Florada antecipada pode prejudicar próxima safra de café arábica no Brasil

Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - A florada antecipada em algumas regiões cafeeiras do Brasil nos últimos dias pode afetar a qualidade e o volume da safra de café arábica do país no ano que vem, embora a produção de robusta provavelmente não venha a ser afetada, de acordo com participantes do mercado e pesquisadores do setor.
O Brasil está terminando a colheita de uma safra recorde de cerca de 60 milhões de sacas de café, sendo a maior parte da variedade arábica, de qualidade mais apreciada. O robusta é muito procurado pela indústria de café instantâneo.
"(A florada) veio mais cedo que o normal", disse André Luiz Garcia, pesquisador da Fundação Procafé em Minas Gerais, o maior Estado produtor do Brasil.
Ele disse que essas flores podem não desenvolver frutos porque ainda está seco nesta época do ano. "Eles também podem cair das árvores em áreas em que a colheita ainda está acontecendo", avaliou Garcia.
Mário Ferraz, gerente de desenvolvimento técnico da Cooxupé, a maior cooperativa de café do mundo, disse que uma florada adiantada aumenta as expectativas de uma produção menos uniforme em 2019.
"Se essas flores se tornarem frutos, eles estarão maduros muito cedo", disse ele. "Nós teremos frutos em diferentes estágios de maturação, possivelmente prejudicando a qualidade."
Alguns produtores, disseram especialistas, podem optar por não fazer uma colheita adiantada para evitar custos adicionais, aumentando a chance de alguns desses frutos ficarem maduros, caírem das árvores e serem perdidos.
Um diretor de uma grande exportadora no Brasil, que pediu para não ser identificado, disse que o potencial de produção nas plantações que reportaram a florada pode ser reduzido em 10 por cento.
A Cooxupé conduziu uma avaliação dos cafezais nas áreas do sul e oeste de Minas Gerais e no leste do Estado de São Paulo, e descobriu que 20 por cento a 25 por cento das árvores floraram.
A florada, disseram pesquisadores, foi causada após chuvas no início de agosto, depois de um longo período de seca.
Abraão Verdin, pesquisador de café no instituto Incaper no Espírito Santo, o maior Estado produtor de robusta do país, considerou a florada nas plantações neutra para a produção futura, uma vez que a colheita terminou na região.
Enquanto a produção de arábica já deveria cair em 2019, em decorrência do ciclo de produção bienal do café que alterna anos de produção máxima e mínima, Verdin espera que a produção de robusta alcance um bom nível no ano que vem.
O governo brasileiro estima a produção de arábica em 2018 a 44,3 milhões de sacas, 29 por cento a mais do que em 2017. A produção de robusta está prevista a 13,7 milhões de sacas, alta de 27 por cento.
(Por Marcelo Teixeira)
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