Toffoli reforça exigência do TST contra grevistas na Petrobras; FUP vai recorrer
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, decidiu que ao menos 90% dos funcionários da Petrobras deverão manter as atividades mesmo em meio a uma greve iniciada por sindicatos de trabalhadores em 1º de fevereiro, segundo decisão judicial.
A determinação, que reforça uma liminar concedida anteriormente pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra Martins Filho, abre também a possibilidade de a Justiça suspender o movimento ao considerá-lo abusivo, disse uma fonte da empresa.
"O STF reconheceu que as entidades sindicais estão descumprindo a manutenção de 90% do efetivo e assegurou que o TST possa adotar as medidas necessárias para fazer cumprir a decisão", disse a Petrobras em nota, mais tarde.
Também em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa 13 sindicatos, afirmou que irá recorrer da decisão monocrática do presidente do STF, por meio de um agravo regimental.
A estatal recorreu ao STF sob o argumento de que o percentual mínimo de trabalhadores em serviço, conforme o exigido pelo ministro do TST, não estava sendo cumprido.
A Petrobras apresentou ao Supremo uma tabela de comparecimento a unidades da empresa que demonstraria que menos de 90% dos trabalhadores estavam comparecendo ao serviço, e destacou que a paralisação trazia riscos à economia nacional, como um eventual desabastecimento de combustíveis.
Na decisão vista pela Reuters, Toffoli acatou o recurso da petrolífera. "(...) A Petrobras é empresa com relevante atuação nas atividades do setor petrolífero no Brasil, de modo que a paralisação ou a redução drástica em suas práticas em razão de movimento paredista podem desestabilizar a posição do país tanto no cenário econômico nacional quanto internacional, circunstância que corrobora o provimento liminar na presente via", disse.
Os sindicatos dizem que a greve é contra demissões em uma fábrica de fertilizantes no Paraná, desativada pela Petrobras. A FUP diz ainda que há descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), o que a Petrobras nega.
MEDIDAS
A assessoria de imprensa do presidente do Supremo disse ainda que a decisão dele confere "força executiva às medidas coercitivas fixadas, na hipótese de descumprimento desse parâmetro por trabalhadores e entidades de representação dos interesses da categoria".
A estatal avaliou que o presidente do STF reconheceu ainda "a legitimidade de aplicação de multa, desconto de dias parados e 'outras medidas de caráter coercitivo' necessárias ao restabelecimento das atividades essenciais. O ministro do TST já havia decidido pelo bloqueio de contas dos sindicatos.
"Com essa decisão, o Supremo respalda as decisões do TST nesta greve e assegura a adoção de medidas necessárias para coibir descumprimentos e condutas de caráter abusivo", disse a empresa em comunicado.
A fonte acrescentou ainda que a decisão de Toffoli indica que o direito de greve não é absoluto.
A Petrobras já disse internamente que vem descontando os salários dos grevistas, conforme documento visto pela Reuters na véspera.
A empresa tem afirmado que, apesar da greve, "as unidades estão operando em condições adequadas de segurança, com reforço de equipes de contingência e não há impacto na produção".
SINDICATOS
A FUP afirmou que, em seu recurso, pedirá a reconsideração da decisão monocrática do presidente do STF que suspendeu a eficácia de acórdão da Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST.
No ano passado, explicou a FUP, a SDC modificou uma outra decisão monocrática do ministro Ives Gandra Martins Filho, que proibia o exercício do direito de greve pelos petroleiros antes da sua realização e estipulava multas para as entidades sindicais.
"A decisão do ministro Dias Toffoli baseia-se nas premissas de que houve o descumprimento da ordem do ministro Ives Gandra, proferida em novembro de 2019 e referente à paralisação do ano passado. E faz relação com a manutenção de 90% do efetivo em operação, decisão deste ano, também do ministro Ives Gandra", afirmou.
"A questão é que o principal objetivo da decisão de Ives Gandra em 2019 não foi definir percentual mínimo de trabalhadores que deveria continuar trabalhando, mas impedir que a greve fosse deflagrada."
A FUP afirmou ainda que os sindicatos estão cumprindo com compromisso feito com a Petrobras e com a sociedade de que não haveria desabastecimento.
0 comentário
Preços mundiais dos alimentos caem pelo terceiro mês em novembro, diz FAO
Minério de ferro encerra semana em baixa devido à melhora na oferta e demanda fraca da China
Comércio dos EUA com a China provavelmente precisa ser menor, diz Greer
Ações da China interrompem três dias de quedas com otimismo sobre chips domésticos
Índices de Wall Street fecham quase estáveis com impulso de apostas de corte do Fed, mas pressionados pela Amazon
Amcham: novembro registra 4ª queda seguida nas exportações aos EUA e reforça necessidade de acordo bilateral