Café: Bolsa de NY volta a cair nesta 6ª feira após forte valorização durante a semana

Publicado em 20/03/2015 18:10

Nesta sexta-feira (20), as cotações do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam no campo negativo, mas com pouca variação em um processo de realização de lucros.

O vencimento maio/15 anotou 143,35 cents/lb com desvalorização de 80 pontos, o julho/15 teve 146,65 cents/lb e o contrato setembro/15 registrou 149,65 cents/lb, ambos com queda de 70 pontos.

No decorrer desta semana o mercado externo apresentou uma escalada de valorização com alta expressiva nos principais vencimentos e os futuros chegaram aos níveis mais altos desde 24 de fevereiro.

O mercado segue volátil com os operadores aguardando os resultados de como será a colheita brasileira e o dólar sendo o principal fator de influência negativa para cotações.

Segundo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães, a bolsa norte-americana foi pressionada nesta sexta-feira por recompras em alinhamento ao quadro fundamental, técnico e financeiro uma vez que o dólar oscilou positivamente durante toda a semana.

"Hoje, o comportamento foi até certo ponto previsível, já que um tom mais ameno prevaleceu e realizações tomaram conta dos terminais internacionais. Vale ressaltar, que importantes suportes foram mantidos indicando que para a semana vindoura é possível que o campo positivo volte a imperar", afirma Magalhães.

O dólar mais valorizado ante o real sempre pressiona as commodities pois torna as exportações mais atrativas. Entretanto, para os produtores no Brasil a valorização da moeda implica em maiores custos de produção.

Com relação ao clima para a próxima semana, mapas da Somar Meteorologia apontam que as chuvas devem se intensificar sobre as áreas produtoras de café, em espcial sobre a faixa norte de São Paulo e centro-sul de Minas Gerais que podem ter volumes expressivos.

Venda de café Conab

Na quarta-feira (18), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um aviso de leilão eletrônico de venda de café (aviso número 038/2015), que será realizado no próximo dia 25 de março, quarta-feira, às 9 horas (horário Brasília) por meio do Sistema Eletrônico de Comercialização da Conab - SEC.

Serão ofertados 2.448.578 kg de café em grãos, ensacado. Os produtos estão em armazéns da Conab em Minas Gerais (1,45 mil t), Espírito Santo (926 t) e Goiás (73 t), podem ser vistoriados mas não é permitida a retirada de amostra.

Podem participar do leilão on-line os interessados que estejam devidamente cadastrados perante a Bolsa por meio da qual pretendam realizar a operação, e que estejam em situação regular no Sistema de Registro e Controle de Inadimplentes da Conab – SIRCOI. O preço de venda será divulgado com antecedência de até dois dias úteis da data de realização da operação, em R$/kg e com ICMS excluso.

Para Magalhães, esse anúncio de venda pode ser classificado como "uma demonstração de total falta de sinergia ao setor café, falta de sensibilidade por não dizer de noções básicas de mercado e suas perspectivas", enfatizou.

MAPA prorroga estado de emergência para broca do café em MG

Ontem, uma portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estabeleceu que fica prorrogada por um ano a partir de 13 de março de 2015 o prazo de vigência do estado de emergência fitossanitária da broca do café (Hypothenemus hampei), no Estado de Minas Gerais. 

Dentre as medidas, a portaria autoriza ações emergenciais de defesa sanitária vegetal, como a permissão de importação de inseticida. A broca ataca os grãos do café em qualquer um de seus estágios, destruindo o interior do fruto e colocando em risco a produção.

Mercado interno

O lado interno fecha a semana dentro de uma grande vazio mercadológico com os envolvidos em uma postura defensiva à espera de melhor clareza do desenrolar do mercado.

O tipo cereja descascado continua com maior valor de negociação na cidade de Guaxupé-MG com R$ 551,00 a saca e queda de 5,49%. Foi a oscilação mais expressiva no dia.

O tipo 4/5 também teve maior valor em Guaxupé-MG com saca cotada a R$ 540,00 e recuo de 5,43%. A oscilação mais expressiva do dia foi em Varginha-MG que teve desvalorização de 5,66% e saca cotada R$ 500,00.

Para o tipo 6 duro, a cidade com maior valor de negociação foi Guaxupé-MG com R$ 498,00 a saca e baixa de 3,86%. Foi a variação mais expressiva no dia.

Na quinta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ  do arábica tipo 6 registrou valorização de 3,06% e a saca de 60 kg está cotada a R$ 482,39.

 

ANÁLISE DE RODRIGO COSTA:, da Archer:

FED SURPREENDE E IMPULSIONA ATIVOS DE RISCO 

O FOMC (equivalente ao COPOM brasileiro) retirou a palavra “paciência” de seu comunicado sobre a mudança da política monetária ao fim da reunião do comitê na quarta-feira, mas ao mesmo indicou que o incremento dos juros, quando acontecer, será pequeno e a taxa do FED Funds ficará baixa por um tempo maior do que o mercado esperava.

A reação imediata foi uma desvalorização do dólar americano em 3% contra o Euro, 1.5% contra o Real e o índice dólar (uma cesta de moedas) escorregando 1.5% nas horas finais do pregão do dia. As bolsas de valores responderam com valorizações fortes levando alguns indicadores Europeus a novas altas históricas e as bolsas americanas recuperaram as perdas recentes.

Os principais índices de commodities também saíram das mínimas em uma clara reversão de posição dos fundos de algoritmo, que vendem matérias-primas quando o dólar firma, e compram quando o inverso acontece. O café em Nova Iorque liderou os ganhos entre os componentes do CRB, subindo 10.44% em cinco dias, ou US$ 13.55 centavos por libra, seguido pela prata, trigo e algodão. Níquel, suíno, petróleo e cacau foram os únicos que caíram, entre 1% e 2.58%. O robusta em Londres também teve uma performance sólida, de menor magnitude, como de costume, mas ainda assim ganhando US$ 112 por tonelada.

O movimento inicial foi provocado pela parada momentânea das vendas dos fundos, desencadeando na sequência recompras de posição dos “algos” e de alguns operadores que usam os gráficos como instrumento de trading. O fechamento anima para uma continuação de uma alta, muito embora na sexta-feira, quando o Real brasileiro saiu de 3.3148 para 3.2020, era de se esperar uma reação positiva do café.

A sustentabilidade da alta vai depender do dólar, já que os fundos não estão tão vendidos quanto poderiam e os comerciais têm um recorde de posição comprada. Entretanto há entre US$ 10 ou US$ 20 centavos de espaço para subir no curto-prazo, sabendo-se que a participação das origens deve aumentar ajudada por novas quedas de moedas de países produtores como o Brasil e Colômbia.

A movimentação do físico destravou no mercado interno brasileiro permitindo um leve alargamento da reposição. Entre os suaves a atividade deve diminuir de agora em diante, exceção aos colombianos que tem a safrinha para negociar. Do lado do robusta paira uma grande preocupação, pois os fundos naquele mercado ainda estão comprados, o Vietnã tem segurado suas vendas ou pior, nas atuais condições, rolando suas fixações, e há a perda de market-share vietnamita na América do Norte que só deve ser amenizada se de fato a safra do conilon diminuir. A arbitragem, portanto deve ter visto seu ponto mais estreito.

Algumas “trading-houses” divulgaram suas estimativas para a oferta e demanda mundial, umas apontando para um déficit corrente de quase 7 milhões de sacas e provavelmente um maior em 15/16, e outras citando um déficit atual de 2 ou 3 milhões e uma situação equilibrada no próximo ciclo. As diferenças de opiniões são significativas para o prognóstico futuro dos preços.

Cooperativas brasileiras também têm visões distintas. Uma delas menciona uma safra 15/16 similar com a 14/15, mas a maioria ainda vê a próxima safra sendo menor em função da seca.

Os estoques americanos em fevereiro caíram 156,448 sacas, diferente da média histórica que no período tem um incremento dos inventários. Um dos motivos por trás foi a greve na costa oeste dos Estados Unidos.

Vamos ficar de olho no nível de US$ 142.20 para o contrato de maio da ICE, suporte que se rompido faz do atual comportamento do mercado uma mera correção técnica. A resistência que queremos ver o “C” ultrapassando está em 155.00 centavos, patamar que muitos vêem como objetivo para entrar mais agressivo no lado vendido.

Uma boa semana com excelentes negócios a todos.

Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

 

ANÁLISE DO ESCRITORIO CARVALHAES, DE SANTOS:

 Balanço semanal em NY fecha em alta, após cinco semanas de queda; preços no Brasil reagem
Nos oito primeiros meses do ano safra 2014/2015, de primeiro de julho de 2014 a 28 de fevereiro de 2015, O Brasil embarcou 24,563 milhões de sacas de café (média de 3,07 milhões por mês) e consumiu 13,334 milhões de sacas de café (baseado em um consumo anual de 20 milhões de sacas). Portanto nestes primeiros oito meses usamos 37,9 milhões de sacas para atender nossas necessidades de exportação e consumo. Nos quatro últimos meses do ano safra, precisaremos de mais 6,7 milhões de sacas para atender o consumo interno e, se admitirmos um embarque médio mensal de 2,6 milhões de sacas, mais 10,4 milhões para completarmos nossas exportações. No final de junho próximo, quando termina o ano safra 2014/2015, teremos usado 55 milhões de sacas. É um volume bem maior que a mais otimista das previsões de safra 2014/2015. Só conseguiremos esse desempenho lançando mão de cafés remanescentes de safras passadas. 
 
Para nossos compromissos no próximo ano safra 2015/2016, que começa em primeiro de julho próximo, mesmo que o Brasil embarque menos café, no mercado alguns operadores arriscam 33 milhões de sacas, e o consumo interno permaneça no mesmo patamar de 2014, precisaremos de mais aproximadamente 53 milhões de sacas. Não nos lembramos de quadro igual a este. As contas não fecham mesmo com números de produção na safra 2015/2016 acima dos estimados primeiro pela CONAB, e na semana passada pelos agrônomos da Fundação Procafé. 
 
Depois de cinco semanas consecutivas fechando o balanço semanal em baixa, as cotações do café em Nova Iorque, na ICE Futures US, trabalharam esta semana em alta, impulsionadas pela recompra de posições por fundos e especuladores. Ajudados também pela valorização do dólar frente ao real em decorrência da crise política e econômica no Brasil, os preços no mercado físico brasileiro reagiram, principalmente para os lotes de café arábica de boa qualidade a finos, movimentando os negócios e aumentando o volume de vendas. 
 
Operadores bem informados parecem assustados com a rápida queda dos estoques de café nos armazéns brasileiros.
 
Hoje com a realização de lucros por parte de alguns grupos, os contratos em Nova Iorque fecharam em ligeira baixa. Depois da forte alta de ontem, a cotação do dólar frente ao real recuou, perdendo parte da alta do mês. No físico brasileiro os compradores diminuíram o valor de suas ofertas levando os vendedores a recuarem, paralisando os negócios. 
 
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 5.151.552 em 28 de fevereiro de 2015. Uma baixa de 156.448 sacas em relação às 5.308.000 sacas existentes em 31 de janeiro de 2015.
 
Até o dia 19, os embarques de março estavam em 1.361.636 sacas de café arábica, 151.620 sacas de café conillon, mais 129.717 sacas de café solúvel, totalizando 1.642.973 sacas embarcadas, contra 1.504.704 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.962.391 sacas, contra 1.862.289 sacas no mesmo dia do mês anterior.
 
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 13, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 20, subiu nos contratos para entrega em maio próximo, 1355 pontos ou US$ 17,92 (R$ 57,61) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 13 a R$ 558,71 por saca e hoje, dia 20, a R$ 609,64 por saca.
 
Hoje, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 80 pontos. 
(EDUARDO CARFVALHAES)
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Tags:
Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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