Petrobras exporta recorde de petróleo em abril, com China minimizando crise

Publicado em 04/05/2020 15:56

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Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras exportou recorde de 1 milhão de barris por dia de petróleo em abril, alta de 145% ante mesmo mês de 2019, favorecida pela qualidade do óleo do pré-sal apesar de uma crise global no setor, e prevê manter a performance com a retomada da demanda da China e ações para desenvolver novos mercados.

O recorde anterior era de 771 mil barris por dia, alcançado em dezembro de 2019.

O novo resultado ocorre em período desafiador, com grande redução da demanda global por petróleo e derivados, ocasionada pelo surto do novo coronavírus, com quedas expressivas do valor do barril do petróleo.

À Reuters, a diretora executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, Anelise Lara, explicou que as exportações da petroleira para a China, principal destino das vendas externas da empresa, continuam evoluindo bem e que a tendência "segue firme".

"Claro que os preços estão menores, mas o comércio externo continua atuante. Até agora nossas exportações de petróleo estão muito bem. Vamos ver para os próximos meses, mas a China é muito resiliente", afirmou Lara.

No primeiro quadrimestre de 2020, a China foi o principal destino das vendas, absorvendo 60% do petróleo exportado pela estatal, informou a petroleira em um comunicado ao mercado nesta segunda-feira.

Além do gigante asiático, a Petrobras usualmente comercializa petróleo para os mercados norte-americano, europeu, indiano e outros destinos na Ásia.

Segundo a empresa, os esforços para exportação de sua produção são empenhados após o atendimento da demanda interna, que atualmente sofre contração.

No comunicado da Petrobras, a diretora Anelise Lara afirmou ainda que a petroleira está se beneficiando de novas regras marítimas internacionais, que levaram a um aumento da demanda por seu petróleo com baixo teor de enxofre, e também de investimentos realizados em logística.

A Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) passou a exigir neste ano menor teor de enxofre para o combustível marítimo ("bunker"), o que pode ser obtido a menor custo com uso do petróleo do pré-sal.

FATORES POSITIVOS

Raphael Portela, analista sênior da Wood Mackenzie, pontuou à Reuters que a China foi o primeiro país a ser afetado pela pandemia e agora está lentamente retornando à atividade econômica normal, o que representa uma oportunidade para a Petrobras.

Além da demanda asiática e da procura pelo petróleo com baixo teor de enxofre, o especialista destacou que a empresa vem "investindo bastante em logística de exportação recentemente" e citou contrato assinado em 2019 para utilizar o Porto de Açu, além da realização de contratos com portos na China para armazenamento de alguns milhões de barris.

"A rapidez com que ela consegue transportar estes volumes para as refinarias chinesas se torna bem importante em momentos de crise. Há uma grande incerteza operacional entre todas as participantes da cadeia de valor petroleira, inclusive as refinadoras, já que prever o nível de demanda já não é mais um exercício fácil", disse Portela.

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, afirmou que o recorde na exportação de petróleo mostra que a companhia vem sendo bem-sucedida na colocação do óleo produzido em suas plataformas.

No entanto, o especialista ponderou que há ainda uma preocupação a respeito dos descontos que podem ter sido concedidos no petróleo comercializado.

"A Saudi Aramco, por exemplo, promoveu cortes em seus preços para clientes asiáticos. Assim, diante de maior concorrência, a Petrobras pode ter sido obrigada a baixar seus preços para não perder estes clientes", disse o especialista, ao afirmar que a publicação dos resultados financeiros na próxima semana será importante para se conhecer o peso na receita da queda de preços deste mercado.

Apesar do recorde, as ações preferenciais da petroleira recuavam cerca de 4% às 15h50. O petróleo Brent subia 3% no mesmo horário.

O crescimento das exportações em abril acompanha tendência observada no primeiro trimestre de 2020, quando as vendas externas subiram 25% em relação ao trimestre anterior.

Ao publicar o resultado da produção dos primeiros três meses do ano, na semana passada, a Petrobras informou que reviu um corte de produção anteriormente previsto para abril, após verificar uma demanda melhor do que a esperada por seus produtos, especialmente os exportados.

(Por Marta Nogueira)

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Fonte:
Reuters

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