Bolsonaro nega descaso com coronavírus e diz que fazer politicagem com pandemia é covardia

Publicado em 26/03/2020 10:44

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter na noite de quarta-feira para negar que esteja tratando a pandemia de coronavírus com descaso e disparou contra críticos, ao afirmar que fazer "politicagem" durante a pandemia é "coisa de covarde".

As publicações do presidente na rede social vieram ao final de um dia em que foi duramente criticado pelo pronunciamento em rede nacional que fez na noite de terça-feira, no qual minimizou a doença classificando-a de "gripezinha" e defendeu a reabertura do comércio e de escolas, além da limitação do isolamento a idosos e pessoas portadoras de doenças.

Na quarta-feira, o presidente também reiterou críticas a medidas de restrição de circulação adotadas por governadores para tentar conter o avanço do vírus e se isolou dos chefes dos Executivos estaduais após entrar em atrito direto com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante videoconferência com governadores do Sudeste, e de o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).

Em videoconferência também na quarta-feira, 26 dos 27 governadores decidiram que continuarão a seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que defende o distanciamento social como forma de conter a propagação do coronavírus, apesar dos ataques feitos por Bolsonaro, que chegou a afirmar que governadores trabalham com "terra arrasada" e "exterminam" empregos.

"Não queremos descaso com a questão da Covid-19. Apenas buscamos a dose adequada para combater esse mal sem causar um ainda maior. Se todos colaborarem, poderemos cuidar e proteger os idosos e demais grupos de risco, manter os cuidados diários de prevenção e o país funcionando", escreveu o presidente.

"É mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada do que falar a verdade. Isso custa popularidade. Não estou preocupado com isso! Aproveitar-se do medo das pessoas para fazer politicagem num momento como esse é coisa de COVARDE! A demagogia acelera o caos."

No atrito que teve com Doria durante a reunião, Bolsonaro afirmou que o governador paulista não tem responsabilidade e atua pensando em uma candidatura presidencial em 2022. Acusou-o ainda de fazer "demagogia barata".

"Se estivesse pensando em mim, lavaria as mãos e jogaria para a plateia, como fazem uns. Penso no povo, que logo enfrentará um mal ainda maior do que o vírus se tudo seguir parado.

--"NÃO CONDENAREI O POVO À MISÉRIA PARA RECEBER ELOGIO DA MÍDIA OU DE QUEM ATÉ ONTEM ASSALTAVA O PAÍS!", disparou o presidente no Twitter.

Bolsonaro inclui lotéricas, igrejas, geração de energia e produção de petróleo entre atividades essenciais

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro incluiu as casas lotéricas e as igrejas na lista de atividades consideradas essenciais que estão autorizadas a funcionar durante o estado de calamidade em vigor pela epidemia de coronavírus.

A mudança, feita por alteração no decreto que trata dos serviços essenciais, foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União. Na noite anterior, no entanto, o presidente já havia anunciado que atenderia o pedido do deputado Mauro Pereira (MDB-RS), com quem esteve no Palácio do Planalto, mas não mencionou as igrejas.

Segundo Bolsonaro, 2.463 lotéricas estão fechadas por decreto no país e estaria havendo um "conflito de competências" no Brasil.

"Agora isso veio para nós e vocês vão poder trabalhar em paz", disse em vídeo postado nas redes sociais.

Já em relação às igrejas, o decreto diz que "atividades religiosas, de qualquer natureza" estão incluídas nas atividades essenciais e devem funcionar de acordo com as regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde.

Em várias cidades, igrejas e outros locais religiosos foram proibidos de funcionar para evitar aglomerações, um dos maiores focos de transmissão do coronavírus. Enquanto algumas igrejas voluntariamente suspenderam os serviços presenciais, em São Paulo, por exemplo, o Tribunal de Justiça garantiu o funcionamento dos locais de culto.

Na terça-feira, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV, o presidente criticou as medidas de isolamento determinadas pelos Estados e pediu a "volta à normalidade". No final de semana anterior, em entrevista à tevê SBT, o presidente criticou especificamente o fechamento das igrejas, que chamou de "último refúgio das pessoas."

ENERGIA

O decreto inclui ainda entre as atividades essenciais a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a produção, distribuição e venda de combustíveis, perícias médicas, fiscalização do trabalho, atividades de pesquisa relacionadas ao combate da epidemia.

Entraram também na lista as atividades de pagamento, crédito, saque e aporte feitos pelos bancos e a produção e distribuição de moeda à população e a manutenção da infraestrutura do Sistema Financeiro e do sistema de pagamentos nacional.

Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA saltam a recorde de 3,28 mi com demissões em massa por coronavírus

(Reuters) - O número de norte-americanos que registram pedidos de auxílio-desemprego disparou para o recorde de mais de 3 milhões na semana passada, com medidas estritas para conter a pandemia de coronavírus interrompendo repentinamente a atividade nos Estados Unidos, desencadeando uma onda de dispensas que provavelmente acabou com o maior impulso no mercado de trabalho na história dos EUA.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram para 3,28 milhões na última semana, ante 282 mil revisados ​​na semana anterior, apagando o recorde anterior de 695 mil estabelecido em 1982, disse o Departamento do Trabalho dos EUA nesta quinta-feira.

Economistas consultados pela Reuters previam que as reivindicações aumentariam para 1 milhão, mas as estimativas chegaram a até 4 milhões.

Fábricas da China reabrem, mas demitem devido a impactos globais do coronavírus

PEQUIM (Reuters) - O empresário chinês Shi Xiaomin, que costumava exportar ternos e blazers aos milhares para Coreia do Sul, Holanda e Estados Unidos, teve mais sorte do que muitos outros proprietários de fábricas da China.

Quando sua fábrica na cidade de Wenzhou, no leste do país, reabriu no mês passado depois de uma interdição prolongada causada pelo surto de coronavírus, o governo local enviou um ônibus a uma província próxima para buscar mais de 20 de seus empregados retidos. Funcionários com carro se ofereceram para pegar os colegas.

Mas o otimismo de Shi teve vida curta.

Na semana passada, ele foi inundado de pedidos de cancelamento ou adiamento de encomendas de seus clientes europeus e norte-americanos.

No início do surto, a China impôs restrições de viagem rígidas e suspensões de trabalho às fábricas para conter a disseminação do vírus, reduzindo os suprimentos e fazendo os exportadores correrem para atender os pedidos.

Agora está ocorrendo o oposto: encomendas do exterior estão sendo canceladas à medida que a pandemia devasta as economias dos parceiros comerciais da China.

"A interdição inédita da atividade econômica normal na Europa, nos EUA e em um número crescente de mercados emergentes certamente causará uma contração dramática nas exportações chinesas, provavelmente na faixa de uma queda de 20-45% na comparação ano a ano no segundo trimestre", disse Thomas Gatley, analista sênior da empresa de pesquisa Gavekal Dragonomics.

Shi disse que um fornecedor da Itália, país duramente atingido pelo vírus, suspendeu as operações no domingo, o que significa nada de matérias primas a partir de maio. Seu estoque de tecido só dura até o final de abril.

Ele disse que reduzirá a produção e pode suspendê-la totalmente se os negócios não melhorarem, e orientou os cerca de 50 trabalhadores que ainda não retornaram da província de Hubei, o epicentro do surto na China, a procurarem outros empregos.

"Sabemos que este ano está ruim e que o ano que vem seria melhor, mas a questão é: quantas fábricas aguentam até o ano que vem?", indagou.

Inicialmente, economistas previram uma recuperação em V para a economia do país, semelhante àquela vista após a epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) em 2003. Desde então, analistas reduziram suas previsões a níveis que não são vistos desde o final da Revolução Cultural em 1976.

As exportações da China representaram 11% do crescimento econômico no ano passado.

EUA podem estar em recessão e controle de vírus determinará momento de reabertura da economia, diz Powell

(Reuters) - Os Estados Unidos "podem bem estar em recessão", mas o progresso no controle da disseminação do coronavírus determinará quando a economia poderá ser reaberta completamente, disse Jerome Powell, chairman do Federal Reserve, em entrevista ao Today Show da NBC.

"Nós não somos especialistas em pandemia ... Nós tendemos a ouvir os especialistas. O dr. Fauci disse que algo como o vírus vai definir o cronograma, e isso me parece correto", disse Powell, em referência a Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alergia, que participa da força-tarefa contra o coronavírus da Casa Branca.

"A primeira ordem de negócios será controlar a propagação do vírus e depois retomar a atividade econômica."

As observações do chefe do banco central dos EUA contrastam com a insistência de alguns assessores do presidente Donald Trump em uma reabertura mais rápida. O próprio presidente disse que quer que a economia esteja "rugindo" até a Páscoa, em pouco mais de duas semanas.

As autoridades do Fed que falaram sobre o assunto, agora incluindo Powell, adotaram uma abordagem mais sombria, concentrando-se na necessidade de primeiro controlar o vírus e depois restaurar a confiança entre trabalhadores e consumidores de que é seguro voltar aos negócios.

Os comentários de Powell desta quinta-feira foram um reconhecimento incomum de um chairman do Fed de que a economia pode estar se contraindo, mesmo antes de dados confirmarem. Mas a situação é tão incomum -- espera-se que os próximos relatórios mostrem saltos tão grandes no desemprego quanto na produção perdida -- que as autoridaeds se tornaram diretas e focadas em tentar reduzir o período de contração.

O objetivo dos trilhões de dólares em empréstimos e compras de títulos que o Fed autorizou nas últimas duas semanas é justamente deixar a economia -- saudável em outros âmbitos -- fazer uma pausa longa o suficiente para manter as pessoas seguras, disse Powell, antes do que poderia ser uma forte recuperação mais tarde no ano.

"Quanto antes passarmos por esse período e controlar o vírus, mais cedo a recuperação poderá ocorrer ... Sabemos que a atividade econômica provavelmente diminuirá substancialmente no segundo trimestre, mas acho que muitos esperam, e esperamos, que a atividade econômica seja retomada e volte a subir na segunda metade do ano", disse Powell.

A rara aparição do chair do Fed em um programa matinal transmitido nacionalmente ocorre num momento em que autoridades de todo o mundo tentam gerenciar a crise de saúde e as profundas consequências econômicas que está deixando.

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Fonte:
Reuters

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