Após sequência de altas, cotações futuras do boi gordo passam por ajuste técnico na sessão desta 4ª feira
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Os vencimentos futuros do boi gordo trabalharam com volatilidade ao longo da sessão desta quarta-feira (05) na Bolsa Brasileira (B3). No início desta manhã, os vencimentos operaram com quedas e depois passaram a trabalhar com ligeiros ganhos de 0,07% a 0,08%. Já no fechamento desta sessão, os principais contratos registraram quedas mais agressivas em torno de 1,82% a 0,55%.
O contrato novembro/25 fechou cotado em R$ 326,60/@ e com recuo 1,82%, enquanto o dezembro/25 teve queda de 0,84% e terminou cotado em R$ 334,65/@. Já o vencimento Janeiro/26 teve baixa de 0,56% e encerrou cotado em R$ 336,35% e o contrato fevereiro/26 teve recuo de 0,55% e fechou próximo de R$ 336,95/@.
Após iniciar a semana em ritmo firme, o mercado futuro do boi gordo registrou uma leve correção nesta quarta-feira (5), movimento que, segundo analistas, representa uma realização de lucros após as altas consecutivas observadas desde segunda-feira.
Parte dos players aproveitaram o cenário de valorização recente para realizar ganhos, reduzindo posições compradas e testando o fôlego do mercado.
Segundo Raphael Galo, Head de Agronegócios e Mercado de Capitais da A7 Capital, o movimento de queda recente no mercado futuro do boi gordo reflete uma combinação de fatores técnicos e fundamentais. “Houve uma realização de lucros por parte tanto de pessoas físicas quanto de institucionais, depois de o mercado testar uma forte resistência e não conseguir romper”, explica.
Além disso, Galo aponta que a notícia sobre o risco de novos embargos da China, em razão da presença de resíduos de medicamentos na carne bovina, começou a influenciar as cotações. “Esse tipo de informação tende a trazer cautela, especialmente quando o mercado está esticado”, observa.
Ele acrescenta ainda que, nas conversas com a indústria, há relatos de boa oferta de animais neste início de semana, o que tem levado os frigoríficos a pressionarem os preços para baixo, buscando melhorar a relação arroba x carne.
O João Bosco Bittencourt, da Aliá Investimentos, reforça que o cenário segue positivo e que a correção observada não tem relação com nenhum fator negativo. “Parece ser um movimento normal. Muita gente coloca no bolso o lucro dos últimos dias, das últimas semanas. Ainda mais no começo do mês, é natural esse tipo de ajuste”, comenta. Ele acrescenta que não há nenhuma notícia ruim ou ruído que possa estar balançando o mercado neste momento, o que reforça a leitura de que se trata apenas de uma pausa técnica.
O movimento também foi influenciado pela postura mais cautelosa dos investidores, que aguardam novos sinais do mercado físico e das exportações de carne bovina, além do comportamento da demanda interna com a aproximação das festas de fim de ano.
Segundo operadores, o cenário de curto prazo segue sustentado por uma oferta controlada de animais prontos para abate, o que tem dado suporte às cotações mesmo em dias de ajustes. A expectativa é de que, nas próximas semanas, o mercado siga alternando entre movimentos de correção e recuperação, até que se consolide uma direção mais clara para o restante do mês.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, o comportamento recente do mercado futuro do boi gordo na B3 chamou atenção pela intensidade do movimento. “Tanto para a alta quanto para a queda, o mercado vinha operando de forma discreta. Mas, no final do dia desta sessão, o movimento se tornou muito agressivo, muito contundente”, destacou o analista.
Iglesias lembra ainda que os agentes do mercado acompanham com cautela as investigações conduzidas pela China sobre possíveis salvaguardas às importações de carne bovina, cujo resultado deve ser divulgado ainda neste mês de novembro. “Esse tema adiciona volatilidade, já que qualquer sinal de restrição chinesa tem potencial de impactar diretamente a formação dos preços”, avalia.
O pecuarista e fundador da comunidade Balcão do Boi, Lorenzo Junqueira, também acompanhou de perto o comportamento das negociações e destacou uma movimentação mais intensa nos contratos de novembro, o que chamou a atenção do mercado. “Teve uma virada com intensidade grande e muito volume no contrato mais curto. Pode haver duas hipóteses: ou vem alguma notícia sobre a salvaguarda chinesa, o que acho improvável, porque todos os contratos teriam caído com força, ou é a indústria tentando trabalhar no mercado futuro para gerar um temor e derrubar a arroba física, como aconteceu em novembro do ano passado”, analisou.
Lorenzo relembra o episódio de 2024, quando em apenas três dias a bolsa teve forte queda e acabou influenciando negativamente o preço físico do boi. “Na minha opinião, estão tentando repetir o movimento. Vamos esperar o fechamento do dia e acompanhar se sai alguma notícia da China, mas acredito que é apenas um ajuste provocado para conter a valorização da arroba”, completou.
De acordo com as informações da Agrifatto, o mercado pode estar acompanhando uma redução das compras chinesas pela carne bovina brasileira. "Com ou sem Fluazuron, sazonalmente a China freia suas importações nesta época do ano, o que obviamente não tira a relevância da questão dos resíduos e respeito ao período de carência", destacou a consultoria.
A Scot Consultoria destacou que o mercado físico está pouco ofertado, principalmente de boiadas oriundas de pastagens. A ponta compradora relata bons volumes de bovinos confinados, no entanto, a postura firme dos vendedores, que não negociam abaixo das referências de mercado, tem resultado em uma oferta comedida. Com isso, os frigoríficos já negociam com preços acima dos observados na semana passada e no início desta.
“As escalas de abate estão, em média, para oito dias. Todos os preços são brutos e com prazo. Negócios para o boi a R$330,00/@ são relatados, embora ainda não sejam referência. O viés para o curto prazo é de alta”, informou a Scot Consultoria.
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