Milho: Redução da safrinha deve puxar preços no Brasil em meados de 2018

Publicado em 23/11/2017 13:33

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As últimas projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam uma queda na segunda safra de milho do Brasil em 2018 - reflexo de uma conjunção de fatores - e já são esperadas reações entre os preços do cereal. No entanto, essas são reações que podem demorar ainda a chegar, dada a oferta confortável pela qual passa o país, ao menos por enquanto. 

Com o atraso do início do plantio da soja em função da demora na chegada das chuvas em importantes regiões produtoras Brasil a fora, os produtores pretendem investir menos na cultura, dada a janela mais estreita para os trabalhos de campo. Os investimentos são altos e os resultados poderão ficar prejudicados. 

Os dados mostram que a segunda safra deverá ser de algo próximo a 67.107,9 milhões de toneladas 2016/17, contra 67.355,1 milhões de toneladas 2017/18. Essa baixa, porém, pode ser mais expressiva caso os problemas, principalmente climáticos, continuem a ser registrado nos campos, bem como as preocupações dos produtores. 

Somente em Mato Grosso, de acordo com números do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a baixa poderá ser de 18,75% na segunda safra do estado - com uma queda de 10% da área para 4,2 milhões de hectares. "E essa queda se dá por conta dos preços baixos e esse início de semeadura da soja que acabou acontecendo mais tardiamente do que no ano passado", explica Ângelo Ozelame, gestor técnico do instituto. A produtividade de Mato Grosso na safrinha também é esperada para ser menor, podendo passar de 107 para 97 sacas por hectare.

No Maranhão, 30% da área inicialmente estimada para o milho safrinha não serão cultivados nesta próxima temporada, segundo relata o presidente da Aprosoja MA, José Carlos Oliveira de Paula, em entrevista ao Notícias Agrícolas. "Não adianta arriscar. Mesmo usando uma tecnologia boa, é arriscar e, hoje, o custo está muito alto. Então, a maioria dos produtores está retraído no caso do milho", diz. 

A situação não é diferente no Paraná. Muitas regiões produtoras do estado estão com um atraso no plantio e no desenvolvimento da soja, com a janela para a semeadura da safrinha também ajustada. "Se for para investir bem, já dá medo, porque se produz menos e não fecha o custo", explica Ildefonso Ausec, produtor rural de Doutor Camargo, no noroeste paranaense. 

Nos arredores de Pato Branco, o cenário é parecido. Cálculos feitos para a região mostram que para cada dia de atraso no plantio do cereal, a possibilidade de perda de produtividade é de 3 a 5 sacas por hectare, de acordo com o presidente do Sindicato Rural local, Oradi Caldato.

Impactos no Mercado

Com a confirmação desse quadro, o mercado brasileiro de milho pode chegar a um momento de oferta mais ajustada e, portanto, cotações melhores. No entanto, como explica o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o Brasil ainda vira o ano com uma quantidade de produto que limita essa reação dos preços e um movimento de mudança deverá ser observado apenas em meados de abril e maio de 2018. 

As cotações futuras do milho - base porto - já se mostram melhores. Nesse momento, variam entre R$ 29,50 e R$ 30,00 por saca e, quando observados os meses de julho e agosto do ano que vem, o patamar sobre para algo entre R$ 32,00 e R$ 34,00. Ainda assim, como explica Brandalizze, estes são preços que ainda não atraem os vendedores. 

Com esse nível, as cotações no interior de Mato Grosso, descontando o frete, leva as cotações a um intervalo de R$ 16,00 e R$ 17,00, que não estimula novos negócios dado, mais uma vez, o alto custo de produçãodo grão. 

Dessa forma, a comercialização da safrinha de milho está parada no país. "Podemos dizer que a comercialização nem andou. Temos menos de 5% da safrinha vendida, enquanto, em outros anos, já era algo de 20% a 30% nessa época", explica o consultor. "Os produtores estão comprando insumos, sementes, com recursos próprios, buscando alternativas, mas os negócios estão parados", completa. 

Para os negócios voltarem a fluir, ainda segundo Brandalizze, e também considerando o interior de Mato Grosso, os valores nos portos teriam de alcançar entre R$ 36,00 e R$ 38,00, para liquidar em R$ 20,00 a R$ 22,00 no estado. 

Exportações

As exportações também perderam um pouco de ritmo no Brasil nos últimos meses e deverão, como relata o consultor, fechar o ano com números abaixo das expectativas. "As estimativas iniciais mostravam de 32 a 34 milhões de toneladas, devemos exportar 28 milhões ou até um pouco abaixo", diz.

"O produtor vendeu o que precisava, e os preços também não reagiram muito nos portos", complementa Brandalizze, ao explicar o esfriamento das vendas externas do Brasil. "E ele ainda segura parte de suas vendas para o ano que vem, por conta do ano fiscal". 

Além disso, embora os preços do milho estejam alinhados com os dos demais exportadores, seus prêmios são mais elevados neste momento. O cereal do Brasil conta com algo entre 55 e 70 cents de dólar por bushel acima dos valores praticados em Chicago, contra o americano, que tem de 35 a 40 cents. 

Boas Notícias

Esse cenário, porém, é temporário, ainda de acordo com Brandalizze. "No ano que vem, tudo muda. A produção e as exportações americanas serão menores (com as vendas caindo cerca de 10 milhões de toneladas) e vão abrir espaço para o Brasil", relata. 

Além disso, a China deverá atuar com mais expressão nas importações de milho no próximo anos, com uma demanda prevista para crescer, até 2020, 10 milhões de toneladas por ano, como explica o consultor. A força principal vem do setor do etanol, onde a proposta é se aumentar para 10% o volume do combustível na gasolina, que hoje fica entre 2% e 3%. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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3 comentários

  • Guilherme Frederico Lamb Assis - SP

    Eu já fechei o planejamento da safrinha..., no ano que vem, 30% da área de plantio que tradicionalmente é de milho vai ser plantada com crotalária. Mesmo essa tendo condições de ser plantada no final de fevereiro... Os 70% restantes vão de milho, porem com um orçamento de insumos restrito a R$ 900,00 por há.

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  • jonatan murata guaira - PR

    Com custos elevadíssimos e margem muito apertada para a próxima safrinha de MILHO 18/18, este ano, mais uma vez é PREJUÍZO na certa para o produtor rural..., planta quem não faz conta, cooperativas e empresas de insumos fazem a safra na venda do produto e o agricultor que fica de sol a sol no campo que fica com todo o RISCO, eles fazem muitas contas para dar preços nos insumos e outros serviços, mas na agricultura não funciona dessa maneira...nem sempre 1 mais 1 é 2,nem todo ano nós colhemos bem. Falam que para diluir custos tem que produzir mais...mas para isso temos que fazer mais investimentos e se ENTERRAR em cooperativa e bancos...Estamos cansados de colher tanto...desgastar nossos maquinários e o resultado virar em NADA. Até quando as empresas vão achar que o agricultor vai aguentar segurar as pontas da cadeia...REALMENTE é um DESANIMO GENERALIZADO...Não sei se perceberam mas esses agricultores honrados e trabalhadores estão envelhecendo...será que vão querer passar esses sofrimentos para a próxima geração "não me toque"...será que vão querer que seus filhos comem poeira e se contaminam uma safra inteira e o resultado virar em nada?Esta é uma questão de se pensar num futuro próximo...

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    • Celio Porto Fernandes Filho Espírito Santo do Pinhal - SP

      Não é diferente para o produtor de cafe. Está se enterrando para continuar produzir. Não tem recursos para encerrar suas atividades, tanto é o seu endividamento por falta de renda na atividade.

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    • Dalzir Vitoria Uberlândia - MG

      Jonathan,.. sobre milho... a safra atual tem tudo para ter boa rentabilidade... safra tardia de soja... clima..etc.. tanto é que o mercado de milho atual era mais baixo e dá sinais de subir... e quem baliza é o mercado interno... Chicago está mais baixo.. aguardemos pra saber... mas, na minha opinião, é que a safra de milho de 2018 sera rentável...

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  • carlo meloni sao paulo - SP

    Aqueles que plantaram soja em novembro deverao ir para o trigo, mas melhor seria nao plantar nada na safrinha.

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    • marcio aldir graf Manoel Ribas - PR

      Trigo ?? é mais uma bomba... mais um tiro no pé.... melhor plantar aveia e fazer cobertura, ao menos não dá prejuízo...

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