Arroz segue valorizando, ainda que devagar
Se o mês de junho terminou com uma valorização de 1,58% nos preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul, julho viu passar os seus primeiros 10 dias no mesmo ritmo. Segundo o indicador de preços do Arroz em Casca Esalq/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa (58x10 / 50kg), a cotação da saca de 50 quilos, em casca (58x10), à vista, acumulou 0,73% de valorização no primeiro terço do mês, cotada a R$ 34,31. Pela cotação desta quarta-feira (10/7), a saca vale o equivalente a US$ 15,12, acumulando desvalorização de 1,2% na moeda estadunidense.
Os 10 primeiros dias de julho foram marcados pela instabilidade de informações. A confirmação de três embarques – até agosto – de arroz para exportação no Porto de Rio Grande, gerou pequena valorização nas regiões próximas, superestimada por algumas lideranças setoriais que não só multiplicaram o número correto de barcos, como o valor efetivamente pago. Serão três navios até agosto com destino à Nicarágua e Venezuela, totalizando cerca de 100 mil toneladas, o que é uma boa notícia. Com a retomada dos negócios pelos agentes de mercado internacional, algumas indústrias médias e pequenas movimentaram seus estoques e precisaram se abastecer com matéria-prima.
Assim sendo, face à baixa oferta, precisaram ir ao mercado e aceitar total ou parcialmente as regras impostas pelos produtores. Todavia, essa não foi uma regra e aplicou-se especialmente para quem já tinha produto depositado nas indústrias, arroz de melhor qualidade (acima de 60% de inteiros) e parceiros tradicionais destas empresas. Nestas regiões o preço da saca subiu entre R$ 1,00 e R$ 2,00. Esse movimento refletiu também na Fronteira Oeste, onde algumas empresas com ligações com a região portuária, repassaram alguma valorização ao cereal.
Todavia, à medida que os preços internos nesta região começaram a subir, deixaram de ser competitivos e engoliram parcialmente a valorização do dólar. Com o abastecimento já fechado para os embarques previstos, as indústrias voltaram a comprar apenas o essencial para manterem a máquina funcionando e o abastecimento de seus clientes. O movimento de comercialização voltou a seguir a regra “da mão para a boca”.
Desta maneira, as cotações médias no mercado livre gaúcho se mantêm entre R$ 33,50 e R$ 35,00 (dependendo da praça e suas características) para o arroz padrão 58x10, em casca. Exceção às variedades nobres no Litoral Norte, com 64x6, com média de R$ 39,00, e na Fronteira Oeste, acima de 60 de inteiros na faixa de R$ 35,00. Em Santa Catarina a saca de 50 quilos varia de preços entre R$ 32,00 e R$ 34,00, dependendo da região. No Mato Grosso, Sinop e Sorriso mantêm a média de preços de R$ 35,00 para a saca de 60 quilos do grão em casca, com 55% acima de inteiros.
Nestes patamares de preços, os produtores já perceberam que o governo federal não deverá intervir no mercado, o que garante uma relativa tranquilidade e estabilidade à comercialização. Do governo, além da notícia do congelamento dos preços mínimos do arroz para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, apenas alguma movimentação para realizar leilões de troca para programas humanitários, que somam perto de 4,5 mil toneladas em junho/julho.
CEPEA
Segundo informativo do Cepea, “desde o início de julho, orizicultores têm disponibilizado poucos lotes de arroz para venda, já que se mostraram sem necessidade de “fazer caixa”. Além disso, produtores ainda têm perspectivas de que o preço da saca de arroz em casca continue em alta nos próximos meses, fundamentados no período de entressafra e do aquecimento das exportações. Juntamente com a paralisação dos caminhoneiros, ocorrida na semana passada, este cenário reduz a oferta de arroz em casca no mercado spot do Rio Grande do Sul. Do lado comprador, empresas gaúchas buscaram comprar novos volumes, visando atender contratos para exportação”.
CUSTEIO
Por outro lado, apesar de segurar o grão e alcançar um patamar de mercado considerado remunerador, em média, o setor produtivo começa a se preocupar com os vencimentos de custeio que começam na próxima semana, o que chegou a gerar o fortalecimento da oferta em algumas regiões nos últimos dias. O produtor também mostra-se apreensivo com a valorização dos insumos importados, baseados no dólar, o que afetará de maneira importante o custo de produção da próxima safra, que começa a ser plantada em 60 dias. Os vencimentos de custeio e aquisição de insumos sempre geram uma pressão de oferta no mercado, o que é esperado pelos analistas para os próximos dias, podendo reduzir a já lenta valorização do arroz no mercado interno e eventualmente consolidar uma expectativa de estabilidade.
Nesta sexta-feira, os produtores gaúchos elegerão o novo presidente da Federarroz, em Dom Pedrito. Há dois candidatos: Juarez Petry de Souza, de Tapes (RS) e Henrique Dorneles, de Alegrete (RS). Serão eleitos pelos representantes das quase 30 associações de arrozeiros do Rio Grande do Sul.
SAFRA
Enquanto isso, o décimo levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira 2012/13 de arroz indica uma queda de 66 mil toneladas na previsão do volume total colhido, com produção de 11,858 milhões de toneladas, sobre o levantamento anterior, que estimava em 11,924 milhões/t. Ainda assim, há um acréscimo de 2,2% sobre as 11,599 milhões de toneladas de 2011/12.
A área plantada com arroz na temporada 2012/13 foi estimada em 2,390 milhões de hectares, ante 2,426 milhões semeados na safra 2011/12. A produtividade das lavouras foi estimada em 4,961 mil quilos por hectare, superior em 3,8% aos 4,780 mil quilos por hectare na temporada passada.
O Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, deve ter uma safra de 7,933 milhões de toneladas, equivalendo a um avanço de 2,5%. A área prevista é de 1,066 milhão de hectares, alta de 1,3% ante os 1,053 milhão de hectares de 2011/12, com rendimento esperado de 7.438 quilos por hectare, ante 7.350 quilos da anterior.
Em Santa Catarina, a produção deverá recuar 4,9%, totalizando de 1,024 milhão de toneladas. O estado se consolida como o segundo maior produtor do país. Para o Maranhão, em terceiro lugar, a Conab está estimando uma safra de 611 mil toneladas, ante 467,7 mil toneladas calculadas para 2011/12.
A expectativa é de que apesar das barragens cheias, os arrozeiros gaúchos mantenham a área semeada na próxima safra para evitar um excesso de oferta e a desvalorização do produto, optando por ampliarem a área com soja e milho na várzea.
EXPORTAÇÃO
A boa notícia de junho aos produtores, além da valorização de 1,58% do cereal, foi a retomada das exportações gaúchas de arroz. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras de arroz tiveram expressiva alta em junho, atingindo 73.134 toneladas (base casca), 76,9% acima do volume exportado em maio, de 41.339 toneladas, mas abaixo das 77.298 toneladas exportadas em abril, e ainda bem abaixo das 112.054 toneladas embarcadas de março. O consultor Carlos Cogo explica que em relação ao mesmo mês do ano anterior (junho/2012), quando foram exportadas 145.271 toneladas de arroz (base casca), as vendas externas recuaram 49,7% em maio de 2013.
Nos quatro primeiros meses do ano-safra 2012/2013 – março a junho de 2013, as exportações de arroz somam 303.825 toneladas (base casca), 56,7% abaixo do volume exportado no mesmo período da safra anterior (702.436 toneladas base casca). Se o ritmo de exportações mensais for mantido em nível similar ao verificado neste primeiro quadrimestre, o volume embarcado para o exterior chegaria a pouco mais de 900 mil toneladas base casca neste ano-safra 2012/2013.
A continuidade do bom desempenho das exportações de junho está garantida para julho e agosto, com novos embarques previstos, mas ainda abaixo dos patamares dos dois últimos anos. A partir de agosto, no entanto, há uma incógnita. Em primeiro lugar pela relação e preços internos x dólar, mas também pelo ingresso da nova safra dos Estados Unidos, que deve ser normal, e disputa clientes na América Latina e África com o Brasil.
Enquanto isso, o Brasil segue importando mais do que no ano passado, graças à relação cambial e dos preços internos x preços externos, principalmente do Mercosul. As compras brasileiras de arroz atingiram 122.142 toneladas (base casca) em junho, 7% acima do volume importado em maio, de 114.179 toneladas, e acima das 114.510 toneladas internalizadas em abril e 94.880 toneladas de março, segundo a Secex/MDIC. O volume importado em junho (122.142 toneladas) é 86,7% superior às 65.417 toneladas importadas no mesmo mês do ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano-safra 2012/13 – março a junho de 2013, as importações de arroz somam 445.711 toneladas (base casca), 16,7% acima do volume importado no mesmo período da safra anterior (381.795 toneladas base casca), segundo relata o consultor Carlos Cogo.
Se o ritmo de importações mensais for mantido em nível similar ao verificado neste primeiro quadrimestre, o volume internalizado ultrapassaria 1,3 milhão de toneladas base casca neste ano-safra 2012/13.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica cotações médias estáveis de R$ 33,50 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca, no Rio Grande do Sul. O valor referencial para a saca do produto beneficiado, em 60 quilos, é de R$ 69,00, com desvalorização de R$ 1,00 em 10 dias. Nos demais produtos derivados, estabilidade total. A tonelada do farelo de arroz colocada em Arroio do Meio/RS se manteve em R$ 350,00, uma vez que a boa safra de verão garante o abastecimento de soja e milho para as rações. Também estável é o preço do canjicão (60kg/FOB) em R$ 37,00. A quirera (60kg/FOB) permanece em R$ 33,50.
0 comentário

Federarroz: Estratégias de Mercado serão debatidas durante Abertura da Colheita do Arroz

Maçã/Cepea: Colheita da safra 2024/25 segue pressionando as cotações

Consultoria reduz safra de grãos da Rússia e alerta para geadas

IBGE e Conab preveem aumento para safra baiana de grãos em 2025

Epagri lança nova variedade de feijão preto que se destaca pela alta produtividade e resistência a doenças

China desenvolverá ferramentas de edição genética e novas variedades de culturas em iniciativa de biotecnologia