Guerra comercial com China está “em suspenso” após acordo com EUA

Publicado em 20/05/2018 19:44
Trump disse que pode impor tarifas no futuro caso Pequim não leve adiante suas promessas
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou neste domingo que o governo do presidente Donald Trump colocou “em suspenso” a imposição de tarifas à China, após dias de negociações entre as partes. Segundo ele, porém, Trump pode no futuro impor tarifas, caso Pequim não leve adiante suas promessas.
Donald Trump e Xi Jinping

O governo americano deseja atingir uma alta de 35% a 40% em suas vendas no setor agrícola à China apenas neste ano (Jonathan Ernst/Reuters)

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou neste domingo que o governo do presidente Donald Trump colocou “em suspenso” a imposição de tarifas à China, após dias de negociações entre as partes. Segundo ele, porém, Trump pode no futuro impor tarifas, caso Pequim não leve adiante suas promessas.

“Conseguimos progresso muito significativo com a China nas negociações comerciais”, afirmou Mnuchin, durante entrevista à emissora Fox News. Segundo ele, foi fechado um marco, uma estrutura entre as partes, que incluirá uma redução “significativa” do déficit comercial americano com a potência asiática. “Há um acordo com a China para reduzir o déficit substancialmente”, enfatizou. 

Mnuchin citou alguns números específicos. Segundo ele, o governo americano deseja atingir uma alta de 35% a 40% em suas vendas no setor agrícola à China apenas neste ano. No setor de energia, ele disse que a intenção é que as compras chinesas dobrem no futuro próximo: “É possível haver alta de 50, 60 bilhões de dólares em compras de energia [da China] nos próximos três a cinco anos”. Ele também disse que o secretário de Comércio, Wilbur Ross, visitará em breve a China e tratará, entre outros temas, de buscar maior abertura no setor de tecnologia.

A autoridade foi questionada pelo fato de que a China não teria aceitado a exigência de um corte de 200 bilhões de dólares no déficit comercial, sem se comprometer com metas específicas. Segundo Mnuchin, o governo não divulga suas metas, que variam a cada setor da economia.

Mnuchin também foi perguntado sobre o caso da ZTE, uma empresa chinesa que sofreu sanções por ter desobedecido uma proibição americana de fazer negócios com a Coreia do Norte e o Irã. Segundo ele, Trump quer que o governo seja duro com a ZTE. Nesta semana, contudo, o presidente americano disse que esse caso deve ser visto no contexto mais amplo das negociações bilaterais. Mnuchin afirmou, porém, que qualquer mudança que possa ser feita na punição à ZTE levará em conta a proteção da tecnologia e dos empregos americanos.

Na entrevista, o secretário do Tesouro tratou ainda das renegociações em andamento do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), que envolve EUA, Canadá e México. Segundo ele, Trump está mais preocupado em conseguir um bom acordo do que com prazos. Caso não seja possível votar o tratado reformulado logo, isso poderia ser feito pelo próximo Congresso, após as eleições legislativas americanas de novembro, comentou Mnuchin. “Ainda estamos distantes, mas trabalhamos para negociar um bom acordo”, disse.

Guerra comercial dos EUA com a China está em modo de espera, diz secretário do Tesouro Mnuchin (Reuters)

Por Lindsay Dunsmuir

WASHINGTON (Reuters) - A guerra comercial dos Estados Unidos com a China está em "modo de espera" depois que as duas maiores economias do mundo concordaram em abandonar suas ameaças de imposição de tarifas enquanto trabalham em um acordo de comércio mais amplo, disse neste domingo o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.

Mnuchin e o principal conselheiro econômico do presidente Donald Trump, Larry Kudlow, disseram que o acordo obtido entre negociadores chineses e americanos neste domingo define uma base comum para resolver desequilíbrios comerciais no futuro.

"Estamos colocando a guerra comercial em modo de espera. Agora mesmo, concordamos em aguardar antes de impor tarifas enquanto tentamos produzir uma estrutura", disse Mnuchin em entrevista ao "Fox News Sunday".

Na véspera, Pequim e Washington disseram que eles continuarão conversando sobre medidas pelas quais a China importaria mais commodities agrícolas e de energia dos Estados Unidos para fechar o déficit comercial anual em bens e serviços dos EUA com a China, que soma 335 bilhões de dólares.

Durante uma rodada inicial conversas no início deste mês em Pequim, Washington demando que a China reduza seu superavit comercial em 200 bilhões de dólares. O comunicado conjunto dos dois países no sábado não citou valores.

O secretário do Comércio, Wilbur Ross, planeja ir à China, disseram Mnuchin e Kudlow.

"Ele vai investigar um número de áreas onde teremos aumentos significativos", incluindo energia, gás natural liquefeito, agricultura e manufatura, Kudlow disse numa entrevista ao "This Week", da ABC.

Mnuchin disse que os EUA esperam ver um grande aumento entre 35 a 40 por cento em exportações agrícolas para a China e a duplicação das compras de energia nos próximos três a cinco anos.

"Temos objetivos específicos. Não vou divulgar publicamente quais eles são. Eles vão de indústria por indústria", disse Mnuchin.

China concorda em importar mais dos EUA, mas não sinaliza número de US$200 bi

Por Ginger Gibson

WASHINGTON (Reuters) - A China concordou em adotar medidas para aumentar as importações dos Estados Unidos e reduzir o déficit comercial dos EUA disseram os dois países neste sábado, embora sem mencionar a meta de 200 bilhões de dólares que a Casa Branco havia falado antes.

Pequim e Washington concordaram que continuarão conversando sobre medidas segundo as quais a China importará mais commodities dos EUA para reduzir o déficit comercial anual de 335 bilhões de dólares entre os dois países que ameaçou dar início a uma guerra comercial global.

"Houve consenso sobre adotar medidas efetivas para reduzir substancialmente o déficit comercial dos Estados Unidos em bens com a China", disse comunicado conjunto.

"Para atender às crescentes necessidades de consumo do povo chinês e à necessidade de desenvolvimento econômico de alta qualidade, a China vai aumentar de forma significativa as compras de bens e serviços dos EUA. "

O comunicado conclui negociações conjuntas realizadas na quinta e na sexta-feiras entre os dois países, que incluíram vários secretários de gabinete dos EUA e o vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado da China, Liu He.

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou adotar tarifas sobre até 150 bilhões de dólares em bens chineses para combater o que ele diz ser apropriação ilegal por Pequim de tecnologia norte-americana. Pequim ameaçou retaliação, incluindo tarifas sobre algumas das maiores importações dos EUA, incluindo aeronaves, soja e automóveis.

Trump fez da redução do déficit comercial entre os EUA e a China uma das principais promessas de sua campanha. Washington exigiu que a China reduzisse seu superávit comercial em 200 bilhões de dólares, número que a maioria dos economistas diz ser impossível de alcançar.

Alcançar uma redução de 200 bilhões de dólares no déficit comercial entre EUA e China de forma sustentável exigirá uma forte mudança na composição do comércio entre os dois países, o que provocou ceticismo entre economistas. O número é maior do que todas as exportações anuais agrícolas e de petróleo dos EUA.

 

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Fonte:
Reuters/Estadão

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