Produção de DDGS avança no Nordeste com redução de custos para a pecuária e abre novas fronteiras de exportação

Publicado em 05/08/2025 07:06 e atualizado em 23/09/2025 13:45
Com alto teor de proteína e produção crescente no Maranhão, coproduto do milho transforma o cenário da nutrição animal no Brasil

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Com a chegada da biorrefinaria de grãos da Inpasa no Maranhão, o Brasil passa a ocupar lugar de destaque no cenário nacional e internacional na produção de coprodutos do etanol de milho. Entre eles, o DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles) — grãos secos de destilaria com solúveis — que vem  ganhando protagonismo como alternativa nutricional altamente competitiva para o mercado de rações e pecuária.

A planta, inaugurada em 2025, já nasce com vocação para crescer: a Inpasa anunciou investimentos que somam R$ 2,5 bilhões para dobrar a capacidade da unidade. Com isso, a produção de DDGS poderá ultrapassar 490 mil toneladas anuais somente na região de Balsas/MA, com potencial de atender tanto o mercado interno quanto às novas oportunidades de exportação.

Nos últimos cinco anos, a produção de DDG e DDGS cresceu 142%, evidenciando o avanço da economia circular no setor. O que antes era considerado subproduto hoje ganha status de ativo valorizado, com potencial de geração de renda, substituição de ingredientes tradicionais e impacto positivo na sustentabilidade da pecuária.

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Confira a evolução da produção de DDGS | Fonte: IMEA

A produção brasileira de DDG e DDGS alcançou quase 4 milhões de toneladas na safra 2024/25, segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Desse total, 21,8% foram destinados à exportação, enquanto a maior parte foi absorvida pelo mercado interno, com destaque para as cadeias da bovinocultura, suinocultura e avicultura.

A projeção do instituto é de que o país alcance a marca de 6 milhões de toneladas até a safra 2030/31, o que representa um crescimento de 50% no volume produzido em apenas seis anos. Para dar vazão a esse avanço, o setor deverá investir em estratégias robustas de ampliação de mercados, tanto no Brasil quanto no exterior, consolidando o DDGS como um dos pilares da nova bioindústria nacional.

De acordo com o Governador do estado do Maranhão, Carlos Brandão, com a unidade de Inpasa em Balsas produção de grãos do sul do estado vai ter um valor agregado e também gerar renda à população local. “O milho produzido aqui a maior parte era destinado à exportação, e sempre me perguntei por que não investir na produção de DDGS? Assim  vai fortalecer outras cadeias produtivas”, informou ao Notícias Agrícolas.

“Com a produção de DDGS vamos conseguir trazer indústrias frigoríficas para o estado do Maranhão e vamos conseguir viabilizar a produção pecuária”, destacou em entrevista exclusiva. 

A expansão da produção de DDGS no Nordeste, em uma região que tradicionalmente depende da importação de insumos para rações, representa uma mudança estrutural importante. O Maranhão passa a figurar como produtor de um ingrediente chave para a nutrição animal, o que pode aliviar custos logísticos, fomentar a produção local e ampliar a competitividade da pecuária regional.

A localização estratégica de Balsas facilita o escoamento do DDGS tanto para consumo regional quanto para exportação. O acesso à Ferrovia Norte-Sul, aos corredores logísticos do agronegócio e ao porto de Itaqui/MA permite que o coproduto chegue aos mercados consumidores com agilidade e menor custo de frete.

Alternativa ao farelo de soja

Com alto teor de proteína — cerca de 28% — e excelente digestibilidade, o DDGS vem ganhando espaço como alternativa nutricional na formulação de rações para bovinos, suínos e aves. 

Estudos conduzidos em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA) apontam que a inclusão de 5% a 15% de DDGS na dieta de vacas leiteiras gerou resultados positivos, com ganhos produtivos e econômicos expressivos. 

A substituição parcial do farelo de soja pelo DDGS não apenas reduz o custo das rações, mas também melhora o desempenho dos animais e contribui para práticas mais sustentáveis nas propriedades rurais.

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Uso do DDGS na nutrição animal | Foto: Inpasa

Novos mercados

Ainda neste ano, os governos brasileiro e chinês assinaram um protocolo de intenções voltado ao comércio de DDG e DDGS, produtos utilizados na alimentação animal e resultantes da produção de etanol de milho. A informação foi divulgada pela Unem (União Nacional do Etanol de Milho) em comunicado oficial.

Entre 2009 e 2015, o consumo chinês de DDGS passou de 3,5 para 9,9 milhões de toneladas em virtude da ausência de cotas tarifárias, aliada à sua eficiência nutricional e econômica, reorganizando significativamente a matriz alimentar e contribuindo para o excedente de milho nacional. Assim, os DDGs têm se tornado uma variável crítica na política de segurança alimentar da China e na estabilidade do seu mercado interno de grãos.

A sinalização do mercado chinês não apenas confirma a valorização internacional do produto, como também representa um passo decisivo para o Brasil na diversificação de seus destinos de exportação — especialmente em um segmento até então dominado por concorrentes como os Estados Unidos.

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DDGS da Inpasa já conta com certificações como Halal, Kosher, RenovaBio, ABEA e ISO 9001 | Crédito: Inpasa

Durante a missão comercial, a Unem deve visitar empresas chinesas com potencial importador, como a estatal Cofco e a Wilmar Tianjin, reforçando os laços comerciais e explorando oportunidades de negócios bilaterais.

Com relação às exportações, o Brasil embarcou US$ 190,6 milhões em DDG em 2024, tendo como principais destinos o Vietnã, Turquia, Nova Zelândia, Espanha e Tailândia. A entrada da China nesse mercado pode elevar consideravelmente o volume comercializado e consolidar o país asiático como um dos principais compradores do coproduto brasileiro.

O produto da Inpasa já conta com certificações como Halal, Kosher, RenovaBio, ABEA e ISO 9001, o que aumenta sua competitividade no cenário global. De acordo com o Vice-Presidente da companhia, Gustavo Mariano, destacou que a Inpasa é a única empresa da América Latina a produzir o DDGS sem adição de antibióticos, conservativos e de enxofre.

“Assim nós conseguimos aumentar a digestibilidade dos macros e micros nutrientes em toda a cadeia animal. Dessa forma permite que esse produto venha a ser consumido em aves, suínos, pecuária de corte e leiteira, inclusive até para ração para animal de estimação em virtude da qualidade”, informou a liderança da empresa durante o seu discurso de inauguração da unidade em Balsas/MA.

O DDGS produzido no Nordeste, especialmente na nova unidade da Inpasa em Balsas (MA), já representa 99% do volume exportado pelo Brasil para outros países, segundo destacou Gustavo Mariano, da Inpasa. O produto da companhia já está em 17 países e em quatro continentes diferentes, consolidando o Brasil como novo player global na oferta de proteína vegetal para nutrição animal.

Além da importância no comércio exterior, Mariano ressalta que o DDGS tem potencial transformador para a realidade do campo. “Em regiões onde predomina a pecuária extensiva, o DDGS pode viabilizar a transição para sistemas de confinamento ou semi-confinamento, otimizando o uso da terra, liberando áreas para agricultura e agregando valor à produção local”, afirma.

A expansão desse coproduto, segundo ele, conecta o avanço tecnológico da agroindústria à intensificação sustentável da produção, gerando impactos positivos diretos para a renda e a produtividade dos produtores rurais.

Confira a primeira reportagem e descubra como essa transformação está movimentando a economia do Nordeste e abrindo novas fronteiras para o agro brasileiro.

Também assista a entrevista exclusiva com o Governador do Maranhão, Carlos Brandão sobre o impacto da chegada da Inpasa, geração de renda, valorização do milho e o futuro das indústrias agrícolas no estado.

A Inpasa amplia seu papel na bioindústria nordestina com o crescimento da fabricação de óleo de milho bruto — insumo que ganha espaço tanto na indústria alimentícia quanto na produção de biodiesel.

Na próxima reportagem especial, vamos mostrar como o aumento da procura por alternativas ao óleo de soja está aquecendo o mercado, e por que o Maranhão, agora com capacidade industrial instalada, se torna um novo polo estratégico para esse segmento em plena expansão.

🌽 Acompanhe os detalhes sobre produção, logística, exportações e o que esperar do futuro do óleo de milho no Brasil.

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*A jornalista do Notícias Agrícolas viajou a Balsas/MA a convite do Governo do Maranhão para acompanhar a inauguração da maior biorrefinaria de etanol de milho da América Latina.

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Por:
Andressa Simão | Instagram @apautadodia
Fonte:
Notícias Agrícolas

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