Dólar tem forte queda e vai abaixo de R$ 3,70 com maior intervenção do BC

Publicado em 21/05/2018 17:34

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - A atuação mais forte do Banco Central no mercado de câmbio e o aviso de que poderia ir além surtiu efeito e o dólar fechou a segunda-feira com queda superior a 1 por cento e abaixo do patamar de 3,70 reais, após ter subido nos seis pregões anteriores diante da cena externa de pressão.

O dólar recuou 1,35 por cento, a 3,6890 reais na venda, tendo batido 3,6808 reais na mínima do dia. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 1,35 por cento no final do dia.

Nos seis pregões anteriores, o dólar havia subido e acumulado valorização de 5,44 por cento, chegando próximo do patamar de 3,80 reais.

"O BC, que foi bastante criticado na semana passada, mostrou as caras para tentar conter a volatilidade do dólar", trouxe a Correparti Corretora em relatório.

Na noite de sexta-feira, após o fechamento dos mercados, o BC reforçou, pela segunda semana consecutiva, a atuação no mercado de câmbio, triplicando a oferta de novos swaps cambiais e frisou que sua atuação era separada da política monetária. E acrescentou que reservava o "direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário".

Na semana passada, o BC vendeu por dia apenas 5 mil novos swaps --equivalentes à venda futura de dólares. Nesta sessão, então, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 15 mil novos swaps, totalizando 2 bilhões de dólares em novos contratos.

O BC também vendeu integralmente 4.225 swaps tradicionais para rolagem dos contratos que vencem em junho, no total de 5,650 bilhões de dólares. Com isso, já rolou 4,383 bilhões de dólares. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.

"O BC deixou novas ofertas em suspenso, o que faz o mercado acalmar um pouco", comentou o operador de uma corretora local ao ponderar.

Desde abril até o pregão passado, a moeda norte-americana havia subido quase 45 centavos, ou pouco mais de 13 por cento frente ao real, em meio à percepção de que os juros nos Estados Unidos podem subir mais intensamente do que o inicialmente previsto.

Taxas elevadas na maior economia do mundo têm potencial de atrair recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro, considerados de maior risco.

Apesar da atuação mais firme do BC, a trajetória de alta da moeda norte-americana não foi alterada, avaliaram especialistas ouvidos pela Reuters. Isso não só por causa da perspectiva de mais juros nos Estados Unidos, como também diante dos desafios domésticos, com eleições bastante indefinidas à frente.

O recuo do dólar no mercado doméstico nesta sessão contou com a ajuda ainda do exterior, onde a moeda norte-americana recuava ante divisas de países emergentes e rondava a estabilidade ante a cesta de moedas.

Tesouro pode atuar com BC para dar mais equilíbrio aos mercados financeiros, diz Guardia

BRASÍLIA (Reuters) - Diante da forte pressão que os mercados financeiros vêm sofrendo nas últimas semanas, o Tesouro Nacional pode vir a atuar em conjunto com o Banco Central para trazer mais equilíbrio, apesar de reconhecer que o movimento de valorização do dólar é global e que não poderá ser contido pelo governo.

"Temos os instrumentos e podemos agir em conjunto com o BC para prevenir, evitar volatilidade no mercado de câmbio e juros", afirmou Guardia em inglês, ao participar de conferência com a imprensa internacional.

O tom do ministro subiu um pouco em relação à sexta-feira, quando em entrevista à Reuters afirmou que a ação do Tesouro não seria mudada diante dos movimentos do mercado financeiro e após o BC anunciar intervenção mais forte.

A autoridade monetária reforçou, pela segunda semana consecutiva, a atuação no mercado de câmbio, triplicando a oferta de novos swaps cambiais e frisou que sua atuação no câmbio era separada da política monetária. E acrescentou que se reservava o direito de realizar atuações discricionárias caso necessário.

Na semana passada, o BC vendeu por dia apenas 5 mil novos swaps --equivalentes à venda futura de dólares. O dólar recuava cerca de 0,70 por cento neste pregão, ao redor de 3,70 reais, depois de ter saltado para próximo de 3,80 reais na semana passada.

"Não podemos mudar a direção do câmbio", afirmou Guardia, afirmando que nesse cenário o governo só pode agir para evitar a volatilidade. Ele reiterou que o processo de normalização da política monetária dos Estados Unidos tem pressionado os mercados cambiais, com temores de que os juros do país subam mais do que o esperado e afetem o fluxo global de capitais.

A última vez que o BC atuou em conjunto com o Tesouro foi há um ano, quando delações de executivos do grupo J&F atingiram em cheio o presidente Michel Temer. Naquele momento, o Tesouro suspendeu parte de seus leilões tradicionais, e fez diversas ações extraordinárias de compra e venda de títulos.

As taxas dos DIs, seguindo a tendência externa e do dólar, saltaram nas últimas semanas. O contrato com vencimento em janeiro de 2021, um dos mais líquidos, havia subido 0,96 ponto percentual só neste mês, até o pregão passado.

"O Tesouro não é responsável por atuar ou intervir no mercado de câmbio, mas como temos grande colchão de liquidez no Tesouro, nos dias em que temos maior volatilidade ... o Tesouro pode não por mais pressão no mercado", afirmou Guardia.

O ministro destacou ainda que o Brasil tem forte proteção externa e boa capacidade para absorver eventuais impactos vindos de fora. Ele citou as elevadas reservas internacionais, baixa inflação, baixos juros e baixo déficit em transações correntes.

Guardia também disse esperar que a tensão comercial entre China e EUA arrefeça, mas pode que ela poderia criar oportunidades para o Brasil.

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Fonte:
Reuters

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