Rabobank: produção de leite no Brasil está caminhando para redução no segundo trimestre

Publicado em 13/05/2020 15:29 e atualizado em 14/05/2020 07:15
Será preciso uma redução anual de 2% na produção de leite em 2020 para equilibrar a oferta e a demanda, dada a queda esperada na demanda local e as importações mais baixas

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De acordo com relatório sobre os impactos do coronavírus sobre a produção global de leite, publicado esta semana pelo Rabobank, um aumento significativo nos custos de alimentação, devido a um real mais fraco, colocou pressão adicional nas margens do produtor de leite no segundo trimestre de 2020. 

Como o real se desvalorizou em cerca de 30% desde o início do ano, os custos de milho e farelo de soja em moeda local aumentaram significativamente, pois os preços domésticos de grãos estão fortemente correlacionados aos preços de exportação em dólar. Isso resultou no aumento do preço do milho e da farinha de soja em 60% e 30%, respectivamente, nos últimos 12 meses. 

Ao mesmo tempo, os preços do leite estão diminuindo. De acordo com o Cepea, os preços líquidos do leite para fazenda foram de R$ 1,45/litro em março de 2020, comparados a R$ 1,48/litro em março de 2019. A preços atuais, muitos agricultores estão lutando para obter margens positivas nas principais regiões, o que resulta em menor uso de alimentos e redução de rebanho.

Após um declínio estimado de 1% no quarto trimestre de 2019 em relação ao ano anterior, é provável que a produção tenha diminuído em pelo menos 1% em relação a 2019 no primeiro trimestre de 2020 e está a caminho de novos declínios no segundo trimestre. As margens mais baixas continuam sendo um problema para os agricultores, e alguns processadores estão incentivando uma produção menor em algumas regiões.

A falta de chuva no sul do Brasil causou atrasos no crescimento da forragem, o que afetará a produção no meio do ano. Tradicionalmente, a região sul do Brasil aumenta a produção de leite de maio a julho; no entanto, este ano o aumento da produção será adiado e menor, pois o tempo seco pressionou o crescimento da forragem

O impacto da pandemia no consumo de alimentos e bebidas será muito significativo no primeiro e segundo trimestre, com medidas de distanciamento social em todo o Brasil potencialmente tendo impactos duradouros nos níveis de consumo, dependendo do aumento do desemprego e da gravidade da recessão futura. 

O Sebrae, uma agência privada de apoio a pequenas e médias empresas, informou que até 600.000 pequenas empresas fecharam de forma permanente ou temporária no início de abril, o que pode significar um risco de 9 milhões de empregos.

As empresas de laticínios registraram um aumento nas vendas de alguns produtos como mussarela, queijo prato e leite UHT, já que os consumidores aumentaram significativamente suas compras de produtos básicos em antecipação ao período de quarentena. As linhas de produtos mais caros, como iogurtes, sobremesas e queijo importado, caíram nas últimas semanas. 

As vendas de produtos para redes de food service caíram entre 70% e 90%, de acordo com as empresas entrevistadas pelo Rabobank, já que os restaurantes limitam a maior parte de seus negócios a entregas e reduziram seus estoques a um mínimo. As importações de laticínios caíram 30% até agora em 2020, enquanto as exportações aumentaram 16%, em parte como consequência de um dólar mais forte.

É necessário um decréscimo anual de 2% na produção de leite em 2020 para equilibrar a oferta e a demanda, dada a contração esperada na demanda doméstica e as importações mais baixas.

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Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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