"Hoje o café não permite brincadeiras, o produtor não controla clima, mas controla gestão, o que é ponto chave", afirma Nespresso

Publicado em 14/04/2023 16:12 e atualizado em 14/04/2023 16:57
Sem boas práticas, produtores podem perder espaço com importantes players e qualidade de ponta a ponta na cadeia abre oportunidades

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A evolução da cafeicultura brasileira em termos de qualidade e sustentabilidade é uma realidade assistida de perto pelos principais players do mercado. Entre as muitas fases deste mercado, a expressiva expansão com as certificações foi um dos fatores que colocou o Brasil em outros patamares na cafeicultura mundial.

Líder absoluto em produção e exportação de café, o país agora passa pela missão de comprovar ao mercado internacional as boas práticas tomadas pelo produtor não apenas dentro da fazenda, mas também da "porteira para fora", com as ações dentro dos critérios ESG. 

Guilherme Amado, líder de sustentabilidade da Nespresso Brasil, reafirma, mais uma vez ao Notícias Agrícolas, que o produtor que não se enquadra dentro destas condições perde espaço em um mercado que é cada vez mais exigente. 

"Desde que eu comecei, uma coisa que eu pude testemunhar foi o aumento de café certificado. A primeira que veio foi o orgânico e depois as certificações que atestavam boas práticas sociais, ambientais e agrícolas", afirma.  Atualmente a Nespresso recebe café de 1.300 fazendas de café, que estão localizadas em São Paulo, sul de Minas, Cerrado Mineiro e no Espírito Santo. Segundo o líder, o Brasil foi um dos países centrais na caminhada por mais cafés certificados. 

"Quando comecei na Nespresso, em 2011, nós tínhamos 10% dos cafés globais certificados. Hoje, mais de 50% dos cafés brasileiros são certificados, é um avanço muito grande. Quando eu falo em avanço é principalmente em um sistema que se chama certificação das fazendas. A certificação ela impulsiona uma boa gestão da fazenda", afirma. 

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Ressalta que uma fazenda com uma gestão eficiente é aquela em que o produtor olha para sua rentabilidade e consegue garantir prosperidade na vida de todos que estão envolvidas naquela produção. Para isso, é fundamental que ele conheça na "ponta do lápis" os desafios com custo de produção. 

"E nisso a certificação e o programa de verificação tem uma ferramenta muito boa para isso. É o que nós temos nas empresas e corporações dentro das fazendas. Hoje o café não permite brincadeiras. Meu mantra nas fazendas é: Você não controla clima, e as mudanças climáticas é nosso grande desafio e as fazendas não controlam o mercado. A única coisa que as pessoas controlam na sua própria fazenda, é sua própria operação, é gestão", afirma. 

A qualidade do café também um ponto que precisa ser levado em consideração para o produtor que quer manter seu negócio saudável no longo prazo. A demanda mundial pede cada vez mais por bebidas diferenciadas e para Guilherme, a fórmula para se conseguir isso é garantir a qualidade em todas fases do desenvolvimento da safra. 

"Qualidade sim paga as contas. Também é meu mantra: começa com qualidade, termina com qualidade e tem que ter qualidade no meio. Hoje o maior diferencial que você tem no preço do arábica que é regulado por Nova York é qualidade", afirma. 

O conceito de qualidade sustentável está dentro das ações de recomendação que a Nespresso repassa aos produtores. "Hoje os consumidores pressionam para justamente saber de quem foram as mãos que produziram esses cafés. E até mesmo os mercados, o Europeu, por exemplo, hoje tem uma pressão muito grande ao sistema de produção. Que tenha rastreabilidade que é o coração desse sistema, é um pré-requisito. Se você não tem rastreabilidade, pode esquecer todo o resto", afirma. 

Neste sentido, explica que a rastreabilidade precisa ser eficiente a ponto de mostrar para esse consumidor final todos os passos da história daquele café, os processos de transformação até o grão se transformar em bebida, a saúde financeira deste produto, no sentido de se entender quanto o produtor recebeu por aquela venda, quais os prêmios, diferenciais e todos os tratos agrícolas até o produto final, que no caso da marca se trata das cápsulas.  

"Eu diria que um dos pontos que nós avançamos nos últimos anos foi conseguir mais transparência e essa transparência garante a qualidade do que eu chamo a qualidade total do produto, que é também uma demanda dos consumidores também", diz. 

Café - Foto Envato (12)

De agora em diante 

Com as dimensões continentais que o Brasil e tem e com mais de 34 origens produtoras de café, de acordo com dados oficias da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) para avançar com os negócios, sustentabilidade e qualidade, Guilherme ressalta que é importante que o setor entenda as diferentes características de cada área. 

"Nós temos mais de 306 mil fazendas de café, pequenos, médios e grandes. São pessoas diferentes, realidades muito diferentes e nós, profissionais do café, temos que entender isso, falar a mesma língua e trabalhar projetos ou planos de ação costumizados", diz. Afirma ainda que com tamanha dimensão, é preciso que cada fazenda seja avaliada como única e as decisões sejam tomadas de forma individual.


"É muito importante nisso tudo se ter uma visão de futuro em comum. Então para nós, agora, essa visão se chama visão 2030, que está alinhada com os objetivos da ONU. Então, tanto a Nespresso, como as grandes empresas do café, elas têm estratégias de futuro alinhadas com os objetivos da ONU", afirma. 

Na visão da marca, atualmente existem três grandes desafios para o Brasil. Mesmo com o avanço nas certificação, destaca que é importante que se entenda a realidade de a certificação ainda não chegou para todos os produtores e que é primordial que todos estejam na mesma página. 

Entre os principais desafios estão mudanças climáticas que vêm afetando a produtividade e até mesmo a qualidade da bebida em algumas áreas. O segundo ponto é garantir que não haja violação de direitos humanos na cadeia do café. Segundo ele, as ações estão sendo tomadas em conjunto com outros importantes elos da cadeia. E por último, a valorização do papel da mulher na cadeia no café, que apesar dos avanços, ainda apresenta muita desigualdade. 

"E depois nós temos um desafio grande no Brasil que é o alto uso de insumo. O Brasil tem sido acusado, lógico que nossa cafeicultura é de ponta com tecnologia, mas por outro lado temos uma pressão enorme com bicho mineiro e não temos controle suficiente. O controle químico, na nossa visão não é suficiente para vencer o bicho-mineiro, nós perdemos essa guerra", afirma. 

Diante deste cenário, Guilherme explicou que o regenerativo pode ser um grande aliado do produtor contra o bicho mineiro. Para ele, a prática vai ser primordial para que o produtor consiga vencer esse desafio e ao mesmo tempo mitigar os impactos climáticos. 

Nosso objetivo é transicionar para um outro modelo de cafeicultura, baseado na natureza. Esse novo modelo, é um modelo de baixo carbono, que valoriza a biodiversidade, uso racional da água. "Na transição você tem os dois mundos, insumos químicos e biológicos. É um processo, então nós acreditamos muito que esse mercado de carbono pode servir como grande ferramenta de transição", afirma. 
 

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Triplo AAA 

O programa pioneiro da Nespresso nasceu em 2005 e seugndo Guilherme tem como principal objetivo gerar uma cadeia justa e transparente para todos envolvidos no setor, e além disso incentivar a produção de café de excelência e que pudesse contribuir com a proteção do meio ambiente.

Entre os principais players do mercado, a marca explica que conta com ontamos com a colaboração da instituição Rainforest Alliance, criada para ajudar na preservação da biodiversidade e garantir a sustentabilidade. A parceria colaborou com a nossa própria definição de qualidade sustentável, através do selo Rainforest Alliance - um certificado mundial que garante um sistema de gestão sustentável para qualquer produto agrícola produzido em países tropicais.

O programa também conta com a parceria da Aliança Global de ONGs, que incentiva práticas sustentáveis de cultivo do café com produtores locais. Atualmente 56% dos cafés Nespresso vem de fazendas certificadas Rainforest Alliance e 100% do café comprado no Brasil vem por meio do Programa AAA.

"Nós pagamos prêmios para esse café e pagamos assistência técnica para esse produtor. A ideia aqui é criar um relacionamento de longo prazo com o produtor. Quando eu falo transparência é transparência dos dois lados da cadeia", complementa. 

 

 

 

 

 

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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