Ciclone extratropical se aproxima do RS, chuva continua sem conseguir avançar e levanta preocupação com a soja no Paraná
Os modelos mais atualizados continuam indicando chuvas apenas para o Rio Grande do Sul nas próximas 24 horas. Segundo o modelo Cosmo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o Centro-Sul do estado deve receber precipitação entre 20 e 40 mm.
Já as previsões mais recentes da Climatempo, sinalizam que uma área de baixa pressão vai se deslocar sobre o Rio Grande do Sul, dando origem a um novo ciclone extratropical. "Esse tipo de sistema é associado a mau tempo, pois favorece o crescimento de nuvens carregadas e provoca ventos fortes", afirma a previsão.
A passagem do sistema deve intensificar os ventos no estado, sobretudo na fronteira com o Uruguai, onde os ventos podem chegar a 85 km/h nas regiões sul, leste e nordeste do estado. Na quinta-feira, dia 3, a previsão indica que o ciclone tem como tendência se deslocar sobre o oceano, dando condições para a formação de uma nova frente.
"O tempo fica instável, com condições de chuva e temperatura baixa em grande parte do Rio Grande do Sul e, pancadas de chuva acontecem no decorrer do dia em Santa Catarina e no sul e no sudoeste do Paraná", comenta.
Veja o mapa de precipitação prevista para as próximas 93 horas:
Fonte: Inmet
Segundo os modelos mais recentes e também de previsão estendida, os sistemas em atuação no extremo sul do Brasil continuarão sem forças para avançar para as demais regiões do Brasil. A previsão já deixa os produtores de soja do Paraná em alerta tendo em vista que as previsões não são positivas para o início da semeadura da próxima safra.
"É muito preocupante porque não temos previsão de chuvas para os próximos 30 dias, não há umidade suficiente para fazer o plantio e não é recomendado que seja feito no pó", comenta Elmar Floss - Especialista em Fisiologista de Plantas e diretor do Instituto INCIA.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), além da massa de ar seco que segue predominante na maior parte do país, a direção dos ventos também impedem que as chuvas cheguem até mesmo para os demais estados da região sul do Brasil.
Floss destaca que apesar de alguns produtores escolherem pelo plantio no pó, esse ano a situação tende a ser ainda mais complicada, já que os mapas de previsão estendida não indicam chuvas no longo prazo. A preocupação com o início da soja também se estende para sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Os mapas mais recentes da Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), para o período entre 1º e 9 de setembro, indicam chuvas apenas para o Rio Grande do Sul, indo de encontro com as previsões do modelo Cosmo do Inmet. Segundo o modelo americano, neste período o Rio Grande do Sul pode ter acumulados de até 90 mm.
Já para o período entre 9 e 17 de setembro, a tendência é de permanência de tempo seco para o Brasil Central, sem previsão de chuvas para Santa Catarina e Paraná, além da diminuição de volumes para o Rio Grande do Sul. Neste período, as chuvas mais expressivas não devem ultrapassar os 25 mm e devem ficar restritas ao extremo sul gaúcho.
Veja o mapa de previsão estendida para todo o Brasil
Fonte: Inmet
O fisiologista destaca que o cenário ideal para semeadura da soja é que o solo tenha uma umidade mínima entre 50 e 60 mm. "A soja é uma das culturas que mais precisam de umidade, a água corresponde a pelo menos 50% do seu peso. Se utilizamos cerca de 40 quilos de sementes por hectare, precisamos de pelo menos 22 litros de água para que a semeadura seja bem sucedida", comenta.
Floss destaca que neste momento de incertezas quanto ao clima o produtor precisa colocar na balança os prejuízos que o plantio no pó pode trazer para a safra. Com o solo muito seco, além do risco de precisar fazer o plantio novamente, a consequência pode ser uma safra menos produtiva e de baixa qualidade.
"Agora não é uma boa hora para o início da semeadura. Não tem vantagem nenhuma em colocar uma semente boa e cara em um solo tão seco. A soja só germina com 50% de água e isso nós não temos agora", comenta.
Já para a produção do Centro-Oeste, Floss destaca que precisa o cenário precisa continuar sendo monitorado, mas que até o momento é considerado dentro do esperado para época do ano. "Ainda não há uma grande preocupação, mas se as previsões se confirmarem, com certeza teremos atraso no plantio", comenta.
O mapa de umidade inicial do solo do COLA, na sigla em inglês, que é o centro de estudo Oceano-Terra-Atmosfera dos EUA ligado ao NOAA, mostra que os níveis de água líquida no solo no Brasil Central estão entre 25 e 30 milímetros até esta terça-feira, 1º de setembro. Para o sul no Brasil, o NOAA confirma uma condição menos crítica para o Rio Grande do Sul, com volumes entre 55 e 65 mm e reforça que no Paraná os volumes estão mais baixos, entre 45 e 50 centímetros de profundidade.
"Aqui no Rio Grande do Sul nós estamos com uma condição excelente para semeadura do milho. Os dias sem chuvas permitiu os tratos culturais necessários e o acumulado de água no solo vai garantir a boa semeadura da cultura", comenta Floss.
Mapa de umidade no solo por profundidade em centímetros em todo o Brasil:
Fonte: NOAA
Final de tarde em Paraiso-PR Foto de Mauro Rodrigues
Final de tarde em Paraiso-PR Foto de Mauro Rodrigues
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