S&P 500 em sua máxima histórica enquanto Ibovespa patina sem sair do lugar…

Publicado em 23/12/2014 13:07
por Rodrigo Constantino, de veja.com

S&P 500 em sua máxima histórica enquanto Ibovespa patina sem sair do lugar…

O S&P 500, índice de ações das principais empresas americanas, bateu seu recorde e se encontra em seu patamar máximo histórico, perto de 2100 pontos. Sinal de que os investidores apostam na recuperação da economia, ou que há liquidez demais no sistema em busca de ativos, e resta alguma confiança em ativos reais como empresas. De uma forma ou de outra, a bolsa americana atingiu seu pico em termos nominais.

Enquanto isso, abaixo da linha do Equador, em certo país tropical… o Ibovespa patina sem sair do lugar, preso nos 50 mil pontos. Lembrando que o patamar nominal no caso brasileiro vale menos, pois temos uma inflação bem maior. Ou seja, os 50 mil pontos de hoje valem bem menos do que o mesmo patamar atingido há 5 anos. A inflação nesse período ultrapassa 30%. Quem investiu na bolsa aqui, perdeu.

Se usarmos esse indicador como um termômetro para avaliar o grau de confiança e otimismo dos investidores com as respectivas economias, então o Brasil vai muito mal mesmo. Comparando os dois índices na mesma moeda, o dólar, fica mais claro como nosso mercado de capitais vem sofrendo durante a gestão da presidente Dilma:

S&P 500 x EWZ (Ibovespa em US$). Fonte: Bloomberg

S&P 500 x EWZ (Ibovespa em US$). Fonte: Bloomberg

O S&P 500 praticamente triplicou de valor em relação ao EWZ, o Ibovespa em dólares. Isso apenas durante o governo Dilma, que culpa uma suposta “crise internacional” por nossos graves problemas. Como fica claro, não há tal crise para os americanos. O Brasil virou um “patinho feio” nos mercados internacionais, e isso se deve basicamente às trapalhadas do próprio governo.

Terminado o ciclo de alta das commodities puxado pelo acelerado crescimento chinês, a maré baixou e ficou visível quem nadava nu. O Brasil era um deles. Os podres começaram a aparecer e o humor dos investidores não é o mesmo. Não há mais aquela benevolência ou mesmo negligência ao analisar nossos fundamentos. A feiúra ficou exposta.

Gostaria de concluir que isso é apenas uma fase e que a partir de agora tudo será melhor. Mas meu apreço pela verdade e meu realismo me impedem de “dourar a pílula”. O que vem por aí não é nada bom. Algo me diz que o Ibovespa continuará tendo um desempenho medíocre e inferior ao do S&P 500.

É triste, pois um país emergente como o Brasil tinha a obrigação de crescer mais e empolgar os investidores, atraindo seu capital. Em contrapartida, temos um Banco Central que precisa rever suas previsões sempre para baixo, como fez hoje mesmo, derrubando para 0,2% a estimativa de crescimento para 2014.

Nos Estados Unidos, quando o governo entrega resultados tão ruins, costuma ser punido nas urnas. No Brasil, pasmem!, as urnas eletrônicas decidiram dar mais quatro anos de mandato ao atual governo, responsável por essa desgraça econômica. É idolatrar demais o fracasso…

Rodrigo Constantino

 

A turbulência de 2015 está dada: é possível manter a esperança?

Chega a ser contrastante, à primeira vista, ler a minha coluna de hoje no GLOBO, falando de esperança, e depois ler o artigo de Paulo Rabello de Castro, logo abaixo do meu, com um grave tom de alerta para o que nos aguarda em 2015. Mas não divergimos tanto assim. Falamos apenas de prazos diferentes.

A análise do Paulo, quem muito respeito, é precisa: o Brasil está regredindo na gestão da economia, e na melhor das hipóteses podemos esperar mais do mesmo no ano que vem. Se assim for, creio que já será motivo para soltar fogos de artifício. O mais provável é a situação se deteriorar ainda mais, entrando em recessão apesar da alta inflação. Diz o economista:

O que mais estarrece e faz congelar o sentimento empresarial é não conseguirmos enxergar um palmo à frente. Aquela sensação de o país ser “a bola da vez”, na hora da arrancada para a prosperidade, foi se desmanchando nos anos recentes pela constatação de que a economia brasileira não estava indo a lugar nenhum, isso se não estiver rumando para uma quebradeira bestial, ao início de 2015. Os gestores da economia confiaram cegamente no hiperciclo das commodities, surfando os altos preços do agronegócio e dos minérios, como se a bonança pudesse durar para sempre. Concentraram fichas no setor de óleo, gás e petroquímica, sem o mínimo cuidado de planejar uma indústria forte e diversificada. O retorno ao que já fomos será duríssimo, isso se caminho houver.

São palavras duras, que estragam nosso otimismo típico da véspera da Natal. Mas ele está certo, claro, e o realismo é necessário. Colocar um nome forte à frente da economia não resolve nada, como lembra Paulo. São muitas trapalhadas feitas pelo governo Dilma, e a conta vai chegar inevitavelmente. O modelo tem sido completamente equivocado, desestimulando o empreendedorismo e estimulando o ócio. Os pagadores de impostos não aguentam mais.

Como, então, conciliar essa visão lúgubre com meu texto em tom mais esperançoso? Simples: concordo com tudo o que Paulo diz, mas acho que há a possibilidade de revertermos isso. Não hoje, tampouco em 2015 ou mesmo 2016. Mas olhando mais à frente. Há ventos de mudança no ar. O país do “governo grátis”, como ele diz, entende cada vez mais que de gratuito não há nada quando se trata de governo. Ele custa, e muito caro, além de ser muito ineficiente.

Ainda é preciso levar tal mensagem a muito mais gente, e por isso os esforços de instituições como o Instituto Liberal e o Movimento Brasil Eficiente são tão importantes. Educar o eleitor é o passo fundamental para mudar. A mentalidade do brasileiro médio precisa mudar. Ele precisa se dar conta de que quanto mais demandar do governo, maior será a parcela de seu salário subtraída por Brasília. E já chega a quase metade do que ganha hoje!

É impossível olhar o Brasil de hoje e ser otimista no curto prazo. Mas é possível ter esperança no amanhã, desde que de forma realista, como reforço no meu texto, e ciente de que é preciso arregaçar as mangas e lutar por isso. A esperança num futuro melhor começa pelo combate às ideias erradas, e também pela oposição ao atual governo, que representa justamente todo esse equívoco intelectual, sem falar da roubalheira desenfreada.

Rodrigo Constantino

 

 

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Fonte:
veja.com

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