Bahia testa fungicida contra vassoura de bruxa em lavoura cacaueira

Publicado em 26/04/2022 10:30
Estudo inédito aposta em cinco produtos que podem solucionar o problema

Fruto-símbolo da Bahia, o cacau, tão bem retratado na literatura de Jorge Amado e na teledramaturgia global, em seus tempos áureos já sustentou a economia do Estado. Aí veio a vassoura de bruxa – doença que dizimou as lavouras – e, para além dos prejuízos financeiros, desestimulou muitos agricultores a continuar apostando na cultura. Agora, a cacauicultura baiana vive um momento de retomada, e as expectativas são as melhores. Doenças e pragas ainda impõem risco ao cultivo, mas a aposta em um fungicida eficaz contra o maior inimigo das lavouras de cacau enche os produtores rurais de esperança.

O fungicida, resultado de uma pesquisa desenvolvida pela Ceplac com apoio do Sistema Faeb/Senar e da Syngenta, já está em fase de teste, com fortes indicativos de sucesso. Durante dois anos, os pesquisadores vão observar a eficiência dos cinco produtos no controle da vassoura de bruxa. Se responder bem, a Bahia pode se tornar pioneira no mundo a identificar uma substância contra a doença. Além do controle sanitário nas lavouras, o fungicida vai contribuir para aumentar a produtividade e a qualidade das amêndoas, fatores que interferem diretamente na rentabilidade do produtor rural. A Bahia é o maior produtor nacional do fruto. Só no ano passado foram colhidas mais de 140 mil toneladas. Com o manejo adequado e sem o risco da doença, esse número pode ser ainda maior nos próximos ciclos após a liberação do fungicida.

Além de apoiar a pesquisa que resultará no defensivo químico, o Senar Bahia tem proporcionado Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) aos cacauicultores do Estado. Os testes aliados à assistência contribuem para o crescimento e fortalecimento do setor. Até o momento, a entidade já assiste 1500 produtores do Sul da Bahia, levando conhecimento e tecnologia aos cadastrados. A ação integra o programa de incentivo de cadeias prioritárias, do Senar Central.

“A ATeG tem uma metodologia bem definida, que perpassa por cinco etapas: diagnóstico, planejamento, adequação tecnológica, capacitação e análise de resultados. Durante dois anos, o produtor tem atendimento mensal de quatro horas em sua propriedade, de forma personalizada e adequada para a sua realidade”, explicou o gerente de Assistência Técnica do Senar Bahia, Gabriel Menezes.

Segundo ele, quando colocados em prática, essas técnicas e conhecimentos contribuem para o aumento de produtividade e renda dos produtores. “Nossa missão é transformar a vida das pessoas e a transformação começa pelo conhecimento. Por isso, apostamos também na capacitação dos técnicos que vão a campo compartilhar o seu saber”, ressalta.

Recentemente mais de 50 profissionais que atuam na Assistência Técnica e Gerencial na cacauicultura passaram por curso de atualização, realizado também em parceria com a Ceplac, na sede do órgão, em Itabuna. Em cinco dias, eles discutiram técnicas de adubação, poda, enxertia e clones.

Desafio Tecnológico fomenta o cultivo sustentável

Além das ações voltadas aos técnicos de campo e aos agricultores, o Sistema Faeb/Senar e o Sebrae se uniram em uma iniciativa com foco nos empreendedores do ramo da tecnologia. Trata-se de um desafio tecnológico para fomentar o desenvolvimento de soluções para o cultivo sustentável do cacau. Com subsídio de R$ 100 mil para os vencedores, o programa visa estimular projetos tecnológicos voltados para o manejo da cabruca – sistema agroflorestal que consorcia a lavoura do cacau com árvores da mata atlântica –.

De acordo com dados oficiais da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), o modelo representa mais de 80% do cultivo do cacau baiano, cujas lavouras localizadas no Sul do Estado são sombreadas pela mata nativa.

“O impacto desse desafio não é apenas econômico, mas ambiental também, pois fomentamos um cultivo sustentável e a geração de negócios verdes”, completou o vice-presidente Administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Guilherme Moura.

O Desafio já anunciou as três startups finalistas que irão desenvolver soluções aplicáveis em propriedades rurais produtoras de cacau, a fim de melhorar a produção, a produtividade e tornar o produtor rural mais competitivo no mercado. Os vencedores vão desenvolver soluções que sirvam como instrumento para a realização do Inventário Florestal – documento técnico que contempla censo florestal, coleta de dados de campo, identificação botânica, fitossociologia, planejamento e gestão, além de servir como base para autorização de manejo da cabruca.

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Fonte:
Faeb

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