Rompimento de barragem da Vale em MG deixa ao menos 9 mortos e 300 desaparecidos

Publicado em 25/01/2019 16:28
Lama atinge comunidade e chega a afluente do Rio São Francisco

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O rompimento de barragem da mina Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), deixou pelo menos nove mortos e 300 desaparecidos, segundo informações do Corpo de Bombeiros do Estado divulgadas na manhã deste sábado.

Com o colapso da estrutura, ocorrido na sexta-feira, uma avalanche de lama de rejeitos atingiu parte da comunidade da Vila Ferteco e a área administrativa da própria empresa, onde havia centenas de funcionários.

Imagens aéreas televisionadas mostram grande quantidade de lama em meio a vegetações, além de estruturas urbanas atingidas, incluindo casas e veículos.

Outras 189 pessoas já foram resgatadas com vida, segundo o Corpo de Bombeiros.

Em entrevista na noite de sexta-feira, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que os principais atingidos pelo desastre foram funcionários próprios e terceiros da própria companhia, que tiveram restaurante e prédio administrativo soterrados, na hora do almoço.

Na ocasião, o executivo afirmou haver aproximadamente 300 pessoas trabalhando no local, sendo que cerca de 100 já haviam sido contactados pela empresa na própria sexta-feira.

Ainda não há informações sobre as causas da tragédia.

A Justiça de Minas Gerais acatou pedido do Estado e determinou o bloqueio de 1 bilhão de reais da Vale, com imediata transferência para uma conta judicial, devido ao rompimento da barragem.

Segundo dados da Vale repassados ao governo mineiro, havia 427 pessoas no local, sendo que 279 foram resgatadas vivas. A nota do governo diz que, no início da noite, 150 pessoas com algum vínculo com a empresa estavam desaparecidas --anteriormente, os bombeiros falaram em cerca de 200.

"No momento, a grande medida é ver sobreviventes, e informar às famílias dos atingidos", disse o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

Cerca de 100 bombeiros trabalharam no resgate de vítimas durante o dia, contingente que será dobrado a partir desta madrugada, disse o governo mineiro sobre as atividades de socorro, que também contam com o apoio de dezenas de helicópteros.

Um campo de futebol está sendo utilizado como área de avaliação e triagem das vítimas para atendimento médico.

"Estamos falando de uma quantidade provável grande de vitimas, não sabemos quantas são, mas sabemos que será um número grande", disse o presidente da Vale, Fabio Schvartsman. Ele afirmou no início da noite que a companhia conseguiu contatar cerca de 100 funcionários próprios ou terceirizados que foram atingidos pelo desabamento.

A barragem estava em processo de descomissionamento e já não vinha recebendo rejeitos de mineração nos últimos tempos, segundo Schvartsman.

O executivo, que disse estar "dilacerado" pelo acidente, acrescentou que a companhia foi surpreendida com a tragédia, uma vez que testes recentes na barragem demonstraram normalidade da estrutura. A tragédia ocorreu mais de três anos depois da barragem Fundão, da Samarco, joint venture da Vale e da BHP Billiton, ter se rompido em Mariana (MG), matando 19 pessoas e causando o pior desastre ambiental do Brasil.

Segundo informações da Vale, o Complexo de Paraopeba, onde está a mina de Feijão, produziu em 2017 cerca de 26 milhões de toneladas de minério ferro, representando 7 por cento da produção da Vale naquele ano. Além de Feijão, o complexo tem outras três minas, uma jazida e duas usinas de beneficiamento.

Schvartsman disse que uma única barragem do complexo se rompeu. Segundo ele, "uma segunda barragem transbordou, porque parte do vazamento se dirigiu a essa segunda barragem e houve um transbordamento, mas ela não rompeu". O Ministério de Meio Ambiente, porém, afirmou mais cedo que três barragens do complexo se romperam.

Comparando com o rompimento de barragem de Fundão, o presidente da Vale disse que "possivelmente o dano ambiental dessa vez será menor".

"Como era uma barragem inativa, o material dentro da barragem já era razoavelmente seco e consequentemente não tem esse poder de se deslocar por longas regiões. A parte ambiental deve ser muito menor e a tragédia humana terrível."

Segundo a Vale, a barragem em Brumadinho continha 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, ante 50 milhões que estavam depositados na barragem de Mariana, de acordo com o Ibama.

As ações da mineradora listadas na bolsa de Nova York fecharam em queda de 8 por cento nesta sexta-feira. No Brasil, a bolsa de valores não operou nesta sexta-feira em função de feriado municipal em São Paulo.

LAMA

Imagens aéreas enviadas pelo Corpo de Bombeiros mostraram lama espalhada por uma grande área em meio à vegetação. A altura da lama chegava ao telhado de casas e outras construções.

A Prefeitura de Brumadinho pediu que a população mantenha a distância do leito do Rio Paraopeba, um importante afluente do rio São Francisco e um dos que abastecem a região da Grande Belo Horizonte com água.

Apesar do desastre, a companhia estadual de água e saneamento de Minas Gerais, Copasa, afirmou que o abastecimento de água da região metropolitana de Belo Horizonte "não será prejudicado" com o rompimento da barragem da Vale.

A empresa informou ainda que o abastecimento da região atendida pelo sistema formado pelo rio Paraopeba "passará a ser realizado pelas represas do Rio Manso, Serra Azul, Várzea das Flores e pela captação a fio d'água do Rio das Velhas".

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a lama deverá se acumular na hidrelétrica Retiro Baixo, a 220 quilômetros do local do rompimento, "e possibilitará amortecimento da onda de rejeito. Estima-se que essa onda atingirá a usina em cerca de dois dias".

O Instituto Inhotim, um dos maiores centros de arte ao ar livre da América Latina e localizado em Brumadinho, foi esvaziado por segurança por causa do rompimento, informou a entidade.

O presidente Jair Bolsonaro, que deverá visitar a área atingida pelo rompimento no sábado, lamentou o ocorrido.

"Determinei o deslocamento dos ministros do Desenvolvimento Regional e Minas e Energia, bem como nosso Secretario Nacional de Defesa Civil para a região", afirmou ele, acrescentando que o ministro de Meio Ambiente também foi para o local.

Bolsonaro foi informado sobre o desastre quando estava em reunião com o ministro da Defesa, general Fernando de Azevedo e Silva, disse uma fonte do Palácio do Planalto.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O novo rompimento de uma barragem em Minas Gerais reacende questões sobre a segurança de tais estruturas.

Segundo relatório da Agência Nacional de Águas divulgado no final do ano passado, o número de barragens apontadas como mais vulneráveis subiu de 25 em 2016 para 45 em 2017. No relatório, aparecem uma série de barragens em Brumadinho, incluindo da Vale, com riscos de danos potenciais associados classificados como "alto".

Conforme o relatório, a maioria dos casos citados apresenta problemas de baixo nível de conservação. Das 45 barragens, 25 pertencem a órgãos e entidades públicas.

"Esse novo acidente mostra que o governo não pode colocar a questão ambiental em segundo plano, como vinha se pretendendo", afirmou a advogada Letícia Yumi Marques, consultora de Direito Ambiental do Peixoto & Cury Advogados.

Publicamente, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, já afirmou que o governo estuda acelerar e simplificar o modelo de licenciamento ambiental. Para Letícia, o rompimento da barragem deve dificultar esse afrouxamento, uma vez que a tragédia em Brumadinho, ocorrida poucos anos após o desastre em Mariana, ressalta fragilidades que não foram sanadas mesmo considerando o atual arcabouço regulatório.

Uma eventual flexibilização rumo ao modelo de licenciamento tácito -- em que os empreendimentos ganham sinal verde caso os órgãos ambientais não emitam a licença num determinado prazo -- poderia ser ainda mais arriscado, pois implica maior insegurança jurídica e ambiental, defendeu a advogada.

"Um acidente no mesmo Estado, nas mesmas circunstâncias, a gente está mostrando que não aprendeu a lição", disse Letícia, para quem a reparação integral do meio ambiente poderá ser exigida de quem obteve lucro com a atividade exercida em Brumadinho, independentemente das causas do acidente apontarem para omissão do Estado ou falha do empreendedor.

No PODER360:  9 pessoas mortas; 300  estão desaparecidas

Uma barragem da mineradora Vale do Rio Doce rompeu-se nesta 6ª feira (25.jan.2019) na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), município localizado a 51 km de Belo Horizonte. Um mar de lama destruiu casas próximas à região, que tem cerca de 39 mil habitantes.

Até a madrugada deste sábado (26.jan), o Corpo do Bombeiros havia informado que 9 pessoas foram encontradas mortas. Outras 300 estão desaparecidas após o rompimento da barragem.

As informações preliminares foram divulgadas pela Defesa Civil. Uma equipe com técnicos está no local para avaliar a situação e deve trabalhar no atendimento de possíveis vítimas e na retirada de moradores que moram na parte mais baixa da cidade de suas casas.

Ainda não foi divulgado o motivo do rompimento. O presidente da Vale do Rio Doce, Fabio Schvartsman, disse que havia cerca de 300 funcionários no local do rompimento da barragem na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), município localizado a 51 km de Belo Horizonte.

A empresa não sabe o número de vítimas, mas 100 dos funcionários foram encontrados com vida. “A maioria dos atingidos são nossos próprios funcionários. No momento do acidente, tínhamos aproximadamente 300 funcionários no local. Nós não sabemos quantos estão soterrados”, disse Fabio Schvartsman.

Em nota divulgada após coletiva do presidente da empresa, a Vale disse haviam 427 trabalhadores no local, dos quais cerca de 150 estão desaparecidos.

A empresa afirma que acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. Segundo a Vale, a prioridade é“preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”.

O governo de Minas Gerais informou, por meio de nota, que 1 gabinete estratégico de crise será formado para acompanhar as ações.

“Uma força-tarefa do estado de Minas Gerais já está no local do rompimento da barragem para acompanhar e tomar as primeiras medidas. O Corpo de Bombeiros, por meio do Batalhão de Emergências Ambientais, e a Defesa Civil também já estão no local da ocorrência trabalhando e há 2 helicópteros sobrevoando a região”, diz a nota.

A Defesa Civil orientou moradores dos bairros Canto do Rio, Pires, Amianto, São Torrado, Alberto Flores e Parque da Cachoeira a deixarem suas casas. A tendência é que os resíduos do rompimento sigam para o rio Paraopeba.

No Instagram, a prefeitura lançou 1 comunicado pedindo que os moradores fiquem longe do leito do Rio Paraopeba.

A PR-GM (Polícia Rodoviária de Minas Gerais) comunicou que a MG-040, entre as cidades de Brumadinho e Mário Campos, está totalmente interditada por causa do rompimento da barragem.

Veja fotos que mostram como ficou o município de Brumadinho após o rompimento da barragem:

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Abaixo é possível ver imagens da região de Brumadinho (MG) antes do rompimento da barragem na Mina Feijão e imagens da região depois do desastre ambiental.

Reprodução TV Globo – 25.jan.2019

Um morador da região registrou como ficou o local onde ficava 1 restaurante. “Acabou com tudo, todo mundo estava almoçando”, disse.


Outro vídeo mostra o momento em quem uma onda de rejeitos toma conta da cidade de Brumadinho (MG) após rompimento de barragem.

VÍTIMAS

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais divulgou na noite desta 6ª feira (25.jan.2019) uma lista com nomes de 183 pessoas que foram resgatadas vivas após o rompimento da barragem na Mina Feijão, em Brumadinho (MG), município localizado a 51 km de Belo Horizonte.

A lista informa ainda que 8 pessoas estão desaparecidas. Eis a lista com o nome dos sobreviventes e desaparecidos.

Mais cedo, o Corpo de Bombeiros informou que 200 pessoas estavam desaparecidas.

Segundo comunicado emitido pelo governo, 7 corpos de pessoas encontradas mortas já estão no Instituto Médico Legal de Belo Horizonte. Há confirmação ainda de 7 pessoas feridas.

LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

O município de Brumadinho fica a 51 km de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. De acordo com a estimativa do IBGE, sua população em julho de 2017 era de 38.863 habitantes.

O município de Brumadinho está a 51 km de Belo Horizonte, Minas GeraisGoogle Earth

No município está localizado o Instituto Inhotim, sede de 1 dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina.

O local que não foi atingido pelo rompimento da barragem, mas o instituto informou, por meio do Twitter, que a área de visitação do museu foi evacuada.

 

 

Informamos que, até o momento, a área do Inhotim não foi atingida, não havendo feridos nem prejuízo às obras, jardins e outras instalações do Museu.

 
 
 

 

 

Nossa maior preocupação neste momento é atender eventuais vítimas desta grave tragédia.

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POTENCIAL DE DANOS

Segundo o Cadastro Nacional de Barragens, elaborado pela ANM (Agência Nacional de Mineração) e encaminhado à ANA (Agência Nacional de Águas), a barragem rompida tinha baixo risco de acidentes e alto potencial de danos.

Divulgado em novembro do ano passado, com dados referentes a 2017, o documento aponta 45 barragens com risco de rompimento, mas a barragem da Vale não estava nessa lista.

No total, o relatório mostra que o país tem 24 mil barragens identificadas para diversas finalidades, como geração de energia, acúmulo de água ou rejeito de minérios, caso da barragem rompida hoje.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) divulgou nota informando “o empreendimento, e também a barragem, estão devidamente licenciados, sendo que, em dezembro de 2018, obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e para seu descomissionamento [encerramento de atividades]“. 

“A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo governo de Minas”, informou a pasta.

DESASTRE DE MARIANA

O rompimento da barragem em Brumadinho ocorre a pouco mais de 3 anos após a tragédia na cidade de Mariana, em Minas Gerais, quando, em 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão, da mineradora Samarco, se rompeu.

O acidente foi uma catástrofe para o ecossistema da região. A fauna e a flora foram destruídas. A água enlameada da barragem destruiu o distrito de Bento Rodrigues e 19 pessoas morreram.

Os rejeitos da barragem de Mariana somavam 50 milhões de metros cúbicos ante 1 milhão da barragem de Brumadinho (MG).

Donas da Samarco, a Vale e a BHP Billiton ainda respondem na Justiça Federal pelo desastre em Mariana, por homicídios e crimes ambientais. Até o final de 2018, a ação seguia correndo na comarca de Ponte Nova, na Zona da Mata, sem que os réus tenham sido julgados.

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Fonte:
Reuters + Poder360

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