Com aumento nos custos de produção, margem de lucro para cafeicultor está cada vez mais restrita

Publicado em 30/10/2015 10:24

Diante das incertezas no cenário político e econômico do Brasil, além das questões externas, o dólar comercial acumulava até ontem 47% de valorização no ano, cotado a pouco menos de R$ 3,90 na venda. Com esta queda do real ante a moeda estrangeira são vistos reflexos em diversos setores do país. Na cafeicultura brasileira, os primeiros impactos vieram com o aumento quase que imediato dos insumos e defensivos utilizados no cuidado das lavouras. Além disso, os produtores que enfrentam desde 2012 queda na produção, também têm os custos de produção mais altos com mão de obra, energia e combustível.

"Com todas essas despesas, a margem do produtor de café está ficando cada vez mais restrita. Para muitos, o custo de produção já está acima dos valores atuais de negociação de uma saca de café", afirma o cafeicultor de São Pedro da União (MG) e presidente do Conselho do Café da AMOG do Sul Mineiro, Fernando Barbosa.

Para discutir este cenário, lideranças do setor cafeeiro reúnem-se nesta sexta-feira (30) em Guaxupé (MG). O pesquisador do CIM (Centro de Inteligência em Mercados), da UFLA (Universidade Federal de Lavras), Diego Humberto de Oliveira será o coordenador desta reunião técnica que deve contar com a presença de lideranças e participantes do I Encontro de Muzambinho.

Oliveira coordena no CIM pesquisas e serviços em gestão no Programa Campo Futuro, realizado em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). O projeto alia a capacitação do produtor rural à geração de informação para a administração de riscos de preços, de custos e de produção na propriedade rural.

Anualmente, o programa realiza levantamentos em 12 cidades produtoras de café dos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia, Roraima e São Paulo, e depois divulga boletins para que o produtor analise e consiga fazer uma melhor gestão dos seus custos individuais. A consulta é feita pelo site Canal do Produtor, da CNA: https://www.canaldoprodutor.com.br/

De acordo com o boletim divulgado em março pela CNA, na safra 2014/15, os custos com colheita e pós-colheita na cafeicultura brasileira subiram 6,37%. Em fevereiro deste ano, as etapas do processo produtivo custaram para o produtor de café arábica, em média, R$ 119,42 a saca de 60 kg, já para o conilon foram R$ 84,00 a saca. Enquanto isso, no mesmo mês deste ano, nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas, o tipo 6 era negociado, em média, por R$ 461,37 a saca.

Devido ao aumento do dólar neste ano, que impacta os preços dos insumos, além das outras despesas que também subiram, a expectativa dos cafeicultores é que no balanço da próxima safra os custos de produção tenham um salto considerável.

"A variação média nos custos entre uma safra e outra é de 3% a 5%, mas sempre é preciso ter cautela nessas análises porque há mudanças nos tipos de produtos e na forma de produção em cada região. Os preços do café tem um comportamento cíclico, são influenciados por oferta e demanda, enquanto os custos de produção têm uma tendência altista", explica Oliveira.

Para o pesquisador do Centro de Inteligência em Mercados, da UFLA, com as análises dos boletins divulgados no Canal do Produtor, os cafeicultores tem mais segurança na tomada de decisão. "Esses dados são importantes para a gestão dos custos. Com eles, os produtores de café podem verificar as causas e problemas em suas propriedades, e conseguem solucionar de maneira simples. O primeiro passo para o cafeicultor é anotar tudo o que acontece em sua propriedade", finaliza Diego Oliveira.

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Tags:
Por:
Jhonatas Simião
Fonte:
Notícias Agrícolas

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