Na FOLHA: Janot diz que Procuradoria vai denunciar 11 executivos

Publicado em 07/12/2014 08:36
Janot vem tentando costurar um acordo com as empresas que acabaria por impedir que as investigações atinjam a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

O procurador-geral da república, Rodrigo Janot, irá denunciar à Justiça Federal, na próxima semana, 11 executivos de seis empreiteiras por pelo menos cinco crimes relacionados à Operação Lava Jato, que apura o escândalo da Petrobras, segundo reportagem deste sábado (6) do "Jornal Nacional".

Os executivos, que estão presos na Polícia Federal em Curitiba (PR), serão denunciados por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude a licitação e formação de cartel, ainda segundo o "JN". O procurador ainda analisa se irá denunciá-los também por organização criminosa.

Janot também divulgou no sábado nota pública e mensagem interna aos membros do Ministério Público Federal para defender a atuação do órgão na Operação Lava Jato. Na nota, Janot disse que não permitirá que "prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros da instituição", respondendo a "recentes notícias veiculadas na imprensa".

Em sua última edição, a revista "IstoÉ" publicou reportagem na qual relata reuniões realizadas por Janot com advogados das empreiteiras acusadas de formar cartel.

Em encontros realizados nos últimos sete meses, Janot vem tentando costurar um acordo com as empresas que, segundo a revista, acabaria por impedir que as investigações atinjam a presidente Dilma e o ex-presidente Lula.

Em um e-mail encaminhado à rede interna do Ministério Público Federal que inclui todos os procuradores, Janot afirmou que jamais aceitará "qualquer acordo que implique exclusão de condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente".

Janot também disse estar "indignado" com "ataques injustos" que vem sofrendo.

 

Datafolha mostra que 68% responsabilizam Dilma por corrupção

Apesar disso, a taxa de aprovação ao governo da petista não sofreu alteração significativa desde o fim da eleição

A menos de um mês da posse de seu novo mandato, metade acha que a presidente fará uma gestão melhor

DE SÃO PAULO

De cada dez brasileiros, sete acham que a presidente Dilma Rousseff tem alguma responsabilidade no escândalo da Petrobras, envolvendo empreiteiras e políticos. É o que mostra pesquisa Datafolha realizada em 2 e 3 de dezembro com 2.896 entrevistas.

Apesar disso, as revelações da Operação Lava Jato não provocaram alteração relevante em sua imagem.

Para 42%, a gestão Dilma é boa ou ótima. É a mesma taxa de 21 de outubro, quando, no final da eleição-- com propaganda diária na TV--, ela atingiu seu melhor patamar desde junho de 2013.

Já a desaprovação sofreu leve mudança: eram 20% os que julgavam Dilma ruim ou péssima, são 24% agora. A margem de erro é de dois pontos.

A petista chega à véspera do início de seu segundo mandato com 50% do eleitorado achando que ela fará um bom governo daqui para frente.

O patamar é 23 pontos menor que o observado antes da posse de 2011, porém melhor que o do tucano Fernando Henrique Cardoso na véspera de seu segundo mandato, em 1998 (41%). O Datafolha não fez essa pergunta antes da segunda posse de Lula.

Outros dados dão pistas sobre a razão da imobilidade da popularidade de Dilma apesar da associação de seu nome com o caso Petrobras.

A preocupação com a corrupção tem caído. Em junho, era o principal problema do país para 14%. Agora, para apenas 9%. Saúde segue líder desse ranking com 43% das citações; seguida de violência/segurança, com 18%.

Além disso, 40% acham que nunca houve tanta punição aos corruptos como hoje.

 

ANÁLISE

Embora estável, a situação do governo não é tranquila

Petista tem as expectativas menos otimistas desde a reeleição de FHC

MAURO PAULINODIRETOR-GERAL DO DATAFOLHAALESSANDRO JANONIDIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

A aparente estabilidade na aprovação ao governo Dilma Rousseff pode surpreender os que acompanharam a evolução dos acontecimentos pós-eleições. O esforço da oposição em manter-se ativa como representante dos que saíram insatisfeitos das urnas, as novas revelações do escândalo da Petrobras e o debate sobre o perfil do novo ministério não impactaram a avaliação da opinião pública sobre o desempenho geral do governo.

No caso de corrupção na Petrobras, apesar da grande maioria ter ouvido falar do tema e ver responsabilidade da presidente no episódio, efeitos mais expressivos na imagem da petista são anulados pelo reconhecimento por parte dos entrevistados de que no seu governo há investigação e punição dos envolvidos.

Quanto às mobilizações populares da oposição, sua ocorrência localizada e regional --assim como o ruído em suas intenções-- tem servido muito mais para fixar a ideia de provincianismo na empreitada do que propriamente para gerar fato político relevante para a população.

Mas o quadro está longe de ser confortável para o governo. O crescimento de quatro pontos na reprovação a Dilma reflete a percepção dos primeiros movimentos da presidente em direção ao seu 2º mandato. O teor das ações desperta insegurança no imaginário de parte dos brasileiros sobre o futuro, sobretudo em relação à economia. O otimismo que a campanha petista injetou no eleitorado durante o 2º turno, ancorada em comparações com a gestão tucana, desidrata-se agora diante dos fatos recentes.

A austeridade no discurso da nova equipe econômica, a confusão sobre o projeto que altera as metas do governo, o aumento dos juros e de preços, compõem um cenário de incertezas que aumenta a desconfiança da população.

Além do refluxo pessimista sobre inflação, poder de compra e desemprego, o crescimento de cinco pontos percentuais ao longo dos últimos quatro anos na taxa dos que citam espontaneamente a economia como a área de pior desempenho do governo Dilma e o recuo de seis pontos no índice dos que citam o setor como o de melhor atuação nesse espaço de tempo surgem como ameaça para os próximos meses de governo.

A petista apresenta o menor índice de otimismo na taxa de expectativa do novo governo desde a reeleição de FHC. Ao se considerar o conceito de satisfação como o de expectativa atendida, dado seu patamar minguado, Dilma deveria estabelecer como meta a elevação de sua aprovação para taxas superiores aos 50% de expectativa atual.

Demandas represadas desde as manifestações de 2013 aguardam espaço na agenda, travada pelas incertezas na economia. Em conjunto com o noticiário sobre corrupção podem despertar novamente os fantasmas de junho.

 

Planalto de pressões (Editorial)

Dificuldades políticas de Dilma se agravam às vésperas de seu novo mandato, às voltas com o escândalo da Petrobras

De positivo, do ponto de vista de seu fortalecimento político, a presidente Dilma Rousseff (PT) pode contar com pouca coisa neste período pós-eleitoral.

A nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda foi bem recebida, e não só pelos setores financeiros, no que sinaliza de empenho para corrigir o crescente descontrole na economia.

Em relação à inflação, por exemplo, o que se vinha verificando era bem mais do que um simples desajuste nos preços. A sistemática recusa a enfrentar a realidade, recamando-a de cosméticos contábeis, parece ter sido interrompida.

Se a atitude representa tanto um mea-culpa como uma afirmação da personalidade presidencial, decorre daí uma consequência quase automática --um relativo distanciamento entre Dilma e seu partido.

A indicação de um ortodoxo para a área econômica acabou absorvida pelos setores mais duros do PT. Nada indica, todavia, que venha a ser essa a única fonte de descontentamentos da agremiação.

A reforma ministerial diminuirá, pelo que se insinua, o espaço do governo entregue ao petismo; além da dependência do Planalto com relação ao PMDB, que se agravou, surgem novos comensais na festa fisiológica, com o PSD, de Gilberto Kassab, em posição destacada.

Natural que o PT, sequioso por acomodar sua plêiade de derrotados nas urnas, seja um potencial gerador de atritos nesse rearranjo.

Outro formigueiro de dificuldades, cujas dimensões mal se prospectam, está no caso Petrobras. Até que ponto atingirá a Presidência é uma pergunta não de todo descabida, mas que talvez cumpra, neste momento, substituir por outra.

Dilma terá condições de atribuir plena responsabilidade dos desmandos na estatal a esquemas erigidos em gestões anteriores, separando-se dos escândalos dos anos Lula? O episódio dificilmente teria tomado a dimensão atual não fosse a nota, redigida de próprio punho, em que a presidente expunha suas reservas quanto à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

Fica assim ambígua a situação política de Dilma Rousseff. Se o escândalo pode fortalecer-lhe a autonomia em relação à camisa de força petista, não se sabe que flancos expõe sobre sua conduta ou, muito menos, a de ministros que ainda nem chegou a nomear.

Em suma, o velho mito da faxineira tinha sentido quando se tratava de eliminar sujeiras localizadas. O quadro muda quando, para fazer a limpeza, seria necessário trocar as próprias fundações do chão em que se pisa.

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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1 comentário

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    O procurador Rodrigo Janot quer com esses acordos proteger o PT, Lula e Dilma. Ele pode estar montando um acórdão com empreiteiras corruptas para colocar o governo do PT como vitima de cartel e não como criador de esquema criminoso. O PT é o comando vermelho da política. Falta o chefe.

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