Milho: Com foco nos fundamentos, mercado encerra pregão em queda pelo 2º dia consecutivo

Publicado em 22/07/2014 17:26

Pelo segundo dia consecutivo, as cotações futuras do milho fecharam o pregão desta terça-feira (22) do lado negativo da tabela. Ao longo dos negócios, as principais posições da commodity até esboçaram uma reação, porém não conseguiram sustentar o movimento de alta e encerraram do dia com perdas entre 3,50 e 3,50 pontos. O contrato setembro/14 recuou 1% e terminou a sessão cotado a US$ 3,60 por bushel. 

Os contratos do cereal alcançaram os menores níveis nos últimos 4 anos, pressionados pela perspectiva de que os produtores norte-americanos irão colher a segunda maior safra da história, projetada em 353,97 milhões de toneladas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Até o momento, cerca de 76% das lavouras de milho nos EUA apresentam boas ou excelentes condições, conforme última projeção do órgão.

Segundo informações da agência internacional de notícias Bloomberg, a classificação das plantações é mais alta para essa época do ano desde 2004. Por enquanto, as previsões climáticas indicam chuvas em algumas regiões produtoras nos EUA, que deverão beneficiar a cultura e as temperaturas mais frias poderão limitar o estresse em algumas localidades mais secas.

Consequentemente, em algumas localidades no Sul do estado de Illinois o rendimento das plantações de milho pode alcançar um recorde de 204,5 sacas por hectare, conforme dados da Bloomberg. A projeção, se confirmada, poderá representar um aumento de 29% em relação à média dos últimos cinco anos. 

Frente a esse cenário, os preços futuros do milho já acumulam perda de 13% somente durante o mês de julho. Alguns analistas e consultorias relatam que os preços do cereal podem, inclusive, alcançar o patamar de US$ 3,50 por bushel. 

Enquanto isso, as notícias do lado da demanda não são fortes o suficiente para impulsionar os preços na CBOT, segundo os analistas de mercado. Ainda nesta segunda-feira, o USDA divulgou os embarques do produto norte-americano em 939.791 mil toneladas até a semana encerrada no dia 17 de junho. Na semana anterior, o volume foi de 946.313 mil toneladas.

Mercado interno

A queda nos preços no mercado internacional também tem pressionado os preços no mercado interno brasileiro, segundo informações do Cepea. Além disso, a evolução da colheita da safrinha contribui para exercer pressão negativa nas cotações domésticas. Com isso, em muitas praças, os preços da saca do cereal estão abaixo dos valores mínimos fixados pelo Governo.

Entre os dias 14 a 21 de julho, o Indicador Esalq, referente à região de Campinas (SP), apresentou um recuo de 3,6% e, terminou a segunda-feira cotado a R$ 23,10 a saca. Desde o início do mês, a redução é de 8%. As informações foram divulgadas pelo Cepea. 

Diante desse cenário, a comercialização da segunda safra de milho segue em ritmo lento em boa parte do país. De um lado, parte dos produtores segura o produto à espera de melhores oportunidades de negociação, enquanto que, os compradores adquirem o milho da mão pra boca. 

No Oeste do PR, a saca do milho é negociada a R$ 18,50, uma queda de 20% em relação ao preço praticado no final de abril. Segundo o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, o valor está aquém do que o agricultor precisa e a cotação deveria estar em torno de R$ 21,00 a saca.

“Se compararmos com a saca de soja, que é negociada a R$ 56,00 na região, o milho deveria estar pelo menos em R$ 22,00. Temos um momento de grande oferta no Brasil, queda no mercado internacional e dólar mais baixo, a conjuntura não é favorável. Porém, eu diria aos produtores aguardarem um pouco e que não se precipitem em vender o cereal nesses patamares. O mercado terá que dar uma nova cara ao milho, que é um produto importante para o mercado”, orienta o presidente. 

Exportações brasileiras

Enquanto isso, as exportações brasileiras de milho totalizaram 104,7 mil toneladas, até a terceira semana de julho. A média diária embarcada foi de 7,5 mil toneladas. O volume exportado representa uma alta de 70,7% em relação ao mês anterior. Já em comparação com o mesmo período do ano passado, a quantidade é 76,5% inferior.

Ainda assim, as exportações de milho do país renderam US$ 22 milhões, com média diária de US$ 1,6 milhão. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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