Agronegócio foca na garantia de abastecimento ante coronavírus, por ser atividade essencial

Publicado em 23/03/2020 17:02 e atualizado em 24/03/2020 09:34
por Virginia Alves, do Notícias Agrícolas

Mesmo diante da pandemia do Coronavírus há um consenso no País: o agronegócio está entre os setores que não podem ter as atividades paralisadas. Esse entendimento foi levado ao MInistro da Infraestrutura do Governo Federal, Tarcisio de Freitas, pela CNA, Conferação da Agricultura e Pecuária do Brasil, apoiando-o no sentido de encontrar soluções para que os impactos sejam minímos para os setores produtivos do País, principamente ao agronegócio brasileiro. 

Uma dos principais angustia está no mercado das commodities agrícolas, onde muito ainda se especula sobre como ficarão os embarques no Brasil diante da pandemia que atinge os principais clientes do país. A incerteza é saber se o Brasil conseguirá exportar pra China em um momento em que o país asiático começa a se recuperar mas, segundo teme o mercado, os containers estariam em falta nos portos.. 

Elisangela Pereira Lopes - Assessora Técnica da Comissão de Logística e Infraestrutura da CNA, afirma que todo sistema de logística está sendo analisado e destaca que os problemas que a China enfrentou por conta do Coronavírus já começam a ser solucionados, trazendo o mercado para sua normalidade e sem grandes problemas com os containers que também já estão voltando para o Brasil.

"A situação já está se normalizando na China, em termos de containers e em termos de porto, está tudo sob controle, porém eles demoram um pouco para chegar. É como diz o ministro de Infraestrutura, "está tudo normalizado nos portos", afirma Elisangela. 

Nesta segunda-feira (23) a CNA divulgou que vai doar R$ 5 milhões ao Ministério da Agricultura para ajuda em ações de saúde no combate à pandemia do Coronavírus. De acordo com Elisangela, além da doação, as reuniões com o Ministério de Infraestrutura continuarão acontecendo para a atividade dos trabalhadores --  caminhoneiros e operadores, por exemplo --sejam mantidos em segurança e sobretudo, garantindo a logística em atividade.

Visando facilitar o trabalho, agilizar as entregas e evitar o contato entre profissionais, o Ministério da Infraestrutura (Minfra) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vão suspender, excepcionalmente, as atividades em postos com balanças de pesagem nas rodovias federais concedidas.

"O intuito é evitar retenções e pontos de contato entre os profissionais do transporte de cargas. A medida é temporária, em razão do estado de emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19)", destacou a ANTT em nota oficial. 

Outro ponto que tem sido destaque nas reuniões, segundo Elisangela, é impedir que movimentações de bloqueios em rodovias aconteçam nos próximos dias. Ela afirmou ainda que alguns casos pontuais foram registrados em Santa Catarina e Rio Grande do Sul e por esse motivo o policiamento deverá ser dobrado nas rodovias, além de garantir que os motoristas passem com segurança por todo o país durante a pandemia. 

Para que os profissionais se sintam seguros, também estão sendo feitas ações para que os caminhoneiros consigam manter a higienização dentro do que é pedido pelo Ministério da Saúde. "Está sendo feito um trabalho muito importante nesse sentido para cientificar das atitudes que eles devem ter, estão fazendo campanha de álcool gel e máscara para que eles se sintam seguros. 

Elisangela destaca ainda que as ações são importantes e que não é cogitado em nenhum momento que haja paralisação da logística como um todo, afirmando que caso acontecesse as consequencias seriam muito maiores do que as que o país enfrentou após a greve dos caminhoneiros, por exemplo. 

Para ouvir os problemas que produtores e trabalhadores têm enfrentado com o Coronavírus, a CNA criou um canal via WhatsApp (61) 93300-7278) onde mensagens podem ser enviadas com dúvidas, sugestões ou reportando a situação. Técnicos do CNA respondem e em seguida são encaminhadas para o Ministério de Infraestrutura, caso seja necessário. 

Do café ao trigo, agronegócio foca garantia de abastecimento ante coronavírus

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - Governo, empresas e entidades que representam diversos setores do agronegócio do Brasil têm alinhado um discurso de garantia de abastecimento de alimentos no país, em meio à crise do coronavírus. 

Por meio de comunicados, publicações em redes sociais e propagandas publicitárias, o objetivo é tranquilizar a população para evitar compras excessivas no varejo para formação de estoque domiciliar, em meio ao avanço do vírus no país, que já soma quase 1.900 casos confirmados no Brasil.

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), entidade que representa as indústrias de café torrado e moído do país, informou nesta segunda-feira que, “apesar dos problemas causados pela pandemia do Covid-19, logísticos e operacionais, o abastecimento do café seguirá normalmente”. 

Os moinhos de trigo contam com estoques de matéria-prima, embalagens e materiais auxiliares em nível compatível com as vendas, mesmo ante o aumento na demanda ocorrido no curto prazo, disse a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). O fluxo de recebimento destes materiais continua ocorrendo normalmente.

“O principal foco dos moinhos neste momento é garantir o abastecimento de toda a cadeia do trigo – supermercados, atacados, padarias, indústrias de massas, biscoitos, pães industriais e bolos e demais canais de food service.” 

Também nesta segunda-feira, a oferta de carne de aves e suínos foi garantida pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) por meio de uma nota conjunta. 

“As granjas, as indústrias frigoríficas e os supermercados do Brasil não interromperam seu funcionamento e estão priorizando o cumprimento das normas do Ministério da Saúde com relação às medidas preventivas”, disse o comunicado assinado pelos presidentes das três associações. 

Ainda foi citado o compromisso de “manutenção de preços justos” pelo produto comercializado no varejo. 

No setor de carne bovina, a Marfrig Global Foods informou, em nota, que as operações de suas 14 plantas espalhadas entre Brasil, Estados Unidos, Argentina, Uruguai e no Chile, estão em operação e continuarão a funcionar, de forma a garantir a oferta nestes mercados e as exportações da companhia para mais de 100 países.

Levantamento encomendado pela Associação Brasileira das Indústrias de Carnes (Abiec) à consultoria Athenagro prevê que a produção brasileira de carne bovina deve ser 35,5% maior do que o volume consumido no país.

"Essa produção já está contratada com as operações em andamento nas fazendas, e, por conta da dinâmica da cadeia produtiva, não pode ser interrompida. Ou seja, os volumes serão produzidos, portanto não há risco de desabastecimento de proteínas", afirmou a Abiec em nota.

A entidade também informa que está em contato direto com o Ministério da Agricultura para gerenciar e identificar situações pontuais que necessitem de ações para ajustar fluidez do processo produtivo.

No âmbito do governo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, usou sua conta no Twitter para afirmar, em vídeo publicado no último sábado, que a pasta vem acompanhando todos os dias os fluxos das cadeias produtivas, para que sejam mantidos. 

“A agropecuária está incluída nos serviços essenciais porque o alimento é básico para a sobrevivência das pessoas”, enfatizou enaltecendo, também, a figura do produtor rural. 

Além disso, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou nesta segunda-feira uma carta à Presidência da República, ministros e governadores com medidas para garantir a segurança alimentar. No documento, a entidade classifica como "imprescindível" manter a estrutura logística de estradas e ferrovias funcionando para o livre trânsito de produtos agrícolas e trabalhadores.

EMBATES

Em Santa Catarina, um sindicato de trabalhadores da indústria de carnes do município de Criciúma e região chegou a solicitar judicialmente a paralisação das atividades de duas unidades da Seara, controlada pelo grupo JBS, como medida de contenção ao surto do novo coronavírus. 

A companhia, no entanto, conseguiu manter as atividades por meio de uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) com a justificativa de que a medida “interrompe uma atividade considerada essencial e gera alto risco de desabastecimento de proteína animal à sociedade”, disse a decisão a qual a Reuters teve acesso. 

”A JBS informa que foi deferida liminar que autoriza a retomada imediata de suas atividades nas unidades de Forquilhinha e Nova Veneza, em Santa Catarina… A decisão reafirma o firme propósito da companhia de não comprometer a produção e o abastecimento de alimentos de qualidade, atividade essencial ainda mais necessária em todo o país neste momento”, afirmou a empresa à Reuters. 

Apesar do posicionamento do sindicato de Criciúma, a Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e o sindicato estadual de carnes (Sindicarne) afirmaram que manterão seus níveis de produção.

Em outra frente, um decreto municipal de Rondonópolis (MT), importante polo agroindustrial e logístico de Mato Grosso, determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais e ordenou a suspensão de operações nas indústrias locais, em resposta à crise do coronavírus, de acordo com um decreto municipal de 21 de março.

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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