Café: NY fecha em queda, mas mercado sinaliza recuperação de preços

Publicado em 14/05/2014 18:24

O mercado do café arábica na Bolsa de Nova Iorque (Ice Futures US) fechou novamente em queda nesta quarta-feira (14), como efeito prolongado da estimativa de safra divulgada pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que prevê 49,5 milhões de sacas para a safra brasileira 2014/15, volume bem abaixo do que foi estimado por outras empresas.

Na sessão de hoje, o vencimento junho fechou em 184,20 centavos de dólar por libra-peso, com queda de 275 pontos, assim como o contrato para entrega em setembro, que fechou em 186,45 cents / libra-peso e o contrato dezembro, que perdeu 270 pontos e encerrou em 189,45 cents / libra-peso.

Apesar dos preços baixos atuais, o mercado internacional começa a enxergar uma recuperação nos preços do café em curto prazo. O site norte-americano do The Wall Street Journal informou hoje que os estoques de café estão se esgotando e a libra-peso poderá atingir os US$ 3,00 ainda este ano (leia abaixo). Além disso, produtores e analistas prevêem que a estimativa para a safra 2014/15, a ser divulgada amanhã (15) pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), traga informações mais próximas da realidade. 

É o caso do presidente do Conselho Regional de Café da região de Guaxupé-MG, Fernando Barbosa. “Esta previsão divulgada pelo USDA está fora do que estamos vendo nos campos, é um volume número muito alto... Acreditamos que a previsão da Conab venha mais próxima do que foi divulgado pelo Procafé, que estima uma safra de 40,1 a 43,3 milhões de sacas”.

Estoques reduzidos 
O aumento nos preços do café arábica no mercado internacional tem animado produtores e negociadores que amargaram preços baixos e até abaixo do custo de produção no ano passado. De acordo com matéria publicada pelo The Wall Street Journal, hoje (14), esta elevação nos preços provocou o aumento das exportações em abril, o que teria feito o mercado entender que a oferta de café não estaria tão apertada. O resultado foi um recuo de até 14% nas cotações nos últimos dias.

Com as vendas aceleradas, os estoques ficaram reduzidos no países vendedores, o que pode intensificar ainda mais o aperto da oferta de café, que já foi comprometida pela seca prolongada no Brasil, e provocar novos picos de alta nos preços, de acordo com traders e investidores do setor. 

Os preços do café já subiram 66% este ano depois que uma seca severa atingiu grande parte das regiões produtivas no Brasil, que são preferidos por conta de seu sabor suave. Além disso, o aumento da incidência da ferrugem em países produtores da América Central e da Colômbia compromete ainda mais a disponibilidade de café. 

Algumas torrefadoras menores já aumentaram os preços de seus produtos no atacado, enquanto grandes empresas como a Mondelez International Inc, que se tornou a maior no setor de café, rivalizando com a Nestlé, estão segurando as altas. 

Andrea Illy, executivo chefe da torrefadora italiana Illycaffè SPA, informou em uma entrevista que a empresa está tentando “absorver o aumento dos preços”. Ele afirma ainda que o arábica “acima dos US$ 2,00 a libra-peso representa uma preocupação”. 

Libra-peso a US$ 3,00
O Wall Street Journal informa que muitos produtores e comercializadores brasileiros correram para vender parte do café que tinham estocado no ano passado para aproveitas os preços mais altos. Estas exportações, que atingiram os maiores volumes em pelo menos 5 anos para o período, vieram quase todas dos estoques, já que os produtores só começaram a colheita precoce deste ano no final de abril. 

Analistas do mercado internacional também acreditam que o Brasil terá dificuldades de acompanhar o ritmo rápido das importações depois que os produtores esgotarem seus estoques. Produtores e traders devem vender a maior parte de seus estoques em uma questão de meses, enquanto a seca registrada no início do ano deverá comprometer a produção não apenas da próxima safra, mas também dos próximos anos. 

Uma queda na qualidade e volume da safra brasileira poderá elevar os preços a US$ 3,00 a libra-peso ainda este ano, segundo a analista de mercado Judy Ganes, presidente da J. Ganes Consulting LLC. “A qualidade da safra será terrível... Não teremos café suficiente para compensar isso”, afirmou a analista. 

A seca atingiu os cafezais do país justamente em um momento em que os produtores estavam cultivando um grande número de plantas mais jovens, que são mais vulneráveis. 

A OIC (Organização Internacional do Café) informou que o mercado poderá passar por um déficit de oferta em 2014/15, já que não serão produzidos cafés em quantidade suficiente para atender a demanda. Os investidores deste mercado, avaliado em US$ 11,2 bilhões, já estão se preparando para a falta de oferta neste ano e no próximo. 

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Tags:
Por:
Fernanda Bellei
Fonte:
Notícias Agrícolas

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