Café: Sessão volátil em NY encerra com mais de 300 pontos de alta

Publicado em 08/04/2014 18:40 e atualizado em 08/04/2014 19:33

Na sessão de hoje (8) o café arábica alcançou o patamar dos US$ 2,00 por libra-peso para todos os vencimentos de entrega mais próxima, na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US), depois recuou os ganhos e, por fim, fechou com altas acima dos 300 pontos.

Os contratos para entrega em maio fecharam em 196,50 centavos de dólar por libra-peso e alta de 315 pontos. A máxima do dia para o contrato foi de 202,80 cents / libra-peso e a mínima de 194,30, o que representa uma variação de 850 pontos. Os vencimentos setembro e dezembro se mantiveram no patamar dos US$ 2,00 e fecharam em 200,80 cents e 203,10 cents /libra-peso, respectivamente.

Safra prejudicada no Sul de Minas 
Enquanto os preços do arábica começam a se recuperar no mercado internacional, cafeicultores brasileiros contabilizam suas perdas nos cafezais atingidos pela estiagem. O sul de Minas Gerais foi uma das regiões severamente prejudicadas pelo clima e, segundo o levantamento realizado pela Fundação Procafé, a pedido do Conselho Nacional do Café, divulgado na última sexta-feira (4), as perdas para a região devem ser de aproximadamente 30%.

Christina Vale, vice-presidente do Sindicato Rural de Guaranésia, faz um alerta para que os cafeicultores da região analisem uma amostra de seu café antes de começar a colheita. “Nós vemos a saca do café com preços acima dos R$ 400, mas não podemos nos iludir, porque o café de baixa qualidade vale menos”. 

Christina produz café em uma área de 35 hectares em Guaxupé-MG e conta que a qualidade de sua produção está tão baixa que sua saca foi avaliada em R$ 240. “O café não está só pequeno, ele também está seco, mumificado. Eu trabalho com café há mais de 30 anos e nunca tinha visto isto... A gente começa a colher sem saber se vale a pena”.

A cafeicultora conta que todos os anos ela usa, em média, 7 medidas para encher uma saca de 60 kg, mas este ano, devido ao mal desenvolvimento dos grãos, está precisando usar de 15 a 17 medidas. “Quero pedir para os cafeicultores não se iludirem. Peguem uma amostra do café para saber qual é sua qualidade e avaliar se vale a pena colher”.

Fernando Barbosa, presidente do Conselho Regional de Café da região de Guaxupé-MG, conta que a qualidade do café ainda está conservada em várias áreas, mas os grãos estão realmente menores que o normal. “Temos café de peneira baixo de 15, mas a qualidade ainda não está afetada. Temo um produto bom, que atende o mercado”. 

Por outro lado, segundo Barbosa, a incidência do fenômeno El Niño no segundo semestre, na época das colheitas, poderá ter um sério impacto negativo na qualidade dos grãos.

No mercado físico, a saca de 60 kg do café tipo 6, bebida dura, é vendida a R$ 448,00 em Guaxupé-MG, depois de uma alta de 5,41%. Em Araguarí-MG, a saca é comercializada a R$ 460,00, com alta de 6,98%.  


Veja abaixo as amostras do café colhido pela Christina Vale, em Guaxupé-MG:

  Café Guaxupe-MG, Christina Vale, 04.04

Café Guaxupe-MG, Christina Vale, 04.04_2

 

Café Guaxupe-MG, Christina Vale, 04.04_3

Leia abaixo as notícias publicadas hoje pelo clipping do CNC (Conselho Nacional do Café):

Café: aproximadamente 85% da safra 2013 da Cocapec já foi negociada

Na região da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), localizada em Franca (SP), cerca de 85% da safra de café 2013 já foi comercializada. Em relação às vendas antecipadas da safra 2014, devido ao rally dos preços nos mercados internacionais, cerca 45% da produção já foi comercializada, segundo o gerente do departamento de café, Anselmo Magno de Paula.

Ele afirma que, no início deste ano, muitos cafeicultores ainda tinham café para negociar, o que foi positivo devido ao aumento na remuneração, ocasionado pela estiagem que atingiu o cinturão produtor do Brasil em janeiro e fevereiro. Entretanto, os que ainda possuem café estão mais "conservadores", pois agora vão aguardar o andamento das cotações para decidirem o melhor momento de vendê-lo.

Sobre o clima na região, Magno pontua que todos ainda estão apreensivos, embora tenha melhorado. "A questão é analisar o que vem pela frente", comenta. Ele cita os números divulgados na última sexta-feira (04) pelo Conselho Nacional do Café (CNC), em pesquisa encomendada junto à Fundação Procafé. A região da Mogiana foi a que mais registrou perdas em São Paulo - mas, mesmo assim, a quebra de 10% ainda é menos significativa do que em outras regiões produtoras do país, como em Minas Gerais, onde o corte chega a 30% no sul e no oeste do Estado.


Probabilidades do El Niño se formar são de mais de 70%

As probabilidades do fenômeno climático El Niño se desenvolver durante o inverno no Hemisfério Sul são de mais de 70%, disse nesta terça-feira o Departamento de Meteorologia da Austrália. O fenômeno provocado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico traz chuvas acima da média para a América do Sul e deixa o clima mais seco na Ásia e na Austrália. O Brasil é um dos grandes produtores e exportadores mundial de café e açúcar, commodities que estão em plena safra durante o inverno.

Mas ainda é muito cedo para determinar a intensidade do El Nino, caso ele realmente se desenvolva, ponderou o serviço de meteorologia australiano. Geralmente, o fenômeno traz chuvas de forte intensidade para o Sul e Sudeste do Brasil e também para a Argentina, enquanto que deixa as temperaturas mais elevadas no norte dos Estados Unidos e traz estiagem para o sul da Ásia, Indonésia e leste da Austrália.

As temperaturas da superfície e da subsuperfície do oceano aumentaram consideravelmente nas últimas semanas, consistentes com um estado de rápida transição. A maior parte dos modelos prevê que as temperaturas da superfície do oceano atingirá os níveis do El Nino durante o inverno, informou o departamento.

O El Niño pode se desenvolver logo após a estiagem que assolou parte do Brasil no verão passado. Os preços do café arábica dispararam mais de 81 por cento no acumulado de 2014. Já o índice S&P GSCI - que reúne cotações de oito commodities agrícolas - disparou 16 por cento no mesmo período. As informações partem da Bloomberg.


Café: corretora revisa oferta global para déficit de 7,1 milhões de sacas em 2014/15

A corretora britânica Marex Spectron divulgou relatório de abril sobre o mercado de café no qual estima déficit global do grão de 7,1 milhões de sacas de 60 kg na safra 2014/15, em comparação com superávit de 3,6 milhões de sacas em 2013/14 e excedente de 6,05 milhões de sacas em 2012/13. No relatório anterior, de janeiro, a Marex previa superávit de 1,9 milhão de sacas em 2014/15.

A corretora informa que uma inédita seca nas áreas produtoras do Brasil, entre meados de janeiro e início de fevereiro, mudou completamente as projeções para o mercado do grão. "A seca levou o balanço global 2014/15 a um déficit de 7,1 milhões de sacas. Mas isso será antecedido de um superávit acumulado de 9,65 milhões de sacas ao longo de 2012/13 e 2013/14", observa a Marex.

A safra brasileira em 2014/15, cuja colheita se inicia entre maio e junho, está estimada pela Marex em 49 milhões de sacas, em comparação com 55 milhões de sacas na previsão de janeiro passado. A mais recente estimativa oficial da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada antes da estiagem, projeta a safra brasileira 2014/15 entre 46,53 milhões e 50,15 milhões de sacas, com média de 48,3 milhões de sacas, em comparação com 49,15 milhões de sacas no período anterior.

Conforme o relatório da Marex, "não há nenhum problema com a disponibilidade física de café no ano civil de 2014, mas existem significativos riscos que ameaçam 2015/16". Além do problema no Brasil, o futuro é incerto por causa da ameaça de desenvolvimento do fenômeno climático El Niño, que pode prejudicar plantações, e pela doença roya nos cafezais da América Central. "É muito cedo para tentar prever o balanço 2015/16, mas já há razões para temer um outro déficit significativo em 2015/16, o que levaria a preços substancialmente mais altos", avalia a corretora.

Modelos climáticos estão começando a mostrar o aumento da temperatura do Oceano Pacífico, indicando um provável retorno do El Niño, pela primeira vez desde 2009. "A semelhança com o forte El Niño de 1997, na mesma época do ano, é impressionante, mas ainda é muito cedo para prever o impacto que isso pode ter sobre a produção em 2014/15", diz a Marex.

 

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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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