Otto Vilas Boas: Um legado deixado para a cafeicultura, mas que foi muito além do mercado de café

Publicado em 25/06/2023 10:16 e atualizado em 05/07/2023 17:58
Ele dedicou sua vida aos cafés do Brasil e ao cooperativismo, marcando a trajetória de todos que estavam dispostos a participar de uma boa prosa

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Com a safra em andamento e o mercado sob pressão, na última semana o setor cafeeiro do Brasil também se despediu de Otto Vilas Boas. O "Homem de fé; senhor em café", que dedicou a vida à cafeicultura brasileira faleceu aos 89 anos no dia 22 de junho, deixando um legado para todos aqueles que estão envolvidos de alguma maneira com o agronegócio café. 

Por 60 anos, seu Otto trabalhou na maior cooperativa de café do mundo, a Cooxupé. Ele viu a evolução do mercado nos últimos anos e também nesta trajetória, nos 26 anos de Notícias Agrícolas, foi um nome importante para ajudar o cafeicultor na tomada de decisão. 

Otto Vilas Boas nasceu no dia 4 de fevereiro de 1934, em Guaranésia (MG). Filho de Paulo Vilas Boas e de Ana Oliveira Vilas Boas, em uma família de sete irmãos.  

Seu Otto, como era carinhosamente conhecido, foi para Guaxupé para trabalhar no Bar Cinelândia, que havia sido adquirido por seu pai. Tempos depois, encontrou sua verdadeira vocação profissional: passou a trabalhar na Cooperativa de Café, a Cooxupé. 

Segundo informações da própria Cooxupé, assim como a cafeicultura brasileira, sua trajetória foi marcada por constante evolução. Sua primeira missão foi como gerente de bens de consumo em 1962. Passou a gerente geral em 1967; diretor comercial em 1987; assumiu a Superintendência de Mercado Interno em 1991 e, em 2003, tornou-se assessor de negócios. "Foi cooperado e grande entusiasta do cooperativismo", comentou a cooperativa em nota. 

“Fiz da Cooxupé o meu maior ideal do ponto de vista profissional. Hoje sinto-me realizado e feliz vendo que ela se tornou a maior cooperativa de café do mundo, seja em número de cooperados, seja em produção de café”, declarou seu Otto à Revista Mídia Brasil, em reportagem divulgada em agosto de 2022.

Apesar de há alguns anos estar oficialmente "fora do mercado", Otto seguia acompanhando as principais notícias e os desafios enfrentados pelo produtor nas últimas safras. O legado que construiu foi amplamente reconhecido pelo setor nos últimos dias. 

““Meu trabalho tinha que gerar bons frutos”. Esta fala do Seu Otto, como o chamávamos de maneira muito carinhosa, certamente trouxe muitas contribuições para o desenvolvimento da Cooxupé e da cafeicultura brasileira. Ao olharmos para a história da cooperativa, claramente enxergamos estes bons frutos gerados durante os seus mais de 60 anos de atividades no setor cafeeiro. Ele era um entusiasta do cooperativismo.  

Homem de fé inabalável, sempre reconheceu a importância de Deus em sua vida, inspirando a todos que o cercavam. Seu Otto deixa um legado inestimável para a Cooxupé e para a cafeicultura brasileira. Sua perda é muito dolorosa, mas somos eternamente agradecidos por termos a oportunidade de aprendermos com ele tudo o que ensinou, sempre com muito amor, altruísmo e esperança. A ele e toda sua família e amigos, nossa profunda gratidão e solidariedade”, Carlos Augusto Rodrigues de Melo – Presidente Cooxupé. 

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Para o Notícias Agrícolas, seu Otto também foi importante e fez a diferença não apenas na trajetória de ascensão do site, mas também de forma muito particular na vida de cada membro da equipe que teve, em algum momento, a missão de comunicar o setor cafeeiro, mas também a oportunidade de aprender com um dos nomes mais emblemáticos do café no Brasil. 

"Hoje nós perdemos o seu Otto, ele disse dizia assim: João Batista eu tenho anos de café. Ele dizia que ninguém consegue entender o mercado do café. É uma commoditie valiosa, ninguém consegue entender", relembrou João Batista Olivi na última semana. 

"Parabéns pela sua vida, seu Otto... muito obrigado pela sua existência", disse também quando entrevistou seu Otto pela última vez em dezembro de 2020.

Aleksander Horta, chefe de redação do Notícias Agrícolas e que viu sua trajetória profissional ser desenhada junto a do site, relembra as visitas do seu Otto durante as passagens da equipe por Guaxupé. 

"Seu Otto é uma daquelas pessoas diferenciadas, cativantes e de muita luz. Com aquele jeitinho mineiro, sempre com uma boa história pra contar, chegava todos os anos no estande do Notícias Agrícolas durante as edições da Femagri ( Feira de Negócios promovida pela Cooxupé) com um potinho de doce, feito pela esposa ou comprado de uma amiga da família. E ali passava o dia conosco, interagindo com os entrevistados, dividindo suas impressões pessoais sobre os mais diversos temas. Mas o que ele gostava mesmo era de falar de café, do mercado de café...Uma paixão incondicional... Ah Seu Otto, vai fazer falta!!! Descanse em paz", disse. 

Como já comentei, seu Otto marcou a vida de muitos jornalistas. Carla Mendes, editora chefe do Notícias Agrícolas, o reconhece como "uma das pessoas mais doces e gentis que eu já tive a chance de conhecer na vida. Graças ao agro. Graças a um Brasil que nem todos conhecem, mas que é o que por homens como este". 

Em quatro anos falando diariamente sobre mercado de café, eu, Virgínia Alves, posso afirmar que seu Otto sempre foi um grande incentivador do meu trabalho. Lá no início, ainda insegura, ele foi um dos responsáveis por me mostrar que o caminho sendo trilhado era positivo. 

No "on e no off", como costumamos dizer, ele se fazia presente entre uma ligação e outra, para dizer que a comunicação estava sendo efetiva e importante em um momento tão desafiador para a produção do Brasil. Não há muito o que dizer, a não ser agradecer pela sabedoria, simplicidade, carinho e mais do que tudo, pela bondade em ser tão gentil. 

HOMEM DE FÉ 

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Otto Vilas Boas gostava de contar que herdou de sua mãe os princípios religiosos, morais e éticos. Tinha uma fé inabalável em Deus e fazia questão de trabalhar para a Igreja Católica. 
“Nesses 50 anos muito contribuí junto aos senhores bispos e sacerdotes para a introdução dos seus movimentos e nas aberturas aos leigos na Diocese de Guaxupé. Participei do Movimento de Cursilhos de Cristandade do Brasil MCC, de Encontros de Casais com Cristo, Treinamentos de Jovens Cristãos, Renovação Carismática e, nos últimos 40 anos, como Ministro da Eucaristia. Meu legado maior é, sem dúvida, a minha vida literalmente dedicada à família, à igreja e à Cooxupé”, contou para a Revista Mídia Brasil, em dezembro de 2022. 
 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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