Produtores de leite aguardam pagamento de R$ 20 milhões de indústrias
Há 27 anos, o produtor Sérgio Käfer e a mulher Luciane acordam antes das 6 horas para começar a ordenha de dezenas de vacas criadas em Estrela, no Vale do Taquari. Com o dinheiro da venda do leite, recebido todo o fim do mês, após 30 dias de trabalho de domingo a domingo, o casal criou três filhos e estruturou a propriedade com equipamentos e galpões. Neste ano, pela primeira vez, pensaram em abandonar a atividade que sempre foi a principal renda da família.
O desânimo veio depois de entregarem leite durante 51 dias para a Promilk Laticínios, de Estrela, e não receberem nenhum real. Em agosto, a empresa chegou a pagar 33% do volume com a promessa de quitar o restante no mês seguinte. Em outubro, a Promilk parou de coletar leite e deixou quase cinco mil produtores gaúchos esperando pelo pagamento. Käfer, 52 anos, tem R$ 39,6 mil a receber.
A crise no setor, a mais grave da história, é atribuída à descoberta de fraudes e adulterações do produto e às dificuldades financeiras de diferentes empresas do setor lácteo.
— Já tivemos problemas de pagamento em outras épocas, com o caso da Parmalat, por exemplo. Agora, a situação é mais grave, pois envolve um número maior de empresas e produtores prejudicados — avalia Airton Hochscheid, assessor de Política Agrícola da Fetag.
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