Teich diz que apresentará modelo na próxima semana para saída do isolamento do coronavírus

Publicado em 22/04/2020 20:57

BRASÍLIA (Reuters) - O governo vai apresentar na semana que vem um modelo para ser usado por Estados nas avaliações sobre a possibilidade de saída do isolamento social do coronavírus, disse nesta quarta-feira o ministro da Saúde, Nelson Teich, mesmo diante de alertas da própria pasta de que o país caminha para o pico tradicional de hospitalizações por doenças respiratórias.

Na primeira entrevista coletiva no Palácio do Planalto desde que assumiu o cargo na semana passada, Teich afirmou que o modelo já possui uma matriz pronta e deve incluir todas as variáveis possíveis, com projeções de curto prazo, pois "é impossível" estimar a situação no longo prazo, afirmou.

O ministro acrescentou que o governo atuará em cada região do país da forma que considerar mais adequada para a área, e citou que os governantes serão orientados a também recuarem das medidas de afrouxamento em determinadas situações. Teich não apresentou um calendário para a implementação das medidas.

"O afastamento é uma medida absolutamente natural e lógica na largada, mas ele não pode não estar acompanhado de um programa de saída, isso é o que a gente vai desenhar", afirmou.

O anúncio sobre os parâmetros para o relaxamento das medidas de contenção social --uma das razões da queda do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que era defensor do isolamento apesar da oposição do presidente Jair Bolsonaro-- ocorreu apesar de diversos Estados estarem com seus sistemas de saúde em dificuldade.

Além disso, espera-se para o final de maio o pico das internações por doenças respiratórias no país, de acordo com dados dos últimos anos.

Segundo documento do próprio Ministério da Saúde, no ano passado, quando não havia Covid-19, o pico das hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) deu-se na semana epidemiológica de número 22, entre os dias 27 de maio e 2 de junho, quando o país ultrapassou a marca de 2 mil hospitalizações por síndromes respiratórias.

Segundo Teich, o governo decidiu estudar as medidas para saída do isolamento uma vez que não está acontecendo um "crescimento explosivo" da doença no país. Ele ressaltou que diversos aspectos serão levados em consideração, como disponibilidade de leitos, número de profissionais e disseminação do vírus.

"A situação é difícil, a situação é complexa, mas com certeza a gente tem condição de passar por ela, e, além disso, deixar o Brasil com o sistema de saúde mais forte para o pós-Covid", afirmou.

Teich também afirmou que não existe "teste em massa" da população, e citou como exemplo que a Coreia do Sul conseguiu conter a doença com proporcionalmente menos da metade dos testes do que a Itália, que enfrenta o pior surto na Europa. Segundo ele, mais importante do que a quantidade de testes, é o uso adequado dos mesmos.

"O que você tem que fazer quando usa o teste é mapear a população de tal forma para que a sua amostra reflita a população. A sabedoria de ter o dado, interpretar o dado e tomar ações a partir disso vai fazer toda a diferença", disse o ministro, que ressaltou que se sabe muito pouco sobre a Covid-19 e que, por essa razão, o poder de decidir é menos sólido e pequeno.

Segundo o ministro, também é fundamental que, por mais que se foque na Covid-19, não se esqueça das outras doenças. Ele citou que as pessoas estão morrendo de enfarte em casa por medo de irem a hospitais, e destacou que hospitais estão perdendo muita movimentação por doentes que não tenham coronavírus.

Teich disse que se hospitais estiverem despreparados para uma demanda reprimida de pessoas que não tenham Covid-19, o país vai ter outro problema em breve.

Ministro da Saúde, Nelson Teich, puxa fila de ministros para entrevista coletiva em Brasília

  • Ministro da Saúde, Nelson Teich, puxa fila de ministros para entrevista coletiva em Brasília 22/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino

  • Teich confirma general como secretário-executivo na Saúde para lidar com logística

    The coronavirus disease (COVID-19) outbreak in Brazil
    • Enfermeiro realiza teste para coronavírus em frente ao estádio Mané Garrincha, em Brasília 21/04/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino

    BRASÍLIA (Reuters) - O general Eduardo Pazuello será o novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, anunciou o ministro Nelson Teich nesta quarta-feira, confirmando que o militar, que já vinha trabalhando informalmente na pasta, será o responsável pelo trabalho de logística durante o combate à pandemia de coronavírus.

    Pazuello, por enquanto, é o único nome acertado para a equipe do ministério, em meio ao troca-troca ocasionado pela demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

    O general era o coordenador do programa Acolhida, de recepção aos imigrantes venezuelanos em Roraima, e foi indicado para o cargo pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, com quem já despachou no feriado sobre os dados mais recentes da epidemia, de acordo com uma fonte com conhecimento da questão.

    A intenção é que Pazuello, especialista em logística, passe a cuidar da distribuição de equipamentos, testes e respiradores para os Estados e municípios, em um momento em que o ministério está conseguindo adquirir material, mas a logística de chegada e redistribuição ainda é complexa, com boa parte da malha aeroviária do país parada.

    "Nesses poucos dias que estou aqui a impressão que tenho é que a gente tem que ser muito mais eficiente do que é hoje. A gente está falando de logística, de compras, de distribuição, e ele é uma pessoa muito experiente nisso, vem trazer uma contribuição no momento que a gente corre contra o tempo", afirmou o ministro em entrevista coletiva, ao confirmar a nomeação de Pazuello.

    Teich assumiu como ministro na última sexta-feira, e boa parte da equipe do ex-ministro Mandetta --ao menos cinco de seus principais secretários-- declarou que não ficará nos cargos.

    Principal nome no combate à epidemia, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, avisou que deixará o posto em 4 de maio. João Gabbardo, atual secretário-executivo, está preparando a transição e continua efetivamente no cargo até a nomeação de Pazuello.

    Nesta quarta, Gabbardo representou o ministério na reunião de ministros do ProSul, grupo de países da América do Sul menos a Venezuela, enquanto Teich participou de sua primeira entrevista coletiva à frente do ministério.

    Denizar Vianna, Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, deve passar a ocupar uma assessoria especial de Teich, segundo uma das fontes, e indicar um de seus subordinados para o seu cargo atual. Vianna foi sócio de Teich em uma empresa e teve o atual ministro como seu assessor especial até janeiro deste ano.

  • Braga Netto nega diferenças no governo sobre plano de recuperação pós-pandemia

  • Ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto

    • Ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto 07/04/2020 REUTERS/Adriano Machado

    BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, negou nesta quarta-feira que haja qualquer desavença entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e demais ministros com relação ao programa de recuperação pós-pandemia apresentado pelo governo federal.

    Enquanto o plano Pró-Brasil prevê investimentos pesados na retomada de obras públicas para estimular o emprego após o fim do surto de coronavírus, a equipe econômica tem se mostrado refratária à mensagem de uso de recursos públicos para alavancar a economia, e tem defendido que isso deve ocorrer através da atração de investimentos privados.

    Coordenador das ações do governo federal em relação à Covid-19, Braga Netto afirmou que o plano não é somente de crescimento econômico, e disse que a pasta da Economia faz parte do programa como um todo, mas não é o foco principal.

    "Isso aqui não é um programa de recuperação econômica, ele é de crescimento sócio-econômico, é para toda a infraestrutura que foi abarcada ou atingida pelo coronavírus", disse Braga Netto em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

    Questionado sobre a ausência de representantes da equipe econômica na entrevista realizada pelo governo após reunião que tratou do novo plano, o chefe da Casa Civil disse que Guedes esteve presente no encontro no Planalto em que se discutiu o plano, e garantiu que houve um apoio unânime.

    "Não (há contradição com a equipe econômica). O ministro Paulo Guedes estava hoje na reunião, todos os ministros foram favoráveis ao programa, foi exatamente para sensibilizá-los, sem nenhum problema", disse.

    Braga Netto também rechaçou chamar o programa de um Plano Marshall, usado pelos Estados Unidos para reconstruir a economia de países aliados após a Segunda Guerra Mundial.

    O chefe da Casa Civil não quis antecipar os dados sobre potencial geração de empregos com o programa, dizendo apenas que somente um dos ministérios poderia gerar milhões de empregos.

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Fonte:
Reuters

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