Brasil espera volatilidade nos preços dos alimentos devido à pandemia, diz secretário

Publicado em 02/04/2020 21:09

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil deve enfrentar um período de grande volatilidade nos preços de alguns alimentos diante da pandemia de coronavírus, e o governo planeja medidas de apoio aos produtores afetados pela crise, disse à Reuters nesta quinta-feira uma autoridade do Ministério da Agricultura.

Eduardo Sampaio Marques, secretário de Política Agrícola da pasta, disse que o governo pretede postergar o pagamento de dívidas agrícolas e aumentar o financiamento a produtores de frutas, vegetais, leite, flores e outros produtos frescos, que tendem a ser os mais afetados pela situação.

"Nossa preocupação é não desmontar a estrutura produtiva, para quando isso passar, a gente poder retomar rápido", disse o secretário, acrescentando que espera que as medidas de apoio saiam na próxima semana, embora dependam também do Ministério da Economia.

Marques afirmou ainda que o mercado de grãos está se comportando bem, e que dessa forma produtores de soja e milho não serão foco das medidas.

Em relação aos preços de produtos agrícolas, o secretário disse que imagina um período de grande flutuação no futuro próximo, tanto para cima quanto para baixo, no mercado interno.

Plataforma aponta 32% dos restaurantes fechados em estradas e dá dicas a caminhoneiro

Caminhoneiros durante almoço em restaurante na rodovia SP-304, em Borborema (SP)

  • Caminhoneiros durante almoço em restaurante na rodovia SP-304, em Borborema (SP) 19/09/2012 REUTERS/Nacho Doce

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Em um universo de mais de 5 mil estabelecimentos de alimentação localizados em rodovias nos 27 Estados brasileiros, 68% deles mantiveram seu funcionamento, com medidas de isolamento para combater o coronavírus levando os outros 32% de restaurantes nas vias a fecharem as portas, segundo dados obtidos por meio da plataforma Repom.

As lojas de conveniência em estradas que continuam operando somam 65% do total, enquanto 97% dos postos de combustível mantêm disponível a estrutura para higiene aos caminhoneiros, com banheiros e chuveiros abertos ao público, conforme a Repom, marca da francesa Edenred, especialista em soluções de gestão e pagamento de despesas para o mercado de transporte rodoviário de carga.

Disponível no link https://www1.repom.com.br/repomcomvoce.html, a plataforma da Edenred, dona também das marcas Ticket Log e Ticket, é aberta a toda população, mas foi desenvolvida para disponibilizar informações essenciais para que os cerca de 2 milhões de caminhoneiros que atuam no Brasil neste momento de crise do coronavírus.

O fechamento de restaurantes ou outras estruturas para caminhoneiros nas estradas tem sido um desafio para o escoamento de produtos, especialmente do agronegócio, que depende fortemente do modal rodoviário.

Com a plataforma eletrônica, o caminhoneiro poderá saber, em tempo real, onde encontrar o serviço aberto.

O fechamento dos estabelecimento acontece, em muitos casos, por decretos municipais que visam limitar o trânsito de pessoas, apesar de uma norma do governo federal que considera esses estabelecimentos como essenciais para garantir o abastecimento da população.

"Ao ver o vídeo de um caminhoneiro que não encontrava um ponto de alimentação, fiquei muito sensibilizado com a situação. Imediatamente conversei com toda a liderança da Repom para que pudéssemos pensar e viabilizar esse portal, como uma ferramenta de apoio aos caminhoneiros nesse momento tão difícil", disse o Head de Mercado Rodoviário da Divisão de Frota e Soluções de Mobilidade da Edenred Brasil, Thomas Gautier.

O modal rodoviário é o principal sistema logístico do Brasil, por onde passam 61% de todas as cargas movimentadas no território nacional.

Para indústria da soja, principal produto de exportação do Brasil, o modal rodoviário também garante grande parte do escoamento, o que levou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) a anunciar na véspera que oferecerá apoio aos caminhoneiros, como alimentação nos pátios, a partir deste mês.

André Nassar, presidente da associação, disse à Reuters que, apesar das orientações dadas pelo governo federal de que restaurantes e borracharias nas estradas são serviços essenciais, ainda há prefeitos que adotam restrições.

MAIS APOIO

Concessionárias de rodovias também estão se mobilizando para trazer informações aos caminhoneiros.

A Arteris está disponibilizando em seu site informações sobre o funcionamento dos postos ao longo de suas rodovias. A lista é atualizada diariamente e aponta os estabelecimentos que oferecem refeições, serviços mecânicos, espaços para descanso e vestiários.

Além disso, a Arteris fechou parceria com a Veloe, marca de pagamento automático para pedágios e estacionamentos, para a distribuição de tags em suas cabines manuais nas praças de pedágio. Em algumas estradas, o usuário que receber a tag terá isenção de 12 mensalidades, sem taxa de adesão e nem fidelidade, em uma iniciativa que busca estimular o uso de cabines automáticas, em medida para combater a pandemia da covid-19.

Outra concessionária, a CCR anunciou a distribuição diária de kits de alimentação e higiene.

Mais uma iniciativa adotada pela CCR ViaOeste, para os caminhoneiros que trafegam pela rodovia Castello Branco, é a entrega de vale marmita gratuita, informou a empresa em nota.

O governo federal também anunciou iniciativas nesta linha. O Ministério da Infraestrutura e o Serpro lançaram, nesta semana, duas novas funcionalidades no aplicativo InfraBr para ajudar os caminhoneiros. Agora, o aplicativo disponibiliza informações sobre o funcionamento de serviços essenciais nas rodovias. Além disso, também é possível saber onde estão localizados postos de atendimento de distribuição de kits de higiene e de alimentação.

Associação de restaurantes diz que setor já demitiu até 800 mil trabalhadores no país

SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) afirmou nesta quinta-feira que as demissões no setor podem já ter atingido entre 600 mil e 800 mil trabalhadores no país, em meio à quarentenas impostas para frear a propagação do coronavírus.

A entidade, que afirma representar 9 mil pontos comerciais no país, realizou pesquisa com donos de bares e restaurantes entre a semana passada e esta semana que apontou que cerca de 53% perderam entre 50% e 90% do faturamento ante março do ano passado.

"Estamos pleiteando o pagamento de até dois salários mínimos por mês nos próximos 120 dias. E, claro, uma série de outras medidas como isenção de impostos, flexibilização de regras trabalhistas e crédito facilitado a juros baixos", afirmou o presidente da ANR, Cristiano Melles, em comunicado à imprensa.

"Muitos no governo acharam inicialmente que o delivery poderia ajudar. Mas é uma visão completamente equivocada", disse Melles. Segundo a ANR, apenas 3% dos pesquisados disseram que houve um leve aumento na receita em março, mas apenas nas operações de delivery.

Segundo a ANR, o setor de bares e restaurantes emprega cerca de 6 milhões de trabalhadores no país. A entidade ouviu os associados entre sexta-feira passada e terça-feira desta semana.

O governo federal anunciou na quarta-feira programa de preservação de empregos que permite redução de salário e jornada de até 70% por um período de três meses, com o pagamento de compensação parcial pelo governo aos trabalhadores, ou a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias. Sem o programa, a equipe econômica calculou que 12 milhões de brasileiros poderiam perder seus empregos.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

Usiminas vai parar 2 alto fornos em MG e dará férias a funcionários de usina em SP

SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas anunciou nesta quinta-feira que vai parar dois alto fornos da siderúrgica em Ipatinga (MG), bem como parte de atividades de aciaria na cidade, além de conceder férias de 30 dias para funcionários da companhia na usina de Cubatão (SP), após forte queda na demanda por aço gerada pela pandemia de coronavírus.

A companhia, uma das maiores produtoras de aços planos da América Latina, vai parar o alto forno 1 e atividade da aciaria 1 de Ipatinga a partir de 22 de abril. O alto forno 2 da usina será paralisado a partir deste sábado. As operações do alto forno 3, aciaria 2, laminações e galvanizações serão mantidas.

A companhia não informou os volumes de produção de ferro gusa afetados pela paralisação dos altos fornos 1 e 2, mas Ipatinga tem uma capacidade nominal para cerca de 5 milhões de toneladas por ano, das quais 2,35 milhões cabem ao alto forno 3, o maior da usina e que tem previsão de passar por reforma geral em 2022. A empresa também não informou o volume afetado na aciaria da usina.

Já em São Paulo, a decisão é de antecipar férias coletivas por 30 dias aos funcionários. A empresa não informou a partir de quando a usina, que já tem seus dois alto fornos parados desde 2016, vai interromper as atividades.

"A Usiminas reitera que as medidas têm caráter temporário e o objetivo de ajustar sua produção à atual demanda de mercado. As iniciativas seguem a linha de outras empresas do setor e dos próprios clientes da companhia", afirmou a empresa em comunicado.

O setor siderúrgico afirmou na sexta-feira passada que consumo de aço no Brasil deve cair 40% no segundo trimestre, podendo recuar 20% em todo 2020, em meio à paralisação de atividades de grandes consumidores da liga, como o setor automotivo.

Nesta quinta-feira, a associação de concessionários de veículos do Brasil, Fenabrave, reportou queda de quase 22% nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em março sobre o mesmo período de 2019.

Equipe econômica revisa déficit primário em 2020 a R$419,2 bi por gastos com coronavírus

BRASÍLIA (Reuters) - A equipe econômica reviu nesta quinta-feira a expectativa de déficit primário em 2020 a 419,2 bilhões de reais, rombo equivalente a 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB), afirmou o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, ele informou ainda que o impacto primário das medidas já anunciadas pelo governo para combate aos efeitos do coronavírus é de 224,6 bilhões de reais, ou 2,97% do PIB.

"Estamos com déficit primário que é maior da série histórica, mas é justificável pela pronta ação do governo federal", disse ele.

"Tão logo saiamos dessa situação, buscaremos a trajetória de zelo fiscal, de solidez das contas públicas", completou.

Também presente na coletiva, o secretário especial da Receita Federal, José Tostes Neto, informou que o governo manterá o cronograma anteriormente estipulado para as restituições do Imposto de Renda, com conjunto de cinco lotes iniciando em maio e terminando em setembro.

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Fonte:
Reuters

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