Milho: Preços fecham com mais de 2% de alta na BM&F com dólar e excesso de chuvas no Brasil

Publicado em 08/07/2015 18:05

Na sessão desta quarta-feira (8) na BM&F Bovespa, os principais vencimentos do milho fecharam o dia com altas expressivas que superaram 2%, com o contrato setembro/15 encerrando o dia valendo R$ 28,00 por saca e o novembro/15 com R$ 28,94. Já o janeiro/16 subiu 1,37% e fechou acima dos R$ 29,00 por saca. 

O avanço do cereal na bolsa brasileiro, segundo explicarama analistas, refletiu a preocupação com excesso de chuvas em áreas produtoras do Brasil e da previsão de mais precipitações nos próximos dias. Em muitas localidades, as chuvas constantes paralisaram os trabalhos nos campos e há preocupação em relação ao índice elevado de umidade e grãos ardidos. E, por enquanto, para os próximos dias, as previsões climáticas ainda indicam precipitações. Até o momento, os estados com maior volume acumulado é o Paraná, Santa Catarina e sul de Mato Grosso do Sul.

No oeste do Paraná, como relatou o consultor de mercado Márcio Genciano, da MGS Rural, a colheita da segunda safra de milho está parada há duas semanas e os produtores já começam a ver os grãos perdendo a qualidade nos campos. 

"Os produtores precisam colher - muitas vezes - com excesso de umidade porque eles não sabem o que vai acontecer e podem vir mais chuvas, isso acaba gerando um custo maior de secagem lá na frente", explica o consultor. Para Genciano, os problemas climáticos afetam, até o momento, a qualidade do produto, que em alguns casos, o acúmulo de chuvas provoca grãos ardidos ou brotados.

Ainda de acordo com o consultor, além do clima, a sustentação para os preços do milho no mercado interno - que sobem no interior do país e ainda garantem bons patamares nos portos - vem também da alta do dólar. Com um ganho de mais de 1% da moeda americana nesta quarta-feira, em Paranaguá, o valor da saca manteve os R$ 30,00. 

Entretanto, analistas afirmam ainda que o potencial da safrinha continua muito grande e que esse é o principal fator de pressão sobre os preços, ou ao menos, o limitador de altas pontuais como essas. 


"Não ficaria surpreso se chegássemos a 55 milhões de toneladas. Claro que estamos na boca da safra e é natural a pressão pela oferta, um frete e armazém mais complicado, porém, com as exportações começando a girar devemos trazer liquidez ao mercado e ajudando a sustentar as cotações e também contribuir para enxugar o mercado", acredita Anderson Galvão, analista de mercado 

Ainda segundo ele, as exportações brasileiras deverão ficar próximas de 23 milhões de toneladas nesta temporada. "O sistema logístico se mostra capaz de levar até 30 milhões de toneladas de milho, caso o mercado internacional seja tomador dessa quantidade. Frente aos problemas com o clima em outros países poderemos ver compras para o suprimento doméstico dos mesmos. É um momento de bastante cautela", sinaliza Galvão.da Céleres Consultoria.

Mercado Internacional

Em Chicago, os preços da soja fecharam próximos da estabilidade, com ganhos de pouco mais de 1 ponto entre os principais vencimentos, os quais seguem mantendo o patamar dos US$ 4,00 por bushel. 

Segundo informações do noticiário internacional, os investidores voltaram a focar o comportamento do clima no Meio-Oeste dos EUA. Conforme os últimos mapas do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, entre os dias 8 a 15 de julho, alguns estados como Indiana e Ohio poderão acumular chuvas de até 76,2 milímetros. Ambas as regiões estão entre as mais afetadas com as precipitações recentes, no caso do milho.

Segundo informações do noticiário internacional, os investidores voltaram a focar o comportamento do clima no Meio-Oeste dos EUA. Conforme os últimos mapas do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, entre os dias 8 a 15 de julho, alguns estados como Indiana e Ohio poderão acumular chuvas de até 76,2 milímetros. Ambas as regiões estão entre as mais afetadas com as precipitações recentes, no caso do milho.

De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em torno de 21% das lavouras de milho em Indiana apresentavam condições ruins ou muito ruins, até o último domingo (5). Em Ohio, o índice era de 15%, em Missouri, cerca de 16% das plantações estavam condições ruins e na Carolina do Norte, o número era de 18%.

Chuvas nos EUA entre os dias 8 a 15 de julho - Fonte: NOAA

Chuvas nos EUA entre os dias 8 a 15 de julho - Fonte: NOAA

Principalmente, nas duas últimas semanas o clima tem sido a principal variável de suporte aos preços do cereal. Isso porque, apesar de concluído o plantio, há muitas especulações em relação às perdas nas lavouras devido aos altos índices acumulados de chuvas e as áreas encharcadas. E, segundo dados da Somar Meteorologia, a segunda quinzena de julho deverá ser mais chuvosa nos EUA, o que poderá manter as condições não tão favoráveis ao pleno desenvolvimento das lavouras. Destacando que o mês de julho é o mais importante para a consolidação da produção do milho norte-americano.

Na visão do analista de Anderson Galvão, há duas hipóteses para o mercado. "Caso haja a consolidação do excesso de chuvas nas próximas duas semanas e o impacto sobre o potencial produtivo das plantas nos EUA, voltaremos a ver cotações mais firmes para o milho. Se tivermos uma estiagem e o clima voltar ao ideal, os produtores devem estar preparados, pois podemos voltar a trabalhar abaixo dos US$ 4,00 por bushel", destaca.

Contudo, o analista ainda ressalta que a visão para o mercado de milho nesta temporada é de neutra para altista. "Temos estoques globais ajustados e a demanda internacional é firme. A África do Sul, que é um país importante para o abastecimento do cereal no continente, está tendo que importar o grão devido à quebra na safra do país", afirma Galvão.

Além disso, há a configuração de um El Niño em 2015, o que poderá impactar a produção de cereais, de uma forma geral, em outros países, ainda conforme diz o analista. "Poderemos ter chuvas abaixo do normal na Índia, China e Austrália, o que pode implicar em uma produção menor de cereais, fator que traz sensibilidade e nervosismo ao mercado, no sentido de ajudar a sustentar as cotações", completa.

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Por:
Carla Mendes e Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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