Temores com coronavírus e dados dos EUA derrubam Wall Street; Bovespa recua

Publicado em 21/02/2020 20:08

NOVA YORK (Reuters) - As ações dos Estados Unidos caíram nesta sexta-feira, com o Nasdaq sofrendo sua pior retração diária em cerca de três semanas, quando um aumento de novos casos de coronavírus e dados mostrando uma parada na atividade empresarial dos EUA em fevereiro alimentaram preocupações dos investidores com o crescimento global.

As quedas foram lideradas pelo setor de tecnologia pela segunda sessão consecutiva. Os pesos pesados como Microsoft, Amazon e Apple foram as que mais pesaram para o S&P 500.

O índice Dow Jones caiu 0,78%, para 28.992,68, o S&P 500 recuou 1,05%, a 3.337,68 e o índice de tecnologia Nasdaq sofreu queda de 1,79%, a 9.576,59.

Na semana, o Dow acumulou queda de 1,4% enquanto o S&P 500 caiu 1,3% e o Nasdaq, 1,6%.

A China reportou um salto em novos casos de coronavírus nesta sexta, a Coreia do Sul se tornou o mais novo foco de preocupação com 100 novos casos e no Japão mais de 80 pessoas tiveram a contaminação confirmada.

China: mortes por coronavírus sobem para 2.345 e 5.365 casos suspeitos

A Comissão Nacional de Saúde da China informou nesta sexta-feira, 21, que o número de casos de coronavírus no país subiu para 76.288 e o total de mortes aumentou para 2.345. Em relação à quinta-feira, foram 397 novos infectados e 109 novos óbitos.

Em comunicado, o órgão chinês afirmou, também, que há 5.365 casos suspeitos na China e que 20.649 pessoas já foram curadas. O documento informou, também, que há 68 casos da doença confirmados em Hong Kong, com dois óbitos, dez casos em Macau e 26 em Taiwan.

Apreensão com coronavírus reforça cautela pré-Carnaval e Ibovespa fecha semana em queda

SÃO PAULO (Reuters) - O tom negativo prevaleceu na bolsa paulista nesta sexta-feira, fazendo o Ibovespa acumular queda na semana, afetado pela aversão a risco no exterior, conforme permanecem as preocupações relacionadas aos efeitos do surto de coronavírus na economia chinesa e seus reflexos na atividade global.

O viés de baixa foi avalizado pelo forte recuo dos papéis da Vale, após prejuízo trimestral bilionário e risco de nova provisão também bilionária relacionada ao desastre em Brumadinho (MG), e pelo fim de semana prolongado no Brasil em razão do Carnaval, com a B3 reabrindo apenas na quarta-feira.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,79%, a 113.681,42 pontos, contabilizando uma perda de 0,6% na semana. O volume financeiro nesta sexta-feira somou 21,8 bilhões de reais.

O Politburo do Partido Comunista chinês, conduzido pelo presidente Xi Jinping, disse que o momento de virada do surto de coronavírus na China ainda não aconteceu, enquanto o jornal do partido alertou que seria um erro imaginar que já se pode ver uma vitória.

"Tememos que o impacto econômico na Ásia possa ser maior do que pensávamos, pois mais interrupções foram relatadas devido a medidas de contenção", afirmou a equipe do Barclays em nota a clientes.

Os riscos relacionados ao coronavírus para a economia global devem ser discutidos por líderes financeiros do G20, que se reúnem na Arábia Saudita no fim de semana, em meio a tentativas de evitar que o surto vire uma pandemia global.

"O aumento dos novos casos de coronavírus fora da China deixa os mercados preocupados", acrescentou o gestor Ricardo Campos, sócio na Reach Capital, chamando a atenção também para dados mais fracos da economia chinesa recentemente, que têm elevado o temor de um efeito maior e mais prolongado no PIB.

"O sinal é de cautela no mercado externo", reforçou, citando o movimento do ouro, que atingiu máxima de sete anos nesta sexta-feira.

DESTAQUES

- VALE ON recuou 3,97%, após reportar prejuízo líquido de 1,56 bilhão de dólares no quarto trimestre de 2019, principalmente devido a baixas contábeis e provisões relacionadas ao rompimento de barragem em janeiro de 2019, bem como afirmar que avalia provisão adicional de 1 bilhão a 2 bilhões de dólares relacionada ao desastre. BRADESPAR PN, holding que concentra seus investimentos na Vale, caiu 1,5%.

- PETROBRAS PN perdeu 2,6% e PETROBRAS ON cedeu 2,8%, em sessão de queda dos preços do petróleo no exterior.

- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,18%, afetado pelo viés negativo no mercado como um todo, com BRADESCO PN recuando 0,8%.

- LOJAS AMERICANAS PN avançou 7,7%, maior alta do Ibovespa, tendo de pano de fundo o balanço do quarto trimestre, com lucro líquido de 398 milhões de reais, avanço de 62% sobre o desempenho de um ano antes, com vendas maiores e avanço das operações de comércio eletrônico do grupo.

- B2W, controlada pela Lojas Americanas, fechou em alta de 2,5%, revertendo fraqueza no começo do pregão. A varejista de comércio eletrônico divulgou prejuízo líquido de 22,3 milhões de reais no quarto trimestre, embora menor do que a perda de 69,4 milhões no mesmo período de 2018. Em teleconferência, executivos afirmaram que busca até 2022 acelerar crescimento e geração de caixa, bem como reduzir investimentos em 2021 e 2022 ante 2020.

- WEG ON valorizou-se 4,86%, ainda refletindo avaliação positiva sobre os números da companhia no último trimestre divulgados nesta semana, que superaram as expectativas.

- MARFRIG ON subiu 1,6% e JBS ON avançou 0,74%, ganhando fôlego no final da sessão após a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciar no Twitter que os Estados Unidos reabriram o mercado de carne bovina "in natura" para exportações do Brasil. Fora do Ibovespa, MINERVA ON fechou em alta de 2,8%.

- CCR ON caiu 1,4%, tendo no radar leilão de trecho da BR-101 em Santa Catarina, vencido pela empresa com oferta de deságio de tarifa de pedágio de mais de 60%. A companhia superou oferta da rival ECORODOVIAS, que caiu 0,9%.

Governo melhora mais uma vez dados de exportações em 2019, aponta BC

RASÍLIA (Reuters) - O governo revisou novamente as estatísticas de exportações de bens para todos os meses de 2019, o que aumentou a conta em 1,4 bilhão de dólares no acumulado do ano, divulgou o Banco Central nesta sexta-feira, citando trabalho conduzido pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.

"Agosto de 2019 concentrou os valores revisados, acréscimo de 1,0 bilhão de dólares, enquanto os demais meses do ano alternaram elevações e reduções", disse o BC.

No início de dezembro, o governo já havia anunciado uma outra correção para cima no registro das exportações de setembro a novembro, atribuindo a uma falha humana uma subnotificação de 6,488 bilhões de dólares que havia ajudado a piorar o resultado da balança comercial brasileira divulgado originalmente.

Na ocasião, o IBGE afirmou que a revisão do PIB do terceiro trimestre, que será divulgada em 4 março, iria incorporar os novos números anunciados pela Secex. Nesta data, o instituto também divulgará o desempenho do PIB do quarto trimestre.

Questionada sobre a razão da revisão nesta sexta-feira, a Secex respondeu, via assessoria de imprensa, que este foi um procedimento normal e previsto no cronograma, sem destaques relacionados a eventos atípicos.

"No mês de fevereiro, o ano anterior é totalmente reprocessado, apresentando variações nos meses fechados. Esse reprocessamento chamamos de 'congelamento', pois a partir do reprocessamento de fevereiro os dados do ano anterior ficam estáticos, de forma que qualquer alteração posterior passa a ser extraordinária e deverá ser avisada e justificada", disse.

"Não se trata, portanto, de nada anormal no processo típico das divulgações e não há relação com o erro de transmissão de dados em novembro", acrescentou.

Mais cedo, o BC havia classificado a revisão como "ordinária de curto prazo e efetuada na mesma periodicidade em que essa estatística é publicada".

Com a nova alteração, o déficit nas transações correntes em 2019 caiu a 49,452 bilhões de dólares, ante os 50,762 bilhões de dólares originalmente divulgados. O superávit da balança comercial, por sua vez, foi recalculado a 40,782 bilhões de dólares pelo BC, contra 39,404 bilhões de dólares antes.

Ações europeias caem com aumento de casos de coronavírus e dados fracos dos EUA

(Reuters) - As ações europeias caíram nesta sexta-feira depois que dados mostraram uma estagnação das atividade empresarial nos Estados Unidos, exacerbando a queda provocada por um aumento no número de casos de coronavírus dentro e fora da China.

Os investidores estão preocupados com o impacto prolongado da doença sobre os negócios depois que a China reportou um aumento nos casos do vírus nesta sexta-feira e a Coreia do Sul registrou 100 novos casos, enquanto testes de mais de 80 pessoas deram positivo no Japão.

Às 14:36 (horário de Brasília), o índice FTSEEurofirst 300 caía 0,54%, a 1.668 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdia 0,49%, a 428 pontos, encerrando uma semana volátil com queda de 0,6% depois de ganhar por duas semanas seguidas.

No dia, o STOXX 600 aprofundou as perdas depois que uma pesquisa mostrou que o setor de serviços dos EUA caiu para seu nível mais baixo desde outubro de 2013 em fevereiro, sinalizando contração pela primeira vez desde 2016, enquanto o setor de manufatura também registrou sua menor leitura desde agosto.

Isso foi precedido por dados semelhantes da zona do euro que mostraram que a atividade empresarial expandiu em um ritmo acima do esperado, embora a expansão permanecesse lenta.

Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,44%, a 7.403 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,62%, a 13.579 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,54%, a 6.029 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 1,22%, a 24.773 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,45%, a 9.886 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,45%, a 5.387 pontos.

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Fonte:
Reuters

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