Relação de troca com fertilizantes continua apertando as margens da pecuária em 2025
![]()
A relação de troca entre boi gordo e fertilizantes segue pressionando os custos da pecuária em 2025, de acordo com os dados do Radar Agro Itaú BBA de novembro. Apesar da normalização dos preços internacionais de insumos ao longo dos últimos meses, o poder de compra do pecuarista não avançou na mesma velocidade, principalmente porque o boi gordo se mantém estável entre R$ 290 e R$ 315 por arroba em São Paulo. Esse equilíbrio limitado do mercado pecuário contrasta com a firmeza de alguns fertilizantes essenciais para a manutenção e intensificação das pastagens, o que dificulta o fechamento das contas no campo.
Entre os principais insumos analisados, o MAP continua sendo um dos fatores que mais pesam no bolso do produtor. Em 2025, o fosfatado permanece acima da média dos últimos cinco anos e dos níveis observados em 2023 e 2024, obrigando o pecuarista a destinar um volume maior de arrobas para adquirir a tonelada. A adubação fosfatada, fundamental em processos de correção de solo e aumento de produtividade das pastagens, acaba ficando mais cara e impactando decisões de investimento ao longo do ano.
Por outro lado, o cenário do potássico KCl é o mais favorável dentro do pacote de fertilizantes. Com preços operando na parte inferior do intervalo histórico recente, bem abaixo dos picos registrados em 2022, o produto oferece uma oportunidade melhor de compra. Como o boi gordo não teve grandes oscilações no período, a relação de troca com o KCl se tornou a mais positiva entre os insumos avaliados, permitindo que alguns pecuaristas antecipem negociações e equilibrem parte do orçamento.
A ureia, por sua vez, segue mantendo volatilidade e patamares acima da média histórica. O produto, essencial para estratégias de intensificação, como adubação de cobertura e manejo de pastagens de maior lotação, ainda exige um número elevado de arrobas para aquisição. A combinação entre preço firme do nitrogenado e estabilidade no mercado do boi resulta em uma troca pouco vantajosa para o produtor, que vê seus custos aumentarem para manter ou ampliar a capacidade produtiva.
No conjunto, os dados do Itaú BBA indicam que o custo de produção na pecuária permanece elevado, especialmente em sistemas mais tecnificados, que dependem de adubos para garantir ganhos de produtividade. Mesmo com a melhora pontual observada no potássio, o peso do MAP e da ureia impede uma recuperação mais significativa da relação de troca. A recomendação dos analistas é que o produtor acompanhe de perto as oportunidades de compra, planeje antecipadamente e busque janelas mais favoráveis no mercado internacional para reduzir parte da pressão sobre as margens ao longo de 2025.
0 comentário
Exportações de carne bovina disparam em novembro, com alta de 39,6% no volume e salto de 57,9% no faturamento
Scot Consultoria: Estabilidade em São Paulo
Indústrias testam preços menores para a arroba, enquanto pecuaristas seguram vendas à espera de preços melhores
Pecuária sustentável: tecnologia brasileira promete até 7 cabeças/ha sem desmatamento
Alta do dianteiro reduz competitividade da carne bovina frente ao frango e à suína
Boi/Cepea: Atenções se voltam a demandas interna e externa aquecidas