Mortos por coronavírus no Brasil sobem para 240; país tem mais 1.119 casos confirmados

Publicado em 01/04/2020 19:20

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou mais 39 mortes pelo novo coronavírus nesta quarta-feira, totalizando 240 desde o início da epidemia no país, informou o Ministério da Saúde, que notificou também um aumento diário de 1.119 casos confirmados da doença, levando o total para 6.836.

O número de casos novos representa uma redução em relação à véspera, quando foram notificados 1.138 -- o maior total em um dia desde o início da contagem do ministério, em 26 de fevereiro.

Quanto ao número diário de mortes, os 39 desta quarta-feira representam uma queda em relação aos 42 óbitos reportados na véspera, de acordo com dados da plataforma online do ministério.

Ainda assim, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ponderou em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira que o número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil é muito menor do que o que circula na sociedade, por causa de um atraso nos testes.

Segundo ele, deve haver uma alta expressiva na contagem nos próximos dias, diante do aumento da capacidade de testagem do país.

De acordo com a contagem atual do ministério, São Paulo segue como o Estado com o maior número de casos, com 2.981, avanço de 27,5% na comparação diária. São 164 mortes em decorrência do Covid-19 no Estado, alta de 20,5% em relação às 136 da véspera.

Na sequência vem o Rio de Janeiro, com 832 casos e 28 mortos.

A taxa de letalidade do coronavírus no Brasil segue em 3,5%, segundo o Ministério da Saúde. Já foram registradas mortes pela doença em 18 Estados e no Distrito Federal.

Mandetta reforça importância do isolamento e faz apelo por cuidado redobrado

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a defender nesta quarta-feira as medidas de isolamento social como meio para conter a disseminação do coronavírus, ressaltando que a escassez de equipamentos de proteção reforça essa necessidade, e fez um apelo por cuidado redobrado neste momento.

Segundo Mandetta, o coronavírus parou a produção dos equipamentos de proteção individual na China que os hospitais do mundo todo usam, provocando uma escassez. O ministro afirmou que uma compra enorme realizada pelos Estados Unidos no país asiático derrubou encomendas feitas pelo Brasil.

"Se não fizermos retenção social e relaxarmos no grau de contágio, podemos ficar com uma série de problemas em equipamentos de proteção, porque não estamos conseguindo comprar de forma regular", disse o ministro em entrevista coletiva.

"Hoje nós estamos muito preocupados com a regularização de estoques de equipamentos de proteção", acrescentou, destacando que a hora é de "redobrar o cuidado".

O ministro afirmou, ainda, que o número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil é muito menor do que o número de casos que está circulando em nossa sociedade devido a um atraso nos testes, o que significa que vai haver uma alta expressiva nos próximos dias com o aumento da capacidade de testagem.

Barroso proíbe governo Bolsonaro de realizar campanha defendendo fim do isolamento

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, proibiu na noite de terça-feira o governo do presidente Jair Bolsonaro de produzir ou veicular campanhas publicitárias que incentivem as pessoas a deixarem o isolamento adotado para conter a disseminação do coronavírus e voltarem ao trabalho normal ou que diminua a gravidade da pandemia.

A decisão do ministro atendeu a pedido feito pelo partido Rede Sustentabilidade e determinou ainda a suspensão da contratação de quaisquer campanhas neste sentido.

"Recebo a ação da Rede Sustentabilidade. Defiro a cautelar para vedar a produção e circulação, por qualquer meio, de qualquer campanha que pregue que O Brasil Não Pode Parar ou que sugira que a população deve retornar às suas atividades plenas, ou, ainda, que expresse que a pandemia constitui evento de diminuta gravidade para a saúde e a vida da população. Determino, ainda, a sustação da contratação de qualquer campanha publicitária destinada ao mesmo fim", escreveu o ministro.

O governo Bolsonaro publicou em sua conta oficial no Instagram uma campanha intitulada "O Brasil Não Pode Parar", na qual defendia a necessidade de as pessoas retornarem ao trabalho em meio à pandemia. Posteriormente um vídeo da campanha circulou nas redes sociais de apoiadores do presidente.

Embora a campanha tenha sido publicada na conta oficial do governo no Instagram --e posteriormente apagada-- a Secretaria de Comunicação da Presidência da República afirmou que "não há qualquer campanha do governo federal com a mensagem do vídeo sendo veiculada". Disse ainda que o vídeo "foi produzido em caráter experimental" sem custos.

A empresa iComunicação, que não havia sido citada na primeira versão desta reportagem e que foi contratada pela Secom por 4,9 milhões de reais com dispensa de licitação, de acordo com publicação no Diário Oficial, enviou nesta quarta-feira à Reuters nota com data da última sexta-feira em que afirma não ter sido responsável pela elaboração da campanha "O Brasil Não Pode Parar".

A empresa disse ainda que foi contratada para prestar serviços de comunicação digital à Secom a partir de 1º de abril, antes da divulgação da campanha, pelo período de seis meses. Informou ainda que a dispensa de licitação se deveu ao fato de a agência que prestava esses serviços anteriormente ter encerrado suas atividades. Afirmou ainda que o valor máximo do contrato é de 4,9 milhões de reais, podendo ser inferior dependendo dos serviços prestados.

Brasil confirma primeiro caso de coronavírus em indígena da Amazônia

BRASÍLIA (Reuters) - Uma indígena que mora no Alto Rio Solimões em Amazonas contraiu o novo coronavírus, o primeiro caso relatado entre as mais de 300 comunidades indígenas do Brasil, informou a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nesta quarta-feira.

A indígena Kokama, de 20 anos, que atua como agente indígena de saúde, foi diagnosticada com o vírus no município de Santo Antônio do Içá, localizado próximo à fronteira com a Colômbia e a cerca de 880 quilômetros da capital Manaus.

Quatro casos de coronavírus foram confirmados no mesmo município, inclusive um médico brasileiro que foi diagnosticado na semana passada, o que provocou o temor de a epidemia se espalhar em comunidades indígenas remotas e vulneráveis e causar efeitos devastadores.

A mulher, cujo nome não foi divulgado, é uma das pessoas que tiveram contato com o médico que havia sido diagnosticado com a doença após retornar de férias em Santa Catarina e Paraná.

"Desde o dia 25 de março, o médico e todas as pessoas contactadas por ele, incluindo-se 12 pacientes indígenas e 15 integrantes da equipe de saúde estão em isolamento", diz a Sesai em comunicado. Dos 27 testes feitos, apenas a mulher testou positivo para o Covid-19.

A profissional encontra-se sem quaisquer sintomas da infecção e seus familiares também se encontram assistidos e em isolamento. As pessoas que tiveram contato com a indígena já estão sob atenção e os 27 testes aplicados estão sendo enviados ao Laboratório Central em Manaus por avião, diz a Sesai.

O médico, cujo nome tampouco foi divulgado, voltou de férias do sul do Brasil para trabalhar com os tikunas, que é uma das maiores etnias amazônicas com mais de 30 mil indígenas e vive no norte da Amazônia, perto das divisas com a Colômbia e o Peru.

Especialistas de saúde alertam que o vírus pode ser letal para os 850 mil indígenas do Brasil, que foram dizimados ao longo dos séculos por doenças trazidas pelos europeus, como o sarampo, a malária e a gripe.

O estilo de vida dos indígenas, que moram em vilarejos comunitários, com moradias com estruturas de palha, aumenta o risco de contágio se um único membro contrair o vírus, que causa a doença respiratória às vezes fatal conhecida como Covid-19.

Em entrevista coletiva diária, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ressaltou que a vigilância da saúde indígena é uma grande preocupação de sua equipe em meio à pandemia do coronavírus.

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Fonte:
Reuters

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