Café: Consultorias estimam perdas severas no Brasil para as duas próximas safras

Publicado em 25/04/2014 15:19

A expectativa de uma drástica perda na safra brasileira de café, que agora é um consenso entre as principais consultorias internacionais, mantém as cotações nas bolsas de Nova Iorque (café arábica) e Londres (café robusta) em alta e deve começar a elevar os preços nas cafeterias de todo o mundo. Além das reduções previstas para a safra 2014/15, as consultorias e outras empresas especializadas começam a considerar uma perda de volume e qualidade considerável no café da safra 2015/16.  

O Citigroup, uma das maiores empresas mundiais do ramo financeiro, reduziu sua estimativa para a safra brasileira de café 2014/15 para 44,25 milhões de sacas, sendo 27,55 mi de sacas da variedade arábica e 16,7 mi de sacas de robusta (conilon). A redução foi ainda mais radical que a projeção divulgada esta semana pela Volcafe, que apontou para uma safra de 45,5 milhões de sacas, número que ajudou os preços atingirem seus maiores patamares em dois anos na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). 

“A nossa estimativa é provavelmente a menor já divulgada”, informou Sterling Smith, especialista em mercados futuros do Citigroup. No entanto, fora da comunidade financeira, a redução mais drástica foi estimada pelo CNC (Conselho Nacional de Café), que aposta em uma safra entre 40,1 mi a 43,3 milhões de sacas. 

Smith afirmou que foi “extremamente difícil” concluir as estimativas para a safra brasileira este ano, já que a seca prolongada que atingiu o país no início do ano foi “sem precedentes” na história recente e considera a possibilidade de que esta previsão possa ser revisada. Em entrevista ao site norte-americano Agrimoney, ele afirmou: “Todas as informações que conseguimos em campo indicam uma safra menor que o previsto, mesmo depois da seca”. 

As possibilidades de ocorrência de El Niño no país também foram consideradas pelo Citigroup, segundo Smith, já que o excesso de chuvas no período da colheita representa uma ameaça para o volume e a qualidade de café. “O El Niño voltou a ser uma preocupação, já que ele poderá dificultar os esforços de colheita e prejudicar ainda mais a qualidade dos grãos". 

Veja abaixo um gráfico com as últimas estimativas para a safra brasileira 2014/15 feitas por algumas das principais consultorias e traders desde janeiro deste ano, em milhões de sacas:

Estimativas_safra_café_14/15

Preços em alta 
Os preços do café arábica já subiram mais de 90% este ano na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US). Veja gráfico que mostra as altas nos preços em dólar / libra-peso desde janeiro/2014:

grafico_precos_cafe

(Fonte: CNN Money)

De acordo com matéria publicada pelo site CNN Money, as recentes altas poderão ser sentidas em breve pelos consumidores de todo o mundo. Grandes empresas como a Starbucks compram seu estoques de café para alguns anos, porém, os preços mais altos devem atingir em cheio pequenas empresas como a torrefadora Cave Greek, em Arizona, Estados Unidos.

Dave Anderson, proprietário da Cave Greek, explica que compra café para oito a 10 meses, para não precisar repassar os custos para seus clientes, porém, ele afirma que será necessária uma “forte reversão” dos preços para conseguir manter os valores atuais. “Vamos absorver uma parte dos custos, mas infelizmente o consumidor terá que pagar uma parte da alta também”. 

Marex Spectron prevê danos para a safra 2015/16
Além da redução na safra brasileira 2014/15, diversas consultorias começam a olhar mais adiante e considerar os possíveis efeitos negativos da seca prolongada no início deste ano na safra 2015/16. Sem o crescimento vegetativo adequado, a produção de frutos fica comprometida. 

O relatório de abril da corretora britânica Marex Spectron sobre o mercado de café já cita a provável redução da safra 2015/16 no Brasil. “Pode ser muito cedo para estimar o volume da safra 2015/16, mas já existem razões para temer outro déficit significativo para essa safra, o que poderá levar a preços substancialmente mais altos”. A corretora informa que a safra 15/16 “não será maior que a 14/15 e tem potencial para ser significativamente menor”.
            
A Marex Spectron também cita os problemas climáticos que podem prejudicar ainda mais a produção mundial de café. “Os modelos climáticos começam a mostrar um aumento das temperaturas no oceano Pacífico, que apontam para a provável volta do El Niño pela primeira vez desde 2009... As similaridades com o forte El Niño de 1997, neste mesmo período do ano, são impressionantes”.

A previsão de redução para a safra brasileira 2014/15 feita pela Marex é mais conservadora – entre 48 a 49 milhões de sacas – porém, a corretora havia previsto um volume de 55 milhões de sacas em janeiro e já considera novas reduções de estimativa. 

Em seu relatório mensal, a Volcafe também já considera os danos para a próxima safra. “O clima extremo afetou tanto a safra 2014/15 quanto a 2015/16. Mesmo no cenário mais otimista, nós esperamos um déficit consecutivo no mercado de café... O único consenso que conseguimos atingir agora é que a safra 15/16 foi afetada e a seriedade dos danos difere de região para região”. 

Embarques em alta 
Os embarques de café neste período estão em torno de 2,7 milhões de sacas, ou seja, 900 sacas acima do mesmo período de 2013. A Marex Spectron afirma que este aumento se deve aos “estoques maiores dos produtores e alta nas vendas físicas” e afirma ainda que os embarques mensais devem se manter em torno de 3 milhões de sacas por mês, antes da entrada da próxima safra. 

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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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