Safra 2023/24 dos EUA começou, já tem 2% de milho plantado, além de muito frio e muita neve!

A safra 2023/24 dos Estados Unidos começou efetivamente. Números reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontaram que 2% da área destinada ao milho já foi semeada, com o índice ficando alinhado com a expectativa do mercado, com o mesmo período do ano passado e com a média dos últimos cinco anos. O boletim apontou ainda 4% de semeadura concluída no algodão, mesmo número da sessão anterior e menor do que a média plurianual de 5%. 

Ao mesmo tempo em que monitora o início da nova safra de verão, o mercado futuro norte-americano também segue bastante atento à fragilidade da safra de trigo de inverno no país. O reporte do USDA apontou que apenas 28% dos campos estão em boas ou excelentes condições. 36% das lavouras do grão estão sendo classificadas como ruins ou péssimas e trata-se da pior classificação para um início de abril desde 1996. 

"A seca reduziu a produção de trigo de inverno em 2022 e, embora a estiagem seja menos generalizada agora do que há um ano, ela se intensificou nas Planícies do sul, focadas no trigo vermelho duro de inverno (HRW)", afirmou a especialista internacional em commodities, Karen Braun.

Começou a safra, começou o mercado climático norte-americano. "Sazonalmente, os períodos de abril a junho são de grande volatilidade para as cotações dos grãos na Bolsa de Chicago, uma vez que são meses de definição de área e produtividade", explica o time da Agrinvest Commodities. "O mercado está muito atento agora à cobertura de neve nos estados das planícies, que é ainda bastante eçevada e pode atrasar o início do plantio na região. Por outro lado, nos estados do Meio-Oeste já se espera uma rápida elevação das temperaturas do solo, visto que já não há mais cobertura de neve". 

As previsões, porém, começam a sinalizar algumas melhoras, de acordo com o reporte diário do Commodity Weather Group. Os mapas começam a sinalizar temperaturas um pouco mais altas, mas o tempo ainda seco em regiões importantes de produção, o que poderia favorecer o andamento dos trabalhos de campo ao se confirmarem. Nas imagens abaixo é possível perceber essa melhora na temperaturas a partir do dia 9 de abril. 

"Nevou nesta terça-feira na Dakota do Norte, Dakota do Sul e Minnesota, depois a previsão é de uma semana mais quente para derreter essa neve toda e melhoras as condições", informa o instituro norte-americano de meteorologia. 

As chuvas, porém, só aparecem de forma mais consistente nos modelos do CWG a partir do dia 14, também mostrando-se melhor distribuídas. 

No período dos próximos 16 a 30 dias, as regiões do sul do Meio-Oeste e do Delta já deverão registrar condições melhores, com temperaturas mais altas e chuvas para que os trabalhos de plantio possam avançar. 

No estado do Arkansas, algumas geadas já estão castigando campos de soja e milho precoces recém plantados, segundo o relato de agricultuores ao portal Successful Farming. "Por mais que eu não quisesse replantar, precisava dessa informação. O ano passado funcionou tão bem que precisava saber se poderia repeti-lo", relatou Matt Miles sobre a soja. Na safra anterior, a oleaginosa demorou 30 dias para emergir, mas este ano aconteceu mais rápido e as plantas ficaram expostas ao clima adverso por mais tempo. 

"O milho, porém, congelou e voltou porque o ponto de crescimento ainda estava abaixo do solo", complementou Miles. "Agora, vamos monitorá-lo para ver se haverá uma perda de rendimento devido a isso. Há uma chance de ainda podermos plantar soja atrás do milho". 

"O ritmo de plantio vai definir o pico sazonal para as cotações de Chicago. Em anos de plantio mais rápido, as máximas sazonais se dão em maio, em anos de plantio mais tardio, as máximas se dão entre os meses de junho e julho", ainda como explicam os especialistas da Agrinvest. 

Para o consultor em agronegócios da Terra Agronegócios, Enio Fernandes, milho e soja ainda vão brigar por área nos Estados Unidos ainda, e o trigo tende a perder área e a questão será qual das outras duas culturas ocuparão este espaço que pode ser perdido pelo cereal. Será importante monitorar e a tendência é de que os números ainda mudem bastante até que o mercado conheça efetivamente a área 2023/24 dos EUA.