Milho: Expectativas e tendências para a safra 12/13 na América do Sul
Estimativa da Safras & Mercado divulgada neste mês afirma que a área plantada com milho verão deve recuar 15,4% no Brasil, para 5,012 milhões de hectares. Para a safrinha, a redução na área do cereal deve ser de 9,3%, totalizando 6,313 milhões de toneladas. A área total destinada ao cultivo de milho no Brasil chegaria 13,18 milhões de hectares, recuo de 11,1% em relação ao plantio 11/12.
Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em sua primeira estimativa para a temporada prevê entre 7,04 e 7,25 milhões de hectares plantados com milho verão - redução entre 4% e 6,8% - e 7,59 milhões de hectares cultivados na segunda safra, similar a safra 2011/12. A área total de acordo com o órgão oscilaria entre 14,64 e 14,85 milhões de hectares, o que representa queda de entre 2% e 3,4% em relação ao cultivo da última temporada.
No entanto, essas previsões podem ser alteradas pelo curso do clima em importantes regiões produtoras brasileiras. O atraso nas chuvas no centro-oeste deve ocasionar o plantio da safrinha fora da janela ideal, diminuindo a produtividade das lavouras, além de menores investimentos em tecnologias e redução na área plantada.
No Rio Grande do Sul, produtores adiantaram plantio do milho primeira safra em função de previsões de menor umidade nos meses de janeiro e fevereiro. De acordo com o gerente técnico da Emater RS, Dulphe Machado Neto, o plantio já foi realizado em 62% dos 1,056 milhão de hectares a serem destinados ao cereal. A área é 6% menor em relação ao cultivo 11/12 devido à concorrência com a soja no Estado. Algumas regiões ainda foram atingidas por uma geada tardia no mês de setembro, levando ao replantio do cereal.
Goiás é um dos estados com menor índice de evolução da safra, com até 5% da área plantada, enquanto ano passado índice era de 29%, comprometendo plantio da safrinha. De acordo com o assessor técnico da Faeg, Leonardo Machado, grande parte dos produtores já havia adquirido sementes e fertilizantes para plantio do milho, que precisaria acontecer até fim de fevereiro. No entanto, semeadura somente será possível se lavouras com soja forem plantadas até o final de outubro.
O cereal enfrenta ainda nesta temporada a forte concorrência com a soja. Estimativa do Conselho Internacional de Grãos (IGC) divulgada nesta sexta-feira (26) aumenta em 7% a área destinada à soja no Brasil, com produção de 80,5 milhões de toneladas. Já para a safra global de milho, o Conselho prevê redução de 3 milhões de toneladas, passando para 830 milhões, refletindo menores previsões para os Estados Unidos e Ucrânia.
De acordo com reportagem divulgada nesta sexta-feira (26) no jornal Folha de S.Paulo, a situação na Argentina para o milho também não é favorável, pois o excesso de chuvas e atraso do plantio deve ocasionar quebra na produtividade. Agravando ainda mais o cenário mundial para o milho.
No entanto, segundo o consultor de mercado da Agripac, Pablo Adreani, a situação no país vizinho não é tão pessimista. “Argentina vive a primavera mais chuvosa dos últimos 20 anos. Precipitações têm atrasado levemente o plantio do milho, mas oferecem condições ideais para desenvolvimento da planta e, consequentemente, boa produtividade”, explica. A Argentina deve produzir 30 milhões de toneladas de milho nesta temporada.
De uma forma ou de outra, após perdas nas produções da Europa e EUA, a safra sul-americana será responsável por abastecer o mercado mundial pelos próximos meses.