Guedes defende equilíbrio entre isolamento social e o que economia aguenta

Publicado em 31/03/2020 20:03

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu hoje um "equilíbrio" entre o isolamento social necessário ao combate ao novo coronavírus e "o que a economia aguenta". Ele demonstrou preocupação com os impactos da quarentena sobre a atividade econômica, embora tenha demonstrado apoio ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Mandetta tem pregado o isolamento social como medida de contenção do avanço da doença no Brasil, em apoio à postura adotada por Estados e municípios e em contraponto ao presidente Jair Bolsonaro, defensor do chamado isolamento vertical - focado em grupos de risco e pessoas infectadas.

"Se deixamos abater também uma depressão econômica, o problema vai ser mais sério. Precisamos de um equilíbrio entre 1, 2, 3 meses que Mandetta acha necessário de isolamento e o que a economia aguenta", disse Guedes em coletiva no Palácio do Planalto.

"Estamos sob orientação do ministro Mandetta, em isolamento, mas é absolutamente válido que o presidente faça alerta sobre onda (de impacto econômico)", reforçou o ministro. Ele defendeu, por exemplo, a manutenção de rotas de transporte abertas durante a crise. "Enquanto a economia estiver oxigenando, vamos furando a primeira onda (de impacto na saúde) e de olho na segunda (impacto econômico)", acrescentou.

Guedes disse ainda que o governo está focando medidas para as camadas mais vulneráveis, na tentativa de formar um "cinturão de proteção". "Eles têm que saber que o governo está com eles", disse.

Esse cinturão, segundo o ministro, precisa ser armado principalmente nas principais capitais, onde as aglomerações urbanas (como as favelas) são mais comuns. Nesses locais, a situação é de ainda mais fragilidade. "Você não sabe ainda a gravidade que a coisa (pandemia do novo coronavírus) tem. É preciso garantir a preservação da vida dos brasileiros", disse.

O ministro disse que o governo já destinou um "valor formidável" às ações de combate à doença e seus impactos econômicos. "E estamos dizendo que podemos avançar mais", afirmou.

Guedes: se PEC emergencial for aprovada em 24h, 'voucher' sai em 24h

Cobrado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a liberar rapidamente o pagamento do auxílio de R$ 600 aos trabalhadores informais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, devolveu a responsabilidade para o Congresso e disse que precisa de aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para livrar o governo de amarras que travam a implementação do benefício. "Se Maia aprovar em 24 horas uma PEC de emergência, o dinheiro sai em 24 horas", disparou Guedes em coletiva no Palácio do Planalto.

A medida citada pelo ministro é a chamada PEC do Orçamento de Guerra, que vai liberar o governo de seguir algumas regras fiscais nos gastos extraordinários devido à pandemia do novo coronavírus.

Nesta terça-feira, 31, Maia disse que a PEC pode ser votada entre hoje e amanhã na Câmara, mas ressaltou que depende de um acordo com o governo sobre um último ponto. O Congresso tenta garantir no texto a previsão de que o Legislativo poderá sustar qualquer decisão do comitê de gestão da crise que será criado para coordenar os trabalhos, mas o Executivo é contra.

Enquanto essa PEC não for aprovada, Guedes disse que já foi alertado pelos secretários do Tesouro, Mansueto Almeida, e do Orçamento Federal, George Soares, de que não há fonte no Orçamento para bancar a despesa, um pré-requisito formal na hora de prever um gasto. Sem isso, segundo o ministro, os técnicos temem assinar os pareceres que dão suporte à despesa e, depois, serem responsabilizados por qualquer eventual irregularidade. O auxílio aos informais deve custar entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões, segundo o ministro.

"Estamos com um problema técnico, e presidente Maia pode nos ajudar muito", disse Guedes, lançando em seguida uma espécie de desafio ao presidente da Câmara. "Se Maia aprovar em 24 horas uma PEC de emergência, o dinheiro sai em 24 horas", disparou. Em seguida, no entanto, o ministro ressaltou que talvez a liberação não ocorresse exatamente em 24 horas porque depende da implementação e de cronograma já existente para alguns benefícios, como o Bolsa Família.

"Há toda uma logística, o dinheiro não cai do céu", afirmou Guedes. Ele disse que o governo está consciente de que qualquer atraso é "calamitoso".

O ministro insinuou ainda que há "exploração política" nas críticas à demora do governo na liberação dos pagamentos e lembrou que o programa voltado aos trabalhadores informais é totalmente novo. "Quando há uma crise desse tamanho, é natural que haja desencontro, e é natural também a exploração política", disse Guedes.

Ele advertiu que, numa situação tão grave, o País "não está com muita paciência para esse jogo político" e reconheceu que é preciso dar uma resposta rápida. Ele fez um "mea-culpa" por parte do governo e disse que, com muitas frentes de ação, às vezes pode ser difícil articular.

"Peço que haja um pouco de compreensão. Não é trivial colocar dinheiro na mão de 38 milhões de trabalhadores informais. Não é momento para explorarmos deficiências eventuais", seguiu o ministro.

Apesar de ressaltar a responsabilidade do Congresso, o ministro da Economia buscou depois um tom conciliador e defendeu que governo e Parlamento trabalhem juntos pela aprovação da PEC que destravará o pagamento. "A hora é de união, juntos somos mais fortes. Tenho certeza que presidente Maia quer nos ajudar a aprovar isso. Queremos implementar isso (auxílio a informais) o mais rápido possível", afirmou.

"Estamos precisando do apoio do Congresso Nacional", reiterou Guedes. "Jamais usaria oportunidade como essa para falar mal do Congresso."

 

Trabalhadores podem obedecer ao isolamento de Mandetta porque terão ajuda do governo, diz Guedes

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira que os trabalhadores podem obedecer ao isolamento para impedir a disseminação do coronavírus porque contarão com auxílio do governo para atravessar esse período.

"Agora somos atingidos por essa onda, que é da maior gravidade, estamos sob orientação do ministro (da Saúde, Luiz Henrique) Mandetta".

Guedes disse que medidas emergencias destinadas à saúde das pessoas já estão em 200 bilhões de reais e podem subir. Nesse sentido, ele afirmou que tanto Mandetta quanto governadores e prefeitos "podem contar conosco".

"Pessoas podem obedecer ao isolamento do Mandetta porque terão 200 bi", disse Guedes.

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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