WSJ: Café arábica deve voltar aos US$ 2,00 e se manter neste patamar
O café arábica registrou um forte rally de preços na Bolsa de Nova Iorque nos últimos dias, com o aumento das preocupações com uma grande quebra de safra no Brasil. De acordo com o The Wall Street Journal, a redução da estimativa para esta safra, divulgada pelo CNC na sexta-feira (4), ajudou a manter os preços em alta.
“Os números que vimos no final da semana passada estão estimulando os traders a optarem por travar posições mais longas”, disse Hector Galvan, estrategista sênior de mercado da RJO Futures, em Chicago. “Eu acredito que estamos nos aproximando muito rapidamente dos US$ 2,00 (por libra-peso) e devemos nos manter neste patamar por algum tempo”.
Na manhã de hoje (7), os contratos do arábica para entrega em maio, na Bolsa de Nova Iorque, já alcançaram os 196,80 centavos de dólar por libra-peso, o maior preço desde 17 de março. Desde quinta-feira (3), os preços já subiram 9,7%.
O Conselho Nacional do Café reduziu suas estimativas para a safra 2014, que começa a ser colhida em maio, para algo entre 40,1 milhões a 43,3 milhões de sacas de 60 kg, devido “à situação climática que afeta o cinturão de procução de café no Brasil, com falta de chuvas, principalmente em janeiro e fevereiro”.
Clima seco
De acordo com a Somar Meteorologia, serviço meteorológico privado baseado em São Paulo, os meses de janeiro e fevereiro foram os mais secos registrados no Brasil nos últimos 30 anos. A falta de umidade pode interromper o processo de maturação dos frutos.
O clima seco deve prevalecer na área produtiva brasileira pelo menos até a próxima semana, segundo analistas e traders, depois de chuvas esporádicas que foram registradas em março. “O clima deve ficar muito seco pelo menos até sexta-feira”, afirmou Hernando de la Roche, vice-presidente da INTL FCStone, em Miami.
Café arábica brasileiro
Os preços do café arabica, que é reconhecido por seu sabor suave e tipicamente usado em blends gourmets, alcançou os US$ 2,0595 este ano, o maior preço em dois anos. A safra do Brasil tem grande influência sobre o mercado internacional, já que o país produz mais da metade de todo o café do mundo. Em fevereiro, os preços subiram 44%, a maior alta mensal já registrada em duas décadas.
Safra 2015
Além da safra atual, os traders já estão atentos à produção brasileira em 2015. O CNC também reduziu suas expectativas para a safra do ano que vem, entre 38,7 milhões a 43,6 milhões de sacas de 60 kg. As estimativas anteriores apontavam para 43 milhões até 44 milhões de sacas.
“Diante dos danos que estão sendo registrados agora, nós não acreditamos que teremos uma safra melhor no ano que vem”, informou Sterling Smith, analista de mercado do Citigroup, em Chicago.
O risco de geadas no Brasil com a chegada do inverno, em junho, também deve contribuir para elevar os preços. “Qualquer geada deverá ter um efeito muito mais intenso este ano, principalmente no crescimento dos ramos, que são cruciais para a produtividade da próxima safra”.
Informações: The Wall Street Journal
Tradução: Fernanda Bellei
Amostras de cafés colhidos nas últimas semanas no Sul de Minas Gerais indicam grandes perdas. Arte: Arruda São Pedro.
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