Mercado de flores dribla ano atípico e deve crescer até 8%, segundo a Ibraflor
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Renato Opitz, Diretor de Comunicação do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), afirma que as projeções para 2026 indicam um crescimento contínuo de 7% a 8% no mercado de flores e plantas. Mesmo diante de um ano atípico, marcado por eleições e Copa do Mundo, que são fatores historicamente desfavoráveis ao setor, a cadeia produtiva tem reforçado investimentos internos para garantir qualidade e eficiência na entrega.
Segundo Opitz, períodos de Copa do Mundo costumam reduzir o consumo, já que a atenção e os recursos do público se voltam para o evento esportivo. Ainda assim, o setor aposta em melhorias estruturais sob seu controle, como aperfeiçoamento da qualidade, logística mais ágil e treinamento de varejistas, para fidelizar consumidores.
“As pessoas acabam saindo mais, se reunindo em bares e restaurantes. Nesse mês e meio, as vendas caem e isso se torna um problema. Também vai depender do clima político. Essas duas grandes variáveis não são favoráveis ao setor. Mas acreditamos que, mesmo assim, o mercado deve crescer até 8%, porque temos trabalhado fortemente para melhorar a qualidade e a entrega das flores no ponto de venda o mais rápido possível”, ressalta.
O presidente destaca que os investimentos vão desde a ampliação da frota de caminhões refrigerados até programas de capacitação em supermercados. No e-commerce, o setor tem aprimorado os processos de entrega, garantindo maior satisfação e durabilidade das flores. A aposta em fatores internos, segundo ele, tem sido essencial para estimular a recompra.
Opitz também reforça o avanço das práticas de sustentabilidade, como o uso de energia solar e a independência hídrica por meio da captação e tratamento da água da chuva. Além disso, observa uma demanda crescente dos consumidores por informações detalhadas sobre os produtos, como origem, rastreabilidade e orientações de conservação.
Um segmento altamente promissor
De acordo com o Renato, o setor vem investindo continuamente em produção baseada em energia limpa, principalmente solar. A floricultura brasileira é considerada altamente tecnificada e produtiva, com uso intensivo de tecnologia em irrigação, genética, manejo e fontes renováveis de energia, além do cultivo protegido durante os 12 meses do ano.
“Todos os dias estamos plantando, colhendo e enviando produtos ao mercado. São mais de mil espécies e mais de 10 mil variedades com valor comercial”, destaca Opitz.
O segmento é dividido em cinco grandes grupos: o primeiro reúne as flores de corte, muito utilizadas em decorações, festas, casamentos, buquês e arranjos. O segundo grupo contempla as flores em vaso, como orquídeas e kalanchoes, destinadas ao uso doméstico. O terceiro grupo abrange as plantas verdes, em que o valor ornamental está principalmente na folhagem. O quarto grupo é formado pelos produtos para paisagismo, e o quinto reúne as gramas, utilizadas tanto em áreas ornamentais quanto esportivas.
Desafios na mensuração e no crescimento do mercado
O setor é altamente diversificado, o que dificulta a medição precisa de volumes e valores diferente de commodities como soja ou milho. Segundo Renato Opitz, os produtos são comercializados em diferentes formatos (vasos, hastes, torrões etc.), variando desde itens de 10 cm até plantas com vários metros de altura. Mesmo assim, o mercado tem se mostrado produtivo e tecnificado, registrando índices expressivos de crescimento: em anos anteriores, a expansão média foi de cerca de 10%, e, para este ano, a expectativa é encerrar com alta de 8%.