5 milhões e teria servido em parte para “saldar compromissos políticos”.

Em abril do ano passado, o empresário paulistano Fábio Baracat, dono da Via Net Express, empresa de transporte de carga aérea e então sócio da MTA Linhas Aéreas, queria ampliar a participação de suas empresas nos Correios. O objetivo era mudar as regras da estatal, de modo que os aviões contratados por ela para transportar material também pudessem levar cargas de outros clientes, arranjo que multiplicaria os lucros de Baracat e sócios.

Para obter sucesso em suas pretensões, o empresário foi orientado pelo “bas-monde” negocial de Brasília a procurar a Capital Assessoria e Consultoria, uma pequena firma em tamanho, cuja sede é uma casa numa cidade satélite de Brasília, mas grande em contatos. No papel, são sócios da Capital Saulo Guerra, outro filho da ministra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro, ex-assessor jurídico da Casa Civil. São dois laranjas. Sônia Castro é uma senhora de 59 anos que reside no interior de Minas Gerais e vende queijo.

Estabelecido o canal, o empresário encontrou-se com Israel e Vinícius Castro, subordinado de Erenice. Nesse contato, obteve a certeza que o negócio sairia. “Bastava pagar”, relatou o empresário à revista. Nos acertos seguintes, Israel mostrou que o sucesso empresarial estava em seu DNA: “Minha mãe resolve”, teria dito Israel, segundo o empresário.

“Impressionou-me a forma como eles cobravam dinheiro o tempo inteiro. Estavam com pressa para que eu fechasse um contrato”, emendou, de acordo com depoimento prestado à Veja. Prometido o dinheiro, feitos os contatos prévios, as “cláusulas”, o contrato chegou à sua fase final, a assinatura simbólica da negociata: o ok de Erenice. “Está na hora de você conhecer a doutora”, disse Israel a Baracat.

Investigação
A Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República, abriu procedimento preliminar para investigar a ministra da Casa Civil por suposta ligação com esquema de lobby. O advogado Fabio Coutinho, integrante da comissão, foi designado relator do caso e terá 10 dias para apresentar o resultado da análise. O prazo poderá ser prorrogado.

Ao final da reunião da comissão, realizada no Palácio do Planalto, Coutinho disse que o grupo aceitou um pedido da própria Erenice para ser investigada, mas que independente do pedido, a comissão iria analisar o caso, diante da repercussão da denúncia na imprensa.

Coutinho avaliou que o ideal é que o caso seja analisado antes das eleições de 3 de outubro. Ele disse que não poderia fazer comentários sobre a denúncia envolvendo Erenice, porque não pode antecipar o mérito do julgamento. Ele afirma que há uma norma objetiva, em relação a questão do nepotismo no serviço público, mas disse não saber se essa norma também se aplicaria no caso de Erenice. O advogado refere-se à denúncia de envolvimento de parentes de Erenice na contratação de escritório de advocacia, sem licitação, que tinha entre os sócios o irmão da ministra. Coutinho disse que seu relatório poderá seguir dois caminhos: mostrar que houve ou não houve problema ético por parte da ministra. “Se houve falta ética, haverá recomendação de que existiu uma quebra de conduta e evidentemente haverá uma recomendação nesse sentido”.

Comento
Vinicius de Oliveira Castro é só uma pombinha de nada. Não tem importância nenhuma! Já que não dá para demitir a chefe do pombal, que ao menos vá a “gerenta”. Moral e eticamente insustentável é a situação de Erenice Guerra, braço-direito — e esquerdo — de Dilma Rousseff.

Por Reinaldo Azevedo.

A começão da ética pública

A ministra Erenice Guerra encaminhou um ofício à Comissão de Ética Pública pedindo para ser investigada e botando seus sigilos e os do filho Israel à disposição. Entendo. Essa “comissão” não tem poder nenhum. Ninguém sabe para que serve. Ela foi tornada célebre por José Dirceu, apontado pela Procuradoria Geral da República como “chefe da quadrilha do mensalão”. No discurso que fez na Câmara dos Deputados antes da sessão que votou a sua cassação, o “Zé” se defendeu afirmando: “Nunca recebi sequer uma advertência da Comissão de Ética Pública ou da Controladoria-Geral da União.” A comissão à qual Erenice se submete é aquela que nunca nem sequer advertiu José Dirceu, entenderam? Vejam o ofício. Volto em seguida.

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Eu sou da Comissão de Lógica Pública. A coisa toda é muito simples:
1 - O filho de Erenice faz aquele trabalho de “intermediação”? Faz! Então Erenice tem de ser demitida ou de se demitir.
2 - O filho abriu uma “empresa” de arapongagem usando laranja, com conhecimento da mãe, que depois virou ministra? Sim. Então Erenice tem de ser demitida ou de se demitir, já que uma das funções da Casa Civil, imaginem vocês, é zelar pela constitucionalidade dos atos oficiais.
3 - A ministra é irmã da irmã que deu parecer à contratação do escritório do irmão numa emprea pública, sem livitação (pareceu confuso?)? Sim. Então Erenice tem de ser demitida ou de se demitir.

Só uma pergunta: o “Ronaldinho” de Erenice não consegue emprego na iniciativa privada, longe do serviço público, onde a mãe dá as cartas?

Por Reinaldo Azevedo


Dilma, o Irã e os judeus: uma coleção de bobagens e abobrinhas

Como sabem, os petralhas, ao emitir seus borborigmos à guisa de pensamento, imaginam-me, sei lá, batendo a cabeça na parede — eu poderia dizer “arrancando os cabelos”, mas metáforas e hipérboles têm de ter alguma credibilidade, hehe — caso Dilma venha a ser eleita. Ah, não vou. Posso até não achar “uma boa” (sendo singelo…) para o país, mas uma coisa é certa. Terei divertimento garantido por um bom tempo. Leiam o que vai abaixo. Volto em seguida.

Por Anne Warth, da Agência Estado:
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira, 13, que as boas relações diplomáticas entre Brasil e Irã não significam que o País endossa as teses do presidente Mahmoud Ahmadinejad, tais como a negação do holocausto. A ex-ministra fez a afirmação após se reunir na capital paulista com integrantes da Confederação Israelita do Brasil (Conib).

Dilma foi enfática ao chamar o holocausto de “barbárie” e aproveitou o momento para dizer que tem uma avó que, provavelmente, era judia. “Nem eu nem o governo Lula nem o presidente achamos admissível a negação do holocausto. Ele ocorreu e as provas são contundentes. Não é admissível a volta daquela barbárie em qualquer período histórico”, afirmou.

Porém, Dilma disse não concordar com a estratégia do isolamento e da guerra contra países com os quais existem divergências. “A melhor estratégia não é a guerra nem o isolamento. Não é tentar resolver pela forma como foi resolvida com Iraque e Afeganistão”, afirmou.

Ela destacou ainda que sua relação com Ahmadinejad “não é pessoal”. “A relação com o Irã busca a paz”, afirmou. “Nós somos um povo pacífico e devemos sistematicamente defender isso. Não significa que aprovemos a negação do holocausto nem a utilização de métodos bárbaros do apedrejamento de uma mulher”, explicou. Questionada sobre sua opinião em relação ao conflito entre Israel e a Palestina, Dilma disse que as duas nações têm direito a ter um Estado e a viver em paz.

Sobre sua avó, Dilma contou que ela usava o sobrenome Coimbra, uma indicação de que poderia ser uma judia que adotou o Brasil para viver e que mudou de sobrenome ao chegar. “Eu imagino que minha avó fosse judia porque ela se chamava Coimbra, era de origem portuguesa e acho que ela tinha todos os traços”, afirmou. “Pelas características físicas, acho que era uma cristã-nova.”

Orgulho
Após o encontro, o presidente da Conib, Claudio Luiz Lottenberg, afirmou que Dilma comentou o fato de provavelmente ter origem judia com orgulho. Sobre as relações entre Brasil e Irã e o conflito entre Israel e Palestina, Lottenberg disse ter ficado satisfeito com o posicionamento da candidata. “Ela foi muito objetiva, muito séria e consistente”, afirmou. “Ela pediu que nós entendamos, enquanto brasileiros, que dentro de uma estrutura de Estado, estas relações são normais”, disse a respeito de Ahmadinejad.

De acordo com ele, os temas relacionados à política externa dominaram as discussões com a candidata. “Ela disse que não nutria nenhum tipo de simpatia em relação à postura do presidente do Irã, mas que efetivamente o relacionamento com o Irã deve existir e, portanto, dentro de um contexto internacional, isso é parte da atividade dela enquanto foi ministra do governo Lula. Agora, se for eleita, a relação será sem qualquer tipo de proximidade com o presidente do Irã”, disse Lottenberg.

Já sobre a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a Ahmadinejad, Lottenberg foi mais crítico. “O presidente é um indivíduo que habitualmente quebra protocolos e que permite aproximações. Ele é uma pessoa naturalmente envolvente e sem grande atividade protocolar. Não sei se isso dá para confundir com amizade”, disse.

“A gente acha que presidente Lula tem cacife político e credibilidade internacional para pressionar de maneira pública o presidente do Irã. Mas não acredito que ele tenha uma admiração de caráter pessoal (por Ahmadinejad) e que ele o apoie de maneira pessoal”, afirmou.

Comento
Começarei por Cláudio Luiz Lottemberg, presidente da Conib. Entendo o seu papel institucional. Ele não poderia dizer coisa muito diferente do que disse. Quando convidamos alguém para a nossa casa, não saímos falando mal da visita por aí.  Mas também não é preciso distorcer os fatos para ser agradável. Não vou condescender com o seu resumo errado da relação entre Brasil e Irã. Isso está fora do terreno da delicadeza. É história.

Segundo a Agência Estado, Lottemberg fez a seguinte síntese: “Ela foi muito objetiva, muito séria e consistente. Ela pediu que nós entendamos, enquanto brasileiros, que, dentro de uma estrutura de Estado, estas relações [com o Irã] são normais”. Epa! Aí, não! Quais relações? Se a sua fala indica concordância com o que Dilma disse, ele está redondamente enganado.

Alguém poderia afirmar e indagar: “Um judeu concorda com o que Dilma diz sobre Irã, e vai você discordar?” Sim! Com absoluta tranqüilidade! E por vários motivos;  elenco  três: 1) não tenho com ela as obrigações de um anfitrião; 2) acho que há muitos judeus (e não-judeus) que estão errados sobre o Irã; 3) a segurança de Israel e do mundo não é algo que diga respeito apenas a judeus —  e, portanto, o “ser judeu” não qualifica a opinião de ninguém sobre esse tema. Adiante!

Nunca ninguém esperou que o Brasil rompesse relações com o Irã. Isso é uma tolice. O papel lamentável do governo Lula, Lottemberg, e nada há de “normal” nisso, é ignorar as evidências do caráter militar do programa nuclear iraniano. O papel lamentável do  governo Lula é dar endosso, sem reservas, à tirania daquele país. A proximidade é tal que Lula declara seu “carinho” e “amizade” por Ahmadinejad ao pedir que, bem…, ele não mate uma mulher por apedrejamento. O papel lamentável do governo Lula é ser um crítico contumaz do governo Israel e se calar sobre as ações terroristas dos palestinos.

Lottemberg diga o que quiser e fale, em nome do grupo que representa, o que bem entender. Só não consegue torcer e história e eliminar o fato de que o Brasil faz parte de um grupo reduzidíssimo de países que se nega a reconhecer o real caráter do governo iraniano. Folgo em saber que Dilma reconhece a existência do Holocausto. Só faltava não reconhecer. Aguardo a hora em que ela vai declarar que reconhece também a Lei da Gravidade.

Bobagem
Tenho cá comigo alguns indicadores de anti-semitismo, racismo etc — ainda que as pessoas não tenham sobre o que dizem muita clareza. Um deles é precisamente este: “Olhe, não tenho nada contra judeus; acho até que tenho origem judaica”. Ou ainda: “Adoro judeus; meu médico é judeu”. Huuummm… Alguém sente a necessidade dizer que gosta tanto de japoneses que tem um médico japonês? Há variantes. “Racista? Eu? A minha primeira namorada era preta…”

Dilma explicou para a Conib por que o governo brasileiro mostrou disposição de dialogar com o Hamas para discutir a paz no Oriente Médio? Lottemberg pode até ter ficado comovido com as bobagens ditas sobre a “avó judia” de Dilma, eu não fiquei. E não fiquei não porque não seja judeu — eu sou amigo do Caio Blinder, tá, pessoal? —, mas por apreço aos fatos.

Agora vamos à história da avó… Há uma besteira por aí segundo a qual nomes portugueses que remetam a plantas, cidades e países indicam que os ancestrais eram cristãos novos, judeus convertidos à força ao cristianismo. Ao renunciar a seu nome, buscavam manter a identidade recorrendo a esse truque. Assim, seriam originalmente judeus todos os oliveiras, pereiras, macieiras, franças, coimbras… O que há de historicamente comprovado nisso? Nada! Trata-se apenas de uma besteira, de falsa cultura.

Perseguidos, os judeus assumiram outra identidade em vários países, adotando os nomes correntes nos lugares onde estavam. Há judeus que adotaram o sobrenome “Porto”? Há. Porque havia muitos portugueses que eram… Porto, entenderam? Há judeus que escolheram o “Oliveira”? Sim, porque Oliveira era um nome comum em Portugal, entenderam? Há judeus que escolheram o nome ligado a uma profissão? Sim, o que era corriqueiro entre os não-judeus.

O fenômeno é outro. Um sobrenome português (ou ibérico) — de cidade, de planta ou outro qualquer — num país como a Holanda, por exemplo, pode, sim, indicar a origem judaica e remeter à perseguição que essa população sofreu na península ibérica, fugindo para outro país.

Caso Dilma seja eleita, sentiremos falta daquela ignorância absoluta e convictamente iletrada de Lula, ainda que dotado, como já disse tantas vezes, de notável inteligência — o que não parece ser, assim, uma das saliências de sua criatura eleitoral. Dilma concluiu ainda que sua avó poderia ser uma cristã nova porque ela “tinha todos os traços”.

Epa! Quais traços? Formato do crânio? Do olho? Do nariz? Quais são “os traços” físicos de um cristão novo — e, pois, de um judeu? Eu, sinceramente, não sei. Inexiste literatura a respeito. Digamos que houvesse um traço físico comum aos judeus sefaraditas “convertidos” ao cristianismo na porrada (não havia; estou apenas conjecturando). Nascida, creio, ainda no século 19, a avó de Dilma teria conservado tais traços por quase cinco séculos. Foram gerações e gerações de cristãos novos cruzando entre si para não perder aquele nariz, aquela testa, aquele queixo…

Caso Dilma seja eleita, a bobagem muda de patamar: o país sai da ignorância iletrada para a ignorância ilustrada.

Por Reinaldo Azevedo
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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo (veja.com

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