Dólar renova recordes acima de R$5,59 com tensões políticas domésticas; BC intervém nos mercados

Publicado em 24/04/2020 10:07 e atualizado em 24/04/2020 10:37

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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar era negociado em máximas recordes na manhã desta sexta-feira, subindo mais de 1% e chegando a superar 5,59 reais, com a tensão política em torno da exoneração do diretor-geral da Polícia Federal e de uma possível demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, elevando a pressão sobre a moeda brasileira.

Às 10:04, o dólar avançava 0,82%, a 5,5732 reais na venda. Na máxima do dia a moeda norte-americana chegou 5,5955 reais, novo recorde histórico.

Em mais um desdobramento tenso na novela da política brasileira, o presidente Jair Bolsonaro exonerou Mauricio Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, segundo edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, em meio a uma crise com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que fará um pronunciamento no final desta manhã, às 11 horas.

Moro ameaçou deixar o cargo se não puder escolher pessoalmente o novo chefe da PF, informou à Reuters na véspera uma fonte com conhecimento do assunto.

"Aqui, o cenário político deverá continuar nebuloso com o embate entre o ministro Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro", disse em nota Ricardo Gomes da Silva, da Correparti Corretora. "A permanência de Sérgio Moro à frente do Ministério da Justiça é incerta."

"A deterioração das contas públicas em decorrência da pandemia da Covid-19, associada à interminável crise, especialmente entre o Executivo e Legislativo, põe o Brasil nas cordas. O risco-país afugenta os investidores e, hoje, nem mesmo o carry-trade serve de atrativo para evitar a imensa fuga de capitais", completou.

Na quinta-feira, o dólar à vista já havia disparado diante dos ruídos políticos, e registrou a máxima histórica para fechamento de 5,5278 reais, alta de 2,19%.

No ano de 2020, em meio a cenário de juros baixos -- com expectativa de ainda mais cortes na Selic pelo Banco Central -- a moeda norte-mericana acumula alta de mais de 38%.

O comportamento do real nesta sexta-feira divergia ante movimentos de seus pares emergentes, com rand sul-africano, peso mexicano e dólar australiano registrando ganhos contra a moeda dos Estados Unidos.

Em meio à disparada do dólar, o Banco Central anunciou nesta manhã um leilão extraordinário de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional, em que vendeu o lote total, mas pouco ajudou a reduzir a alta.

O BC também já havia anunciado para esta sexta-feira leilões de linha de dólar e de contratos de swap cambial para rolagem de vencimentos em ambos os instrumentos.

O primeiro leilão será para rolagem de linhas que expiram em 5 de maio de 2020. Serão duas operações ("A" e "B") a serem realizadas, simultaneamente, entre 10h15 e 10h20. Um máximo total de 3 bilhões de dólares será disponibilizado entre os dois leilões. Depois, entre 11h30 e 11h40, o BC vai ofertar até 10 mil contratos de swap cambial (500 milhões de dólares) para rolagem do vencimento 1º de junho de 2020.

"Aqui, as incertezas continuarão precificando os ativos", comentou Gomes da Silva. "No câmbio, por mais que o BC se empenhe ofertando hedge e liquidez diariamente, o horizonte de 6,00 reais está logo ali."

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Fonte:
Reuters

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