Dólar bate novo recorde e flerta com R$ 5,29 com demanda global pela moeda

Publicado em 02/04/2020 17:13 e atualizado em 02/04/2020 20:58

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SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em apenas leve alta ante o real, mas suficiente para cravar nova máxima recorde nominal nesta quinta-feira, em novo dia de fortalecimento global da divisa diante da iminência de uma recessão global.

Ainda que tenha se afastado das máximas do dia, perto de 5,29 reais, o mercado não conseguiu imprimir vendas a ponto de derrubar a cotação. A demanda por dólares segue forte no Brasil e no mundo diante da necessidade das empresas de levantar caixa para fazer frente à recessão global. No Brasil, o fluxo cambial apenas em março até dia 27 é negativo em quase 6 bilhões de dólares, evidência da menor oferta de moeda no país.

Veja a evolução das cotações do dólar ante o real e de um índice do dólar contra outras moedas nesta quinta:

"O dólar vai permanecer forte", disse Rodrigo Franchini, sócio e chefe de produtos da Monte Bravo. Segundo ele, devido à crise do coronavírus e à esperada contração da economia neste ano, o valor "justo" para a divisa se encontra entre 5,10 reais e 5,20 reais.

Essa faixa é próxima às cotações atuais e bem abaixo da taxa de 4,50 reais prevista por analistas consultados pelo Banco Central para a pesquisa Focus.

E mais instituições financeiras veem o dólar na casa de 5 reais nos próximos meses. O Bank of America revisou de 4,80 reais por dólar para 5,20 reais sua estimativa para a taxa de câmbio ao término de 2020, mesmo acreditando que o BC continuará intervindo no mercado para conter volatilidade e distorções.

No fechamento da sessão no mercado interbancário nesta quinta, o dólar teve variação positiva de 0,09%, a 5,2661 reais na venda. Durante os negócios, foi a 5,2860 reais, nova máxima recorde intradiária.

Na B3 --em que as operações com dólar futuro se estendem até as 18h--, o contrato mais líquido de dólar futuro tinha ganho de 0,29%, a 5,2745, às 17h31, após bater 5,2935 reais.

No exterior, um índice do dólar subia 0,56%. O dólar tinha firme ante euro (+0,9%), rand sul-africano (+1,4%), franco suíço (+0,8%) e iene japonês (+0,7%).

S&P reavalia nota de crédito do Brasil diante de novo cenário de coronavírus

BRASÍLIA (Reuters) - A S&P Global Ratings está reavaliando seu atual rating de crédito soberano e perspectiva para o Brasil, cujos desafios econômicos, fiscais e políticos estão significativamente maiores agora, em razão da crise do coronavírus.

Em entrevista à Reuters, Livia Honsel, principal analista soberana para o Brasil na S&P, disse que a dívida nacional pode atingir níveis sem precedentes. Não está claro quando e quanto o crescimento econômico e o apetite político pelas reformas fiscais irão se recuperar, acrescentou ela.

A deterioração do clima econômico, fiscal e político na atual emergência é compreensível e não significa, necessariamente, que a classificação "BB-" ou que as perspectivas positivas do Brasil serão reduzidas, disse Honsel. Mas terá um peso.

"Mudamos a perspectiva para positiva em dezembro... (mas) estamos reavaliando essa posição. Em geral, o rating estava orientado para um 'upgrade'. Mas precisamos esperar e ver", disse Honsel.

"É difícil ser positiva nesse ambiente. Estamos reavaliando nossa posição em todos os ratings soberanos, inclusive no Brasil", disse Honsel.

Agora, a dívida bruta do Brasil pode alcançar até 90% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, com uma dívida líquida próxima a 70%, disse ela, à medida que a receita tributária cai enquanto os gastos públicos voltados ao enfrentamento da crise aumentam. Ambos seriam níveis recordes.

Antes da pandemia, os funcionários do governo estavam otimistas de que a nota de crédito do Brasil seria elevada, talvez até o final deste ano, em um passo importante para recuperar o status de grau de investimento perdido em 2015, durante uma das piores recessões do país.

Em dezembro, Honsel disse que um elevação para a classificação "BB" poderia acontecer neste ano caso o déficit continuasse a se reduzir e o crescimento econômico aumentasse. Antes do coronavírus, o governo previa um déficit primário de 124 bilhões de reais e crescimento econômico superior a 2%.

Mas, como em todos os países, o crescimento econômico e as perspectivas fiscais do Brasil foram prejudicados pela crise. Agora, o governo espera um crescimento zero e um déficit primário de 350 bilhões de reais, ou 4,5% do PIB este ano.

Honsel disse que ela e seus colegas tentarão olhar além do nebuloso cenário de curto prazo e estabelecer qual é a trajetória fiscal do Brasil no médio e no longo prazos.

"Precisamos reavaliar, não entrar em pânico", disse ela.

Uma variável chave é o clima político e o apetite para implementar a agenda de reformas econômicas e fiscais do governo quando o pior da crise passar, afirmou Honsel.

Embora os parlamentares estejam cientes da necessidade de realizar reformas, o cenário político agora é "muito mais difícil" e o país pode estar ainda mais polarizado do que nunca, disse ela.

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Fonte:
Reuters

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