Mosca-branca pode inviabilizar cultivos de flores se controle não for preventivo

Publicado em 23/12/2025 10:22 e atualizado em 23/12/2025 13:58
Embrapa explica que o controle químico isolado não resolve e pode eliminar inimigos naturais da praga

 

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Produtores de flores e plantas ornamentais que enfrentam dificuldades no controle da mosca-branca precisam redobrar a atenção às estratégias adotadas nas esfufas. O alerta é do entomologista Alexandre Pinho de Moura, da Embrapa Hortaliças, que chama a atenção para erros recorrentes no manejo da praga, especialmente o uso indiscriminado de inseticidas de amplo espectro.

Segundo o pesquisador, esses produtos, por não serem específicos, acabam eliminando também os inimigos naturais da mosca-branca, organismos fundamentais para manter a praga sob controle.

Além de combater a praga de interesse, esses inseticidas causam a mortalidade de insetos benéficos, o que desequilibra o sistema e favorece novas infestações”, explica.

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Nas flores e plantas ornamentais, duas espécies de mosca-branca são as mais comuns: Trialeurodes vaporariorum e Bemisia tabaci, esta última com os biótipos B e Q. O problema se agrava pela alta capacidade reprodutiva do inseto. Uma única fêmea pode depositar até mil ovos ao longo da vida, inclusive por reprodução partenogenética, sem necessidade de machos, o que acelera a explosão populacional.

Outro fator de risco é a ampla gama de plantas hospedeiras. A mosca-branca pode se manter em cerca de 750 espécies, incluindo hortaliças, flores, plantas ornamentais e plantas daninhas. Isso permite que a praga sobreviva na área mesmo na ausência da cultura principal, aumentando a infestação inicial no novo ciclo produtivo.

O impacto é ainda maior devido à capacidade de transmissão de vírus. Estima-se que a mosca-branca seja vetor de mais de 300 espécies de vírus, principalmente dos gêneros Begomovirus e Crinivirus.

Depois que a planta é infectada, não há controle curativo. O cultivo está perdido”, ressalta o especialista.

Entre as ornamentais mais afetadas estão begônias, hortênsias, petúnias e, principalmente, as poinsétias, muito produzidas em determinadas épocas do ano. A alta demanda e concentração dessa cultura podem favorecer surtos da praga em regiões produtoras.

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Manejo integrado é o caminho

A principal recomendação da Embrapa é a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), com foco na prevenção. A escolha da área de cultivo é um dos primeiros pontos de atenção. Regiões próximas à vegetação nativa ajudam a manter inimigos naturais e funcionam como barreiras contra o vento, que pode transportar grandes nuvens de mosca-branca.

Outras medidas importantes incluem a limpeza rigorosa da área entre um cultivo e outro, a higienização de ferramentas, equipamentos e materiais de tutoramento, além da manutenção constante das estufas, evitando rasgos em telas e plásticos que facilitem a entrada da praga. Também é fundamental o uso de mudas sadias, produzidas em ambientes protegidos, e o controle do acesso às estufas, com a adoção de antecâmaras e troca de vestimentas, reduzindo o risco de introdução da mosca-branca no cultivo.

O controle biológico, segundo Alexandre, deve ser adotado de forma preventiva. Um exemplo é o uso da microvespa Encarsia formosa, parasitoide que deposita seus ovos nas ninfas da mosca-branca, impedindo que novos adultos se desenvolvam. Também há opções com fungos entomopatogênicos, que ajudam a reduzir a população da praga.

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Controle químico com cautela

O uso de inseticidas deve ser a última alternativa e sempre de forma criteriosa. A orientação é priorizar produtos seletivos, que atuem diretamente sobre a mosca-branca e causem o menor impacto possível aos inimigos naturais. Além disso, todos os produtos devem estar registrados no Ministério da Agricultura, evitando riscos à cultura, ao aplicador e ao meio ambiente.

O controle isolado não funciona. É o conjunto de ações preventivas que permite ao produtor iniciar o cultivo com baixa pressão da praga e conduzir a produção até a colheita com mais segurança”, conclui o pesquisador da Embrapa.

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Por:
Patricia Domingos
Fonte:
Notícias Agrícolas

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