China está pronta para resposta proporcional a tarifas dos EUA, diz embaixador chinês

Publicado em 01/04/2018 21:51

PEQUIM (Reuters) - A China vai adotar contramedidas da "mesma proporção" e escala se os Estados Unidos aplicarem tarifas sobre os bens chineses, disse o embaixador chinês em Washington, em meio a crescentes temores de uma guerra comercial.

Cui Tiankai deu a declaração antes do esperado anúncio nesta semana de tarifas dos EUA de 50 bilhões a 60 bilhões de dólares sobre importações chinesas após uma investigação segundo a Seção 301 do Trade Act de 1974 dos EUA.

"Se eles fizerem isso, nós com certeza adotaremos contramedidas da mesma proporção, e da mesma escala, da mesma intensidade", disse Cui em entrevista publicada no site da China Global Television Network (CGTN) e transmitida pela televisão estatal na terça-feira.

No domingo a China anunciou tarifas sobre 3 bilhões de dólares em importações de alimentos e outros produtos dos EUA em resposta às tarifas norte-americanas sobre importações de alumínio e aço, um conflito que os investidores temem que seja um prelúdio de uma ampla guerra comercial.

A investigação sob a Seção 301 iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, é centrada em acusações de roubo de propriedade intelectual e transferência forçada de tecnologia pela China, o que Pequim nega.

Índices acionários da China recuam com preocupações renovadas sobre guerra comercial

XANGAI (Reuters) - Os mercados acionários da China recuaram nesta terça-feira, em meio aos renovados temores de um guerra comercial depois que Pequim divulgou medidas comerciais retaliatórias contra os Estados Unidos.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,62 por cento, enquanto o índice de Xangai teve queda de 0,85 por cento.

A China elevou tarifas em até 25 por cento sobre 128 produtos dos Estados Unidos, de carne suína congelada e vinho a certas frutas e nozes, ampliando a disputa entre as duas maiores economias do mundo em resposta à tarifas norte-americanas sobre as importações de aço e alumínio.

As ações relacionadas à agricultura contrariam a tendência e avançaram 0,47 por cento, uma vez que investidores acreditam que essas empresas vão se beneficiar das medidas de retaliação de Pequim, com os produtores de suínos avançando com força em particular.

No restante da região os mercados apresentaram fraqueza diante dos temores sobre a guerra comercial e das preocupações com as empresas de tecnologia.

O índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, tinha alta de 0,09 por cento às 7:36 (horário de Brasília).

. Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,45 por cento, a 21.292 pontos.

. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,29 por cento, a 30.180 pontos.

. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,85 por cento, a 3.136 pontos.

. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,62 por cento, a 3.862 pontos.

. Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,07 por cento, a 2.442 pontos.

. Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,61 por cento, a 10.821 pontos.

. Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,54 por cento, a 3.412 pontos.

. Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,13 por cento, a 5.751 pontos.

China impõe taxa de 25% na carne suína americana em retaliação às tarifas de Trump

A Comissão de Tarifas Aduaneiras da China vai impor uma tarifa de importação de 25% sobre produtos como carne suína. Foi anunciada também uma tarifa de 15% sobre 120 outras commodities, que vão de amêndoas a maçãs.

A resposta chinesa pode afetar produtores rurais norte-americanos, muitos dos quais são de regiões que votaram em Trump em 2016. 

Os Estados Unidos exportaram cerca de US$ 20 bilhões à China em 2017.

Os produtores americanos de carne suína, em particular, enviaram US$ 1,1 bilhão em produtos ao país, tornando a China o terceiro maior mercado para o setor.

Produtores de carne suína dos EUA devem ser bastante prejudicados pelas novas tarifas chinesas. Criadores de suínos e frigoríficos expandiram seus plantéis e construíram grandes unidades de processamento com a expectativa de exportações maiores.

Em Eagle Grove, no Estado de Iowa, a Prestage Farms está construindo uma unidade para processar carne que teria como destino a China e outros países. Ron Prestage, presidente do negócio de família, teme que a planta possa ser vítima da disputa comercial com a China.

O lucro da chinesa WH, maior processadora mundial de carne suína, também deve ser afetado pelas tarifas. A WH comprou a norte-americana Smithfield em 2013, e uma das razões para a aquisição era tirar vantagem da diferença entre os preços de carne suína nos EUA e na China.

A carne norte-americana costuma custar menos do que a chinesa por causa da escala e da eficiência da indústria dos EUA. Além disso, partes dos animais que os americanos não costumam consumir, como fígado e coração, por exemplo, podem ser vendidos na China por preços mais altos.

Richard Owen, vice-presidente da Associação de Comercialização de Frutas dos EUA, disse na semana passada que as tarifas também prejudicariam toda a cadeia de suprimentos da indústria de frutas do país. Os EUA exportam grandes quantias de cerejas, maçãs, uvas e cítricos para a China, bem como ameixas, peras e morangos.

As tarifas respondem às taxas de 25% para importações de aço e 15% para as de alumínio impostas por Trump, em 23 de março. O presidente americano ainda anunciou planos de elevar as tarifas sobre cerca de US$ 50 bilhões em produtos chineses. 

A Casa Branca ainda não comentou.

O ministério das Finanças chinês afirmou, em uma nota, que as novas tarifas começam a valer na segunda-feira (2). Segundo comunicado do ministério chinês, as medidas dos EUA violam regras relevantes da Organização Mundial do Comércio (OMC), não cumprem os requisitos para serem classificadas como "exceções de segurança" e na verdade constituem medidas de salvaguarda.

O comunicado diz ainda que isso causou sérios danos aos interesses chineses. "As tarifas impostas pela China são legítimas e têm como objetivo defender seus interesses", disse o ministério.

O anúncio ocorre após seguidos avisos de oficias chineses nas últimas semanas, que já indicavam uma escalada na disputa comercial entre as duas economias. 

No total a China vai impor novas tarifas a 128 produtos americanos, As taxas devem afetar cerca de US$ 3 bilhões de produtos, que incluem frutas, carnes e alguns tipos de oleoginosas. A soja não foi citada no comunicado.

Em Pequim, senadora diz que EUA estão acordando para abusos chineses

PEQUIM (Reuters) - A política dos Estados Unidos em relação à China foi mal direcionada por décadas e os parlamentares agora estão reequilibrando os laços, disse a senadora Elizabeth Warren a repórteres durante uma visita a Pequim, em meio a crescentes tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

A democrata de Massachusetts e adversária de Trump, apontada como potencial candidata à presidência em 2020 apesar de rejeitar tal especulação, disse que a política comercial dos EUA precisa ser repensada e que ela não tem medo de tarifação.

Depois de presumir erroneamente por anos que o engajamento econômico levaria a uma China mais aberta, o governo dos EUA está acordando para as demandas chinesas para que as empresas americanas desistam de seu know-how em troca do acesso a seu mercado, disse Warren.

"Toda a política foi mal direcionada. Dissemos a nós mesmos uma história feliz que nunca se ajusta aos fatos", disse Warren a repórteres no sábado, durante uma visita de três dias à China, que começou na sexta-feira.

"Agora, os parlamentares dos EUA começam a procurar de forma mais agressiva pressionar a China a abrir os mercados sem exigir um preço refém do acesso à tecnologia dos EUA", disse ela.

(Por Michael Martina)

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Fonte:
Reuters/Estadão

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