Arroz: Abril registra alta de 5,71% nos preços ao produtor e cotações seguem firmes

Publicado em 06/05/2014 14:45
Em maio a saca de arroz em casca também está valorizando, graças às exportações, a colheita da soja em várzea e a uma safra menor do que o esperado

O mês de abril registou uma valorização de 5,71% nos preços da saca de 50 quilos do arroz em casca (58x10) aos produtores do Rio Grande do Sul. Os preços médios para comercialização à vista, do produto colocado na indústria, encerraram o mês em R$ 35,92, o equivalente a US$ 16,08, segundo o Indicador de Preços do Arroz em Casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa, Em maio, as cotações seguem firmes. Nesta segunda-feira o indicador encerrou o dia apontando preço médio de R$ 35,98 para a saca de arroz.

Basicamente quatro fatores estão determinando esta manutenção dos preços mais altos em plena safra. Um deles é o fato de o mercado já ter uma leitura mais precisa da dimensão da safra e não considerar a possibilidade de que se confirmem os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetados em mais de 8,4 milhões de toneladas apenas no Rio Grande do Sul. O clima afetou o enchimento de grãos e as falhas são maiores do que o esperado. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), já trabalha com uma expectativa de safra próxima de 8,15 milhões de toneladas. Para a expectativa inicial, de que o Rio Grande do Sul colheria 8,5 milhões de toneladas, a safra deve registrar pelo menos 300 mil toneladas a menos. 

Este volume equivale a um quarto das exportações brasileiras no último ano comercial, quase um terço das importações. E para se ter uma ideia, apenas cinco estados brasileiros produzem mais do que 300 mil toneladas deste cereal. O Uruguai, com problemas ainda mais graves de clima, também enfrenta perdas importantes, o que deve contrabalançar o aumento de área e produção no Paraguai e Argentina e promover um relativo equilíbrio no Mercosul.

O segundo fator determinante de preços mais fortes em plena safra, é o ingresso em definitivo da soja no portfólio de comercialização dos produtores. Com alta liquidez e representando quase 30% da área cultivada com arroz, a soja se tornou o grão a ser negociado no pico da safra de arroz, capitalizando o produtor e reduzindo a pressão de oferta. O cenário ainda tem nas exportações brasileiras uma boa notícia. Apesar do gargalo enfrentado no Porto de Rio Grande, onde a soja predomina na luta por espaço para os embarques, com o tradicional jeitinho brasileiro e alguns ajustes, operadores e tradings estão conseguindo carregar. Desta forma, a demanda é maior nas regiões do entorno do Porto, Zona Sul e Planície Costeira Interna à Lagoa dos Patos, os preços mais aquecidos e o mercado todo se movimenta.

Por fim, mas não menos importante, os baixos estoques públicos nesta temporada, mensurados em pouco mais de 600 mil toneladas, das quais uma parte importante teria baixa qualidade de consumo, mantém o mercado bastante equilibrado, o que ajuda a manter preços mais adequados e superiores aos custos de produção. A alta interna, no entanto, traz seus riscos. Está confirmado para o final deste mês o terceiro desembarque de arroz da Ásia no Nordeste brasileiro, resultado de importações.

Outra preocupação do setor é com os próximos movimentos do governo federal, pois no momento em que os preços do arroz começarem a pressionar a inflação nas gôndolas dos supermercados, é provável que a União entre com leilões de oferta. Fontes ligadas ao governo cogitam que numa escalada maior nas próximas semanas, devem ser ligadas as luzes de alerta na Conab e no MAPA, com possibilidade de deflagrar uma oferta de até 200 mil toneladas ainda no primeiro semestre. Isso representaria um terço do volume disponível para os estoques reguladores. O outro gatilho na mão do governo é a redução da Tarifa Externa Comum, de 12%, sobre as importações de países não integrantes do Mercosul.

El Niño

Outro fator que também está contribuindo para sustentar preços mais remuneradores aos arrozeiros nesta safra é o anúncio de que a próxima temporada terá a ocorrência do fenômeno climático El Niño, de forte intensidade. As chuvas acima do normal devem começar em junho e prosseguirem até dezembro, cobrindo toda a época de semeadura. Por isso, os técnicos têm recomendado que os produtores que já colheram adotem práticas de preparação antecipada do solo. O risco é que o clima não dê trégua na melhor época de plantio. Com o preparo antecipado, o tempo de semeadura e preparação final, entre setembro de novembro, é menor, portanto dá pra aproveitar qualquer janela de bom tempo.

Safra
Apesar das chuvas no último final de semana, e que em algumas regiões perduram até esta terça-feira (6/5), a colheita vai bem no Sul do Brasil. No Rio Grande do Sul a preocupação é o rápido declínio da produtividade nas lavouras do tarde, que estão sendo colhidas agora. Em Santa Catarina já chega a mais de 98% e no Rio Grande do Sul, segundo o Irga, até a última semana superou os 95%. Foram 7,8 milhões de toneladas colhidas em 1.061.310 hectares. A produtividade média apresentou queda em relação à última semana, totalizando 7.384 quilos por hectare – variando de 6.440 quilos por hectare, na Planície Costeira Externa, a 7.921 quilos por hectare, na Fronteira Oeste.

A diferença em relação ao percentual colhido diminuiu nas seis regiões arrozeiras do estado. A Fronteira Oeste se mantém como a mais adiantada, com quase 99% da área colhida, enquanto a Depressão Central apresenta 91% da área colhida, o menor percentual entre as regiões. Nos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Alegrete, Rosário do Sul, Capivari, Palmares do Sul, Torres e Viamão, a colheita já foi finalizada.

A má notícia da semana fica por conta do impacto do aumento da energia elétrica no custo de produção do arroz. Estudo da Farsul indica que o reajuste acrescentará R$ 121,00 por hectare de desembolso às lavouras arrozeiras gaúchas.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 36,00 para a saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o produto beneficiado em 60 quilos, sem ICMS, vale R$ 73,00. A quirera e o canjicão, ambos em sacas de R$ 60 quilos (Fob), são cotados a R$ 37,50. Já o farelo de arroz (Fob/Arroio do Meio – RS) alcança valor de R$ 340,00 a tonelada. A expectativa dos analistas é de que os preços sigam firmes nas próximas semanas, exceto se houver alguma ação surpreendente do governo federal como a oferta de produto dos estoques públicos.

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Fonte:
Planeta Arroz

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