Acordo comercial não afetará outros fornecedores agrícolas da China, diz vice-premiê

Publicado em 16/01/2020 08:26

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Outros fornecedores de commodities agrícolas para a China não serão impactados pelo acordo comercial com os Estados Unidos já que as compras serão baseadas em princípios de mercado, afirmou o vice-premiê Liu He, de acordo com reportagem da estatal CCTV nesta quinta-feira.

Liu falou na quarta-feira em entrevista à imprensa após assinar a Fase 1 do acordo comercial com o presidente dos EUA, Donald Trump. O acordo inclui promessa da China de comprar ao menos 12,5 bilhões de dólares adicionais em produtos agrícolas em 2020, e ao menos mais 19,5 bilhões a mais do que o nível de 2017 de 24 bilhões de dólares em 2021.

As empresas chinesas importarão produtos agrícolas dos EUA de acordo com as necessidades dos consumidores, e a demanda e oferta no mercado, disse Liu a repórteres, de acordo com a CCTV.

"O mercado da China é uma parte muito importante do mercado internacional agora. Não é como se qualquer país pudesse exportar (para a China) tantos produtos quanto quiser. É preciso mostrar a competitividade do produto", disse ele.

As declarações de Liu destacam as incertezas que ainda persistem sobre o acordo e como a China vai implementar o aumento nas importações dos EUA após 18 meses de disputa que levaram os compradores agrícolas chineses a mudarem suas cadeias de oferta.

A competição entre fornecedores de soja dos EUA e do Brasil está no foco já que existem preocupações de que a China possa cancelar algumas importações brasileiras para aumentar as compras dos EUA.

A China compra cerca de 80% das exportações de soja do Brasil.

China diz que acordo comercial é bom para todos e mídia estatal desencoraja "picuinhas"

A mídia estatal chinesa alertou nesta quinta-feira contra qualquer "picuinha", ao mesmo tempo em que Pequim retratou a Fase 1 do acordo comercial com os Estados Unidos e seus novos compromissos de compras maciças de produtos norte-americanos como um benefício para a economia chinesa.

Em troca de algum alívio tarifário, a China concordou em comprar pelo menos 200 bilhões de dólares acionais em bens e serviços norte-americanos ao longo de dois anos, incluindo 32 bilhões a mais em importações de produtos agrícolas dos EUA - metas que alguns analistas dizem serem difíceis de alcançar.

No país mais populoso do mundo, a cobertura da assinatura foi gerenciada com rigor e o acordo comercial rapidamente saiu dos 10 principais tópicos de tendências na plataforma chinesa Weibo, semelhante ao Twitter.

Uma pessoa que trabalha em censura na gigante chinesa de mídia social ByteDance e uma alta autoridade em um meio de comunicação estatal disse à Reuters que os funcionários foram instruídos a usar apenas relatórios oficiais sobre o acordo - orientação que não é incomum para notícias políticas sensíveis.

A mídia oficial e as declarações do governo foram otimistas, com o Diário do Povo dizendo que o aumento das importações agrícolas "enriquecerá as mesas de jantar das pessoas comuns".

Um artigo da mesma publicação sob o pseudônimo "Zhong Sheng", geralmente usado para expressar suas opiniões sobre política externa, disse que o pacto estava alinhado com as reformas da China, a abertura e a busca por crescimento de alta qualidade.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que a Fase 1 do acordo é boa para os dois países e para o mundo quando perguntado se ele achava o acordo injusto.

O Ministério do Comércio da China, que normalmente comenta questões comerciais, cancelou no início desta semana sua entrevista coletiva rotineira de quinta-feira.

Um debate robusto não foi, contudo, incentivado.

Um editorial do Global Times, tabloide do Diário do Povo, afirmou que debater "sobre quem perdeu ou ganhou é superficial".

"Pedimos às pessoas e força que exercitem alguma restrição em suas picuinhas sobre o acordo e em falar mal de futuras negociações comerciais", disse.

O acordo é bem-vindo para o presidente Xi Jinping, que enfrenta uma economia em desaceleração, inquietação em Hong Kong e a recente reeleição do presidente do partido pró-independência de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse Wang Yiwei, professor de relações internacionais na Universidade Renmin em Pequim.

"O fato de a China não ter sido derrotada completamente já é um sucesso", disse ele.

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Fonte:
Reuters

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