Acompanhando uma demanda crescente, pecuaristas investem em mercado de carne premium no Mato Grosso

Publicado em 15/07/2022 14:29 e atualizado em 15/07/2022 15:56
Após deixar a produção do boi commodity, pecuarista atende demanda de restaurantes e lojas que buscam por produtos de qualidade e padronizados.

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Buscando atender uma demanda cada vez mais crescente, os pecuaristas do estado do Mato Grosso começaram a investir na produção de carne premium para abastecer restaurantes, hotéis e lojas especializadas. O Notícias Agrícolas viajou até o Mato Grosso para conhecer de perto a história de dois pecuaristas que se dedicam para produzir uma carne com mais qualidade, sustentabilidade e tecnologia. 

Depois de muitos anos investindo na produção do boi commodity, o pecuarista Carlos Miguel da Silveira, decidiu destinar 100% da fazenda Serrinha para a produção de carne premium e começou com a produção de tourinhos nelore PO com raças britânicas. “No começo muitos achavam que era loucura eu abandonar modificar o meu rebanho, mas com muito investimento consegui entrar para um mercado seleto e ter uma boa rentabilidade”, disse ao Notícias Agrícolas.

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Pecuarista Carlos Miguel da Silveira apresentando a fazenda Serrinha aos jornalistas

A fazenda Serrinha conta com aproximadamente 8 mil hectares, está localizada no município de Santo Antônio do Leverger/MT, sendo que boa parte da  propriedade é destinada à reserva florestal. “Na nossa propriedade nós temos quatro pilares importantes para a produção de carne, sendo eles sustentabilidade, sanidade, genética e nutrição”, disse Silveira ao Notícias Agrícolas. 

Confira mais detalhes da Fazenda Serrinha neste vídeo

 

Para conseguir uma carne com mais qualidade, a fazenda Serrinha trabalha apenas com animais de cruzamento que são adaptados ao clima da região. “Nós trabalhamos com matriz nelore e cruzamos com uma raça que está mais adaptada às condições climáticas do estado. Como não temos a qualidade de um animal britânico, nós fazemos uma inseminação Aberdeen Angus em cima da Nelore que vai nascer um animal preto”, detalhou. 

No entanto, a propriedade também conta com animais das raças de Braford, que é resultado do cruzamento entre Brahman e Hereford. Além disso, a fazenda Serrinha conta com um plantel da raça Wagyu. “Nós buscamos sempre melhorar a qualidade da carne para ter marmoreio e também trabalhamos com a precocidade dos animais para o abate”, informou. 

O pecuarista Carlos Miguel da Silveira salienta que já conseguiu abater animais com 22 arrobas, mas já chegou a abater animais com menos arrobas. “O mercado premium não quer uma peça tão grande, pois isso está trabalhando em abater os animais mais precoce possível”, disse. 

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Animais confinados na fazenda Serrinha

Após 25 anos na produção de melhoramento genético, o pecuarista Marco Túlio Duarte Soares, iniciou um novo projeto em 2007 com a Celeiro Carnes Especiais, que em um primeiro momento tinha o objetivo de dar vazão à produção de cordeiros de sua propriedade em Pedra Preta/MT, que anteriormente atendia, sob sistema de encomendas, a um grupo de amigos e alguns restaurantes de Rondonópolis/MT.

Com o apoio do SISE (Serviço de Inspeção Estadual) iniciou a produção de carnes bovinas seguindo o mesmo padrão de qualidade já estabelecido pelos cortes de cordeiro, na qual foi lançada a primeira linha de carnes bovinas com  denominação de Linha Euro. Diante deste perfil, a Celeiro Carnes Especiais vem se destacando no mercado Nacional, sendo referência em inúmeros estados do Brasil e se consolidando no mercado regional, atuando no atacado e varejo.

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Pecuarista Marco Túlio Duarte Soares

A propriedade da Celeiro Carnes Especiais conta com 2,6 mil hectares e conta com 35% de reserva florestal e tem um volume próprio de 2 mil cabeças, mas grande parte é investimento em genética. “Nós queremos cada vez mais tecnificar a nossa fazenda sem abrir novas áreas, por isso vamos otimizar ao máximo a propriedade”, comentou. 

A marca celeiro atua com a verticalização da produção, que destina 93% da produção para lojas da marca e o restante para steakhouse, restaurantes e hotéis. “A verticalização demanda um cuidado maior e muito investimento em estratégias de marketing, pois os grandes grupos acabam dominando grande parte do mercado”, disse ao Notícias Agrícolas. 

A marca Celeiro abate em torno de 100 animais por dia úteis para atender a demanda do estado do Mato Grosso. “Como temos um selo de qualidade, somos muito demandados e prezamos por abater essa média de animais para também não perder a nossa qualidade”, disse Marco Túlio.   

Veja algumas curiosidades da produção de carne premium apresentada pela empresa Celeiro Carnes Especiais

Com relação às margens de rentabilidade, Marco Tulio aponta que o atacado quer garantir as melhores margens e que atendendo à demanda específica conseguem repassar preços melhores para os pecuaristas associados.“Nós conseguimos pagar um valor melhor para o produtor rural, pois nossos custos de produção são diferentes das grandes indústrias. Nós trabalhamos muito com cortes individuais e com padronização para atender nossos clientes”, informou. 

A empresa ainda ressaltou ao Notícias Agrícolas que chega a ofertar preços de 10% a 15%  a mais do valor atual da arroba para ter um animal com melhor qualidade. “Nós analisamos a categoria do animal e por raça, assim eu consigo estimar qual o valor vou conseguir pagar a mais”, comentou. 

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Fazenda da Celeiro Carnes Especiais
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Pandemia

A pandemia acabou comprometendo o funcionamento dos restaurantes e isso afetou o desempenho do consumo de carne bovina no mercado interno. A Fazenda Serrinha sentiu os efeitos do coronavírus com os restaurantes fechados e teve que se reinventar e buscar por outras alternativas para se manter na atividade. 

Até abril de 2020, a Fazenda Serrinha abatia os animais exclusivamente via Marfrig de Tangará da Serra/MT para atender as redes do Outback. “Toda quinta-feira embarcava os animais para os frigoríficos para a rede de restaurantes e isso durou quase 30 meses, mas tivemos que parar com esse programa já diante dos custos de produção elevados e também por conta da pandemia. Os animais de cruzamento precisam de uma dieta mais enriquecida se comparado com um nelore”, explicou Silveira.  

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Dieta da engorda dos animais em confinamento da Fazenda Serrinha

Por outro lado, a empresa celeiro registrou um crescimento de 15% durante a pandemia, atendendo a demanda de pessoas que buscavam cortes específicos e com qualidade para churrasco. 

“Por incrível que pareça nosso negócio cresceu na pandemia, pois as pessoas começaram a fazer churrasco em casa e buscar por uma qualidade mais premium. Foi assim que conseguimos atender essa demanda destacando a qualidade da carne produzida e levando segurança alimentar”, comentou Túlio. 

Desafios 

Marco Tulio aponta que o maior desafio de investir em carne de qualidade no estado do Mato Grosso é quebrar os paradigmas dos consumidores locais e mostrar que o produto embalado à vácuo tem qualidade.  

Nos investimentos, a empresa celeiro destaca que pretende ampliar seus negócios para Goiânia e Brasília daqui alguns anos. “Nós queremos manter os investimentos no Centro-Oeste, mas se algum lugar do Brasil quiser os nossos produtos conseguimos despachar com um valor justo”, apontou. 

Os pecuaristas estão buscando investir na rastreabilidade dos seus produtos para informar seus consumidores sobre como foi produzida a carne. “Estamos vendo que o público mais jovem busca por um produto com qualidade, por isso colocamos na embalagem ‘Nossa carne tem história’ para que tenha o máximo de transparência da nossa propriedade”, concluiu.

O Notícias Agricolas  viajou ao Mato Grosso à convite da Texto Comunicação Corporativa com o apoio do Sindicato Rural de Cuiabá/MT

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Por:
Andressa Simão
Fonte:
Notícias Agrícolas

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