China anuncia endurecimento nas regras de importação de carne bovina e B3 reage negativamente
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Em uma reunião emergencial realizada nesta sexta-feira (14), em Xangai, o governo chinês comunicou às principais empresas importadoras de carne bovina um conjunto de medidas que passará a orientar a entrada do produto no país após a implementação da salvaguarda, que será oficialmente anunciada no dia 26 de novembro.
As novas diretrizes reforçam a intenção de Pequim de proteger sua produção doméstica e conter o avanço das importações, que, segundo autoridades, estariam causando um “impacto grave” sobre a pecuária nacional.
Segundo informações divulgadas pela Tardáguila (portal argentino) , o governo foi claro ao afirmar que a carne importada tem pressionado os produtores locais, justificando a adoção de controles mais severos. A orientação repassada aos departamentos responsáveis é de que “medidas devem ser tomadas para proteger o gado nacional a fim de evitar um impacto destrutivo”.
Entre os principais pontos definidos na reunião, quatro mudanças devem alterar de forma significativa o fluxo de comércio:
1. Controles alfandegários mais rigorosos e frequentes
A inspeção de cargas de carne bovina importada será intensificada, o que tende a gerar maior burocracia, aumento no tempo de desembaraço e maior custo logístico às importadoras.
2. Estabelecimento de quotas para todos os bens importados
A China planeja definir limites formais para as compras externas de carne bovina — um mecanismo que deve restringir o volume disponível e favorecer o produto doméstico.
3. Suspensão da autorização de mais instalações exportadoras
Um número maior de plantas, especialmente aquelas com muitos armazéns frigoríficos, deve perder autorização para embarcar carne ao mercado chinês, reduzindo a lista de habilitadas.
4. Restrição severa ao crédito para importadores
O acesso a financiamentos será limitado, condicionando a capacidade de compra das empresas e reduzindo o ritmo das importações.
As medidas, que valem tanto para o Brasil quanto para outros fornecedores globais, representam um movimento claro de proteção interna da cadeia chinesa de carne bovina. Caso confirmadas no dia 26, especialistas avaliam que o novo conjunto de regras pode reduzir o volume de importação ao longo de 2026, pressionando preços internacionais e exigindo maior diversificação de mercados por parte dos exportadores.
A decisão também ocorre em um momento de preocupação do setor exportador, já que a China segue como o maior comprador da proteína brasileira. Um eventual desaquecimento do gigante asiático pode alterar o equilíbrio global da oferta e demanda, abrindo espaço para maior volatilidade nos preços e exigindo atenção redobrada dos frigoríficos e pecuaristas.
Diante dessas informações, o mercado futuro iniciou a sessão desta segunda-feira (17) com desvalorizações na Bolsa Brasileira (B3). Por volta das 13h21 (Horário de Brasília), o contrato novembro/25 trabalhava com queda de 1,19% e precificado em R$ 315,20/@, já o dezembro/25 registrava recuo de 1,34% e cotado em R$ 315,80/@.
Já o Janeiro/26 trabalhava cotado em R$ 322,00/@ e com desvalorização de 0,91%, enquanto o fevereiro/26 operava precificado em R$ 324,55/@ e com baixa de 0,66%.
O analista de mercado da Safras & Mercardo, Fernando Henrique Iglesias, a informação de mudanças nas diretrizes de importação de carne bovina para a China está impactando os preços no mercado futuro nesta sessão.
O Notícias Agrícolas procurou a assessoria de imprensa da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), que afirmou não ter conhecimento sobre a informação nem sobre a reunião mencionada. Também buscamos posicionamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), mas não obtivemos retorno até o fechamento desta matéria.
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