Safra cheia e vendas concentradas pressionam o milho; produtor que puder segurar pode ter vantagem
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O avanço da colheita da safrinha 2025 mantém o mercado do milho pressionado e os preços em patamares baixos tanto no físico quanto na B3. Para o consultor de mercado Aaron Edwards, do Sistema Manancial, esse cenário já era esperado para esta época do ano, mas traz desafios importantes para os produtores.
“É normal termos pressão nos preços em julho e agosto. O milho B3 está lateralizado, o que, em pleno período de colheita, pode até indicar a formação de um piso. Mas em Chicago, o momento é mais preocupante”, afirma Edwards, destacando que os fundos especulativos seguem fortemente posicionados na venda e que a safra norte-americana ainda está em fase de desenvolvimento.
O especialista lembra que, mesmo com preços baixos, há sinais de firmeza na demanda global, especialmente porque o milho está barato. “Esse descompasso entre oferta e demanda persiste. O mundo consome mais milho do que produz. Mas enquanto houver pressão de venda por parte dos produtores, será difícil ver uma reação consistente nos preços”, pontua.
A situação é agravada por fatores externos, como a recente elevação de tarifas por parte dos Estados Unidos sobre países compradores, como o Japão. “Esse tipo de notícia impacta diretamente o mercado, ainda mais do lado especulativo. E, com uma boa safra nos EUA e no Brasil, o mercado vê qualquer alta como oportunidade de venda, o que limita qualquer movimento positivo mais duradouro”, diz.
No caso do Brasil, Edwards acredita que o produtor que puder segurar o milho por mais tempo terá vantagem. “Se você consegue armazenar até o fim do ano ou início de 2026, há boas chances de preços melhores. Mas quem precisa vender agora, no pico da safra, precisa pensar em estratégias para se proteger”, recomenda.
Segundo ele, essa estratégia passa pelo uso de ferramentas de hedge e pela profissionalização da comercialização. “O problema do milho a céu aberto no Brasil não vai desaparecer de um ano para o outro. A nossa produção cresceu mais rápido do que a capacidade de armazenagem. Quem vende ano após ano no auge da safra vai sofrer”, alerta.
Apesar do atual momento de abundância global de grãos, o consultor acredita que as perspectivas de demanda seguirão firmes. “A notícia boa pode vir do lado da exportação. O milho brasileiro tem espaço lá fora, e isso pode ajudar a aliviar parte da pressão interna”, conclui.
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