Mercado internacional reconhece perdas do café no Brasil e preços disparam

Publicado em 10/04/2014 16:45 e atualizado em 11/04/2014 21:19
Analistas e agrônomos já preveem danos para as próximas três safras de café no Brasil

O café atingiu hoje o maior preço em 25 meses diante da perspectiva de um grande déficit global devido à quebra de safra causada pela seca no Brasil. A agência de notícias Bloomberg informou hoje que, no ano safra que inicia no dia 1º de outubro, a produção mundial vai ter um déficit de 7,1 milhões de sacas, de acordo com informações da consultoria Marex Spectron, baseada em Londres. Esta seria a primeira queda na produção em cinco anos.

O café arábica já subiu 88% este ano, o maior ganho entre 24 matérias-primas acompanhadas pelo índice da Standard & Poor’s. O rally deve provocar o aumento dos custos do café premium em cafeterias como a Starbucks e a J.M. Smucker Co.

“As preocupações com a oferta de café estão aumentando”, afirmou Jack Scoville, vice-presidente do grupo Price Futures, em Chicago. “E este problema provavelmente irá durar mais de uma safra”. 

Estudos e relatórios divulgados nas últimas semanas por órgãos do setor café têm confirmado as perspectivas de grandes perdas para esta e as próximas safras. Depois da pesquisa feita pelo Procafé, a pedido do CNC (Conselho Nacional do Café), que prevê um volume de 40,1 mi a 43,3 milhões de sacas para a safra 2014, os Grupos Técnicos em Cafeicultura (GTEC’s Café) se reuniram em Poços de Caldas-MG para o encontro anual, promovido pela Syngenta, em que discutiram a situação da cafeicultura brasileira. (Leia mais sobre o encontro no final da matéria).

Árvores morrendo
“A produção de café no Brasil deverá ser prejudicada pelos próximos três anos”, afirmou Judy Ganes-Chase, presidente da J. Ganes Consulting, no Panamá. “As árvores não conseguirão recuperar a umidade necessária depois de sofrerem com falta de chuvas e nutrição. As árvores também ficarão mais susceptíveis a doenças e outros problemas que não estão aparentes agora irão se manifestar no futuro”. 

A queda nos preços do café em 2013 fez com que muitos produtores parassem de investir em fertilizantes, além disso, as colheitas na América Central foram prejudicadas pela doença da ferrugem. 

“Não teremos grandes problemas com a oferta de café em 2014, mas enfrentaremos uma situação difícil em 2015-16”, informou a Marex, citando o possível El Niño, poderá trazer um excesso de chuvas ao Brasil e aumentar a incidência de ferrugem em cafezais da América Central. 

Os estoques do café robusta (conillon) monitorados pela Bolsa de Londres (NYSE Liffe) estão em seus menores patamares desde 2002. 

Confirmação de graves danos
Durante o tradicional encontro de integração entre os Grupos Técnicos em Cafeicultura (GTEC’s Café) promovido pela Syngenta, entre os dias 2 e 4 de abril, 220 agrônomos apresentaram suas análises para cada região produtora e apresentaram suas previsões para perda de safra. 

Um dos participantes, o engenheiro agrônomo Sálvio Gonçalves, que atua na região do Sul de Minas, afirma que “estamos presenciando um fato histórico na cafeicultura brasileira” por conta do clima extremo dos últimos três meses. Ele pede cautela no momento da colheita. “Nós orientamos os cafeicultores a não realizarem prematura durante o mês de abril, apenas pela aparência e cor do fruto. O cafeicultor deve realizar levantamento por amostragem”.

Ao final das apresentações, o percentual de redução de safra com relação à última estimativa da CONAB foi de 17,6%, muito próximo dos 18% apresentado posteriormente em estudo encomendado pelo Conselho Nacional do Café – CNC e realizado pela Fundação Procafé. Embora o método proposto na reunião não tenha o rigor científico, a percepção dos especialistas sobre os impactos do clima sobre a produção de café nas suas regiões de atuação mostrou-se uma eficiente ferramenta de colaboração e de geração de conhecimento.

Os especialistas foram divididos em sete grupos, correspondentes às suas regiões de produção: Sul de Minas, Cerrado, Matas de Minas, Centro-Oeste Paulista, Mogiana, Conillon e Cooperativas. Cada um dos sete grupos (GTEC´s) realizou reunião isolada dos demais e, posteriormente, foi apresentado o diagnóstico colaborativo regional da cafeicultura.

Assista ao vídeo abaixo com o depoimento de 21 agrônomos que participaram do encontro:

Veja também o gráfico com informações da área a ser colhida e as percepções sobre o tamanho da safra:

Assista aos vídeos na íntegra de cada um dos 7 grupos:
 

GTEC Sul de Minas -  https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51341

GTEC Cerrados - https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51335

GTEC Matas -  https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51339

GTEC Centro Oeste Paulista - https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51334

GTEC Mogiana - https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51340

GTEC Conilon - https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51337

GTEC Cooperativas -  https://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=51338

 
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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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